EDP quer reduzir emissões em 90% para 34 mil toneladas de CO2 por MWh até 2030
Em 2019, as emissões específicas de CO2 da EDP foram de 216 mil toneledas CO2/MWh. Já os gases poluentes da queima de combustíveis fósseis chegaram a 14,4 milhões de toneladas de CO2 no ano passado.
A EDP anunciou esta sexta-feira novas metas para a descarbonização até 2030: a empresa mantém a mesma redução em 90% das suas emissões de CO2 até 2030, mas agora face a níveis mais recentes, de 2015. O objetivo anterior comparava com os indicadores de 2005, dez anos antes, quando as emissões da empresa eram mais elevadas (quase o o dobro), devido à forte predominância de energias fósseis
Ou seja: a anterior meta ditava que a EDP passaria de emitir 628 mil toneladas de CO2 por MWh em 2005 para 62 mil toneladas de CO2 por MWh em 2030. Agora, o objetivo assumido é reduzir de 340 mil toneladas de CO2 por MWh em 2015 para 34 mil toneladas de CO2/MWh daqui a uma década.
No que diz respeito às emissões específicas de CO2, observou-se uma redução de 257 mil toneladas de CO2/MWh em 2018 para 216 mil toneledas CO2/MWh em 2019, muito pela saída de cena do carvão e maior destaque para o gás natural. O objetico é reduzir estas emissões em 65% em 2022, 85% em 2025 e 90% até 2030, suportado no descomissionamento das centrais a carvão e no crescimento em renováveis, revela o Relatório de Sustentabilidade da EDP.
A mais recente revisão das metas de sustentabilidade da EDP já mereceu o aval da Science Based Target initiative (SBTi), organização que avalia e aprova as iniciativas das empresas para uma economia de baixo carbono e combate às alterações climáticas. A SBTi atesta que o objetivo da empresa está alinhado com a trajetória definida pela ciência de limitar o aumento da temperatura média global a 1,5ºC.
“Esta nova meta representa um avanço significativo nos compromissos de descarbonização da EDP, sustentada pela decisão de antecipar o fecho das centrais a carvão na Península Ibérica e pelo contínuo crescimento da produção a partir de energias renováveis. No mesmo período, a EDP irá também diminuir em 40% as suas emissões indiretas de CO2″, disse a empresa em comunicado.
A EDP quer “contribuir para a descarbonização do setor elétrico e para a eletrificação dos restantes setores e reforça a ambição de liderar esta transição, atingindo a neutralidade carbónica até 2050″.
Que quantidade de gases poluentes emite a EDP para a atmosfera?
De acordo com o Relatório de Sustentabilidade da EDP de 2019, foi em maio do ano passado que a empresa assumiu publicamente um “novo conjunto de objetivos e metas de curto, médio e longo prazos, que suportam uma estratégia de descarbonização exigente”: reduzir as emissões específicas de CO2 em 65% em 2022 e em 90% até 2030, face aos níveis de 2005; reduzir em 75% as emissões específicas de âmbito 1 e 2 em 2030, face aos níveis de 2015 e as emissões de âmbito 3 em 40% no mesmo horizonte temporal; e atingir a neutralidade carbónica antes de 2050.
A EDP relata as suas emissões de gases poluentes de acordo com o GHG Protocol Corporate Accounting and Reporting Standard. Relacionadas maioritariamente pelos gases poluentes resultantes da queima de combustíveis fósseis nas centrais termoeléctricas (99,8%), as emissões diretas de âmbito 1 da empresa foram de 14,4 milhões de toneladas de CO2 em 2019 (-22% face a 2018), muito por conta da redução de atividade das centrais a carvão face às de ciclo combinado.
Já as emissões indiretas de âmbito 2, que incluem as associadas às perdas nas redes de transporte e distribuição, bem como aos autoconsumos nas centrais elétricas e aos consumos de elecricidade nos edifícios administrativos, aumentaram 41% em 2019, para 850 mil toneladas de CO2, devido ao aumento da energia elétrica distribuída pela EDP, mas produzida por terceiros.
As emissões de âmbito 3 compreendem todas as restantes emissões indiretas na cadeia de valor: combustíveis e energia, a montante, e uso de produtos vendidos (gás comercializado), a jusante. Em 2019, as emissões de âmbito 3 totalizaram 11,7 milhões de toneladas de CO2, sendo de realçar o aumento de 5% das emissões a montante, devido ao maior uso de gás natural nas centrais termoelétricas, e também um aumento das emissões a jusante (2%), devido ao maior volume de gás comercializado aos clientes finais.
“Precisamos de ação mais célere sobre as alterações climáticas”, diz CEO da EDP
No final de 2019, a EDP subscreveu o compromisso 1,5°C – “Business Ambition for 1.5°C – Our Only Future”, promovido pelas Nações Unidas, juntamente com 87 grandes empresas a nível mundial. Neste contexto, a EDP comprometeu-se a estabelecer uma meta de redução de emissões de CO2 consistente com o que a ciência climática define como necessária para limitar o aquecimento global ao nível mais exigente do Acordo de Paris.
A SBTi é uma organização não-governamental (ONG) que nasceu da colaboração entre o Carbon Disclosure Project (CDP), a UN Global Compact (UNGC), o World Resources Institute (WRI) e o World Wide Fund for Nature (WWF). O seu objetivo passa por mobilizar as empresas a definirem metas com níveis de ambição alinhados com a ciência e, assim, promover uma transição acelerada para uma economia de baixo carbono.
A EDP comprometeu-se igualmente a divulgar a informação sobre alterações climáticas como dever fiduciário, de acordo com os requisitos do Climate Change Reporting Framework (CCRF).
Em setembro de 2020, a EDP assinou uma carta com quase 160 outras empresas a pedir aos dirigentes da União Europeia para apoiarem a ambição estabelecida de redução das emissões de gases de efeito de estufa em pelo menos 55% até 2030.
Para Miguel Stilwell de Andrade, CEO interino da EDP, “a ciência climática e a sociedade civil estão totalmente de acordo – precisamos de uma ação mais célere sobre as alterações climáticas a partir de agora. A orientação regulamentar definida pela UE proporcionou um enorme crescimento em áreas como as energias renováveis e devemos manter a dinâmica da política se quisermos registar mudanças semelhantes em áreas como os transportes, o aquecimento e a indústria pesada. Vamos apoiar os decisores políticos em cada etapa do caminho para um mundo neutro em carbono em 2050.”
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