Ana Gomes na corrida à Presidência da República “livre de cumplicidades” e “sem ser refém de interesses partidários”
Ana Gomes oficializou esta quinta-feira a sua candidatura à Presidência da República, afirmando que está ""livre de cumplicidades" e que não é "refém de interesses partidários".
Após meses de tabu, Ana Gomes anunciou esta semana que iria candidatar-se às eleições presidenciais, mesmo sem o apoio do PS, e formalizou a candidatura esta quinta-feira. Numa apresentação na Casa da Imprensa, a ex-eurodeputada socialista afirmou ser “livre de cumplicidades”, “sem ser refém de interesses partidários”. “Cuido, sempre cuidei e quero cuidar deste país”, disse.
“Depois de um longo processo de reflexão decidi que não devo nem posso desertar deste combate pela democracia“, afirmou Ana Gomes, no lançamento da sua candidatura à Presidente da República, cujas eleições deverão ocorrer em janeiro do próximo ano. A candidata considera que Portugal precisa de “uma Presidência diferente, sem medo de ir contra de interesses instalados”, uma vez que “parte do sistema” foi “capturado” por interesses económicos e financeiros.
A ex-eurodeputada do PS confessou que não contava candidatar-se, tendo esperado durante “meses e meses” pela iniciativa do seu partido na apresentação de um candidato para estas eleições, “saído das suas próprias fileiras”. Como tal não aconteceu, decidiu avançar, até porque não compreende nem aceita a “desvalorização” deste ato eleitoral, a qual classificou de “inaceitável”.
“O Presidente da República não é eleito para governar, mas a Constituição atribui-lhe um papel vital no equilíbrio do sistema político e partidário. Cabe-lhe defender a Constituição”, afirmou. A socialista escolheu a Casa de Imprensa exatamente por ser um símbolo da “liberdade e democracia”, os motivos que a levam também a candidatar-se, comprometendo-se a lutar para que os portugueses voltem “a acreditar que a democracia vale a pena”. “Não podemos continuar a empurrar cidadãos para as margens”, acrescentou.
Como candidata, Ana Gomes — que apresentou a sua candidatura sozinha, sem nenhum apoiante a seu lado — promete ser um “centro de convergência da diversidade e do pluralismo”, assegurando que a sua candidatura “será aberta a militantes de todos os partidos democráticos”. Contudo, descartou “compromissos que possam colocar em causa” a sua independência e colocou a “transparência” como um dos marcos da sua candidatura.
Apesar de negar que se está a candidatar contra alguém em específico, tendo referido que se candidata pelos portugueses, Ana Gomes deixou um alerta sobre as “forças anti-democráticas [que] espreitam oportunisticamente por desígnios autoritários que só podem querer dizer repressão e violência, como a História ensina”. “Como pode o socialismo democrata não participar nesta eleição?”, questionou, assinalando ainda as prioridades relativas à crise pandémica, ao desemprego e às alterações climáticas.
Questionada pelos jornalistas, Ana Gomes fez um “balanço positivo” do primeiro mandato de Marcelo Rebelo de Sousa — “promoveu uma descrispação na sociedade”, disse — e elogiou a “amiga” e “excelente candidata” Marisa Matias — admitindo que muitas ideias das duas coincidem –, mas argumentou que era necessária uma candidatura do campo do “socialismo democrático”. A candidata revelou que não falou com António Costa sobre esta candidatura, o que só faria se o PS tivesse um candidato.
(Notícia atualizada às 16h58 com mais declarações)
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