Francisco Assis: “Temos de refletir sempre sobre a sustentabilidade da Segurança social”
O presidente do Conselho Económico e Social afirmou em webinar da APS que a sustentabilidade financeira e social do Estado- providência tem de estar sempre em escrutínio.
A Associação Portuguesa de Seguros (APS) realizou o webinar “Demografia, Pensões e Poupança para a Reforma”, apresentando os resultados de um estudo europeu de pensões realizado pela Insurance Europe, uma federação que reúne 37 associações de seguros de estados europeus.
A iniciativa contou com a intervenção de Francisco Assis, Presidente do Conselho Económico e Social, Margot Jilet Vesentini, Policy Advisor Pensions, Insurance Europe e como oradores Maria João Valente Rosa, Professora do Departamento de Sociologia da Universidade Nova de Lisboa, Fernando Alexandre, Professor de Economia, Universidade do Minho e Nelson Machado, CEO Ocidental e Ageas Vida e Pensões e Presidente da Comissão Técnica Vida – APS.
Após uma exposição de Margot Jilet Vesentini, especialista em pensões da Insurance Europe, sobre os resultados dos portugueses no estudo europeu de pensões que inquiriu, mais de dez mil pessoas, sobre a sua opinião sobre poupança e pensões, Francisco Assis comentou que o facto 53% dos portugueses afirmarem não ter capacidade financeira de poupar para a reforma se deve às fracas disponibilidades financeiras e não a uma razão cultural. Assis lembrou o fraco crescimento da economia portuguesa nos últimos 20 anos e que os baixos salários e problemas de produtividade colocam a falta de poupança como um problema estrutural da economia portuguesa. Defendendo o Estado Providência, instou a que exista discussão permanente sobre a sustentabilidade da segurança social a nível financeiro e social “sem tabus nem receios“.
Para Maria João Valente Rosa “a causa do envelhecimento populacional é o desenvolvimento económico”, que causou baixos níveis de natalidade e baixos níveis de mortalidade, disse. Indicou que 89% dos portugueses com mais de 65 anos sobrevive graças a transferências sociais. A socióloga concluiu que a demografia não é culpada pela insustentabilidade do atual sistema de reformas, “as sociedades é que não de adaptaram à evolução demográfica”, revelando que uma criança que um português que nasce hoje tem 50% de probabilidades de viver mais cem anos.
O economista Fernando Alexandre, relacionou o comportamento dos portugueses com diferentes momentos, “numa sociedade em crescimento económico as pessoas tendem a poupar menos” e referiu ainda que 20% dos portugueses são detentores de 40% das poupanças e que a distribuição de riqueza no país é muito desigual e resulta de décadas “ou talvez séculos” de desigualdades. Chamou a atenção ao setor segurador que tem um “papel fundamental na captação de poupanças e fixá-las para investimento em Portugal”, contribuindo para os co-financiamentos que serão necessários para utilizar os fundos europeus que estão destinados a Portugal pela União Europeia nos próximos seis anos.
Nelson Machado chamou a atenção para a necessidade da educação para a poupança e literacia financeira que faltam em Portugal: “Há uma baixa perceção das pessoas sobre qual vai ser o seu gap entre salário e reforma quando chegar a altura”. Com expectativa muito positiva em relação ao PER, o novo PPR europeu, comentou e apelou a uma intervenção estatal no estímulo a constituição de fundos de pensões por empresas, salientando sempre que há uma mentalidade a mudar, a ideia que “poupar não é divertido, é uma coisa que só os chatos fazem”, ironizou.
José Galamba de Oliveira, presidente da APS, inaugurou e encerrou a sessão que resultou da análise do estudo promovido pela Insurance Europe.
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