PSD é contra aumento do salário mínimo nacional
Rui Rio questionou o primeiro-ministro se será "sensato" aumentar o salário mínimo nacional nesta altura. António Costa defendeu que as empresas do futuro não são "empresas de baixo salário".
O presidente do PSD mostrou-se contra o aumento no salário mínimo nacional (SMN) no próximo ano, numa altura em que as empresas enfrentam os impactos da pandemia. Rui Rio admitiu que tem estado a favor desta subida no passado, mas questiona se seria “sensato” fazê-lo neste enquadramento. António Costa mostrou-se “perplexo” com Rio e defendeu a necessidade de prosseguir “a trajetória de aumento do salário mínimo”.
“No presente em que o desemprego é enorme, em que a economia está a cair e a inflação é nula e negativa, qual o objetivo do Governo em aumentar o salário mínimo nacional? Fomentar o desemprego? Aumentar as falências?”, questionou Rui Rio, durante o debate temático na Assembleia da República sobre o Plano de Recuperação económica.
“Acha sensato neste enquadramento e agora agravar os custos das empresas desta maneira?”, perguntou também o presidente do PSD ao primeiro-ministro. Para Rui Rio, aumentos do salário mínimo nacional fazem sentido num quadro de “desemprego baixo e com economia a crescer”.
O primeiro-ministro respondeu ao social democrata demonstrando a sua peplexidade e sublinha do que o reforço nos rendimentos é “condição essencial de revitalização da economia”, apontando que o programa sugerido “olha para as empresas de futuro e não para as que contam os cêntimos do salário mínimo“. As empresas do futuro não são “empresas do baixo salário”, acrescentou.
“Quem conta os cêntimos no SMN e tem mesmo de ter resposta são aqueles que o ganham, e para esses temos de dizer que sim, vamos seguir trajetória de aumento”. “E para esses temos de responder prosseguindo com a trajetória de aumento do salário mínimo“, completou Costa.
Mas o debate aqueceu ainda com o agitar de fantasmas do passado. O líder do PSD referiu que a sugestão de aumentar o salário mínimo em tempos de crise faz lembrar a altura em que o então primeir-minsitro socialista, José Sócrates, aumentou os funcionários públicos para logo a seguir cortá-los. Quanto tomou a palavra para responder, Costa também traçou uma comparação com o passado. Até me pareceu ouvir o seu antecessor [Pedro Passos Coelho] falar aqui, em 2016, quando defendeu que o aumento do salário mínimo ia destruir a criação de emprego, ia destruir as empresas e a economia”, atirou António Costa. “Mas demonstrámos ao seu antecessor — e o senhor estará cá também para ver — é que o reforço do rendimento das famílias é uma condição essencial para revitalizar a economia”, rematou.
Também Ana Catarina Mendes, líder parlamentar do PS, críticou Rui Rio pela posição assumida sobre o salário mínimo, rejeitando que este seja o “grande problema”. “É um contributo” que a deputada não esperava do PSD, mas que “faz jus à história” deste partido. “Não estávamos à espera que o senhor deputado Rui Rio recuperasse argumentos de 2015 sobre o papão do aumento do Salário Mínimo Nacional, como se isso fosse impedir o crescimento da economia”, acrescentou.
Já o deputado socialista João Paulo Correia acusou o PSD de não ter trazido “uma única proposta” e de “a grande preocupação” ser “o aumento do salário mínimo como se isso fosse a origem de todos os males”, rematando que os portugueses esperavam mais do PSD neste debate.
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