Santander muda de ideias e passa a cobrar nos depósitos de grandes clientes

Banco de Pedro Castro e Almeida voltou atrás e começou a aplicar comissão variável nos depósitos de instituições financeiras. A CGD apertou as regras e cobra nos excedentes acima do milhão.

O Santander mudou de ideias e passou a cobrar pelos depósitos de grandes clientes financeiros, como bancos, seguradoras ou fundos de pensões. A alteração deu-se no verão. No início de agosto, o banco liderado por Pedro Castro e Almeida fez uma revisão do seu preçário e passou a incluir uma comissão de manutenção de 0,5% sobre excedentes de um milhão de euros em contas de depósitos de instituições financeiras. Também a Caixa Geral de Depósitos (CGD), que já aplicava uma comissão do género, apertou os requisitos. Agora todos os saldos acima do milhão de euros no banco público também pagam comissão de 0,4%, quando dantes essa fasquia estava nos cinco milhões.

O tema da rentabilidade dos bancos está na ordem do dia, perante o aumento das provisões e imparidades para a crise e com a pandemia a forçar o Banco Central Europeu (BCE) a manter os juros em mínimos históricos por mais tempo do que o previsto. Com as margens esmagadas, o setor financeiro procura alternativas para baixar custos e ter mais receitas. As comissões sobre os grandes clientes institucionais surge no primeiro plano por esta razão e por outra: os bancos têm excesso de liquidez e captar mais depósitos representa, neste momento, um ónus para o setor que tem de pagar para guardar o dinheiro no banco central.

No que diz respeito ao Santander Totta, aplicar uma comissão variável nos depósitos dos clientes instituições era algo que não estava inicialmente em cima da mesa, depois de o banco ter rejeitado essa opção em dezembro do ano passado. Isto apesar de o Banco de Portugal ter aberto a porta a essa possibilidade há mais de um ano, algo que alguns bancos, de resto, decidiram aproveitar. Entretanto, o banco de Castro e Almeida voltou atrás e já “penaliza” os grandes clientes financeiros. Contactada pelo ECO, a instituição não respondeu até à publicação do artigo.

Neste momento, entre os grandes bancos, apenas o Novo Banco não tem comissões variáveis nos depósitos de clientes institucionais. BCP, BPI e CGD há já algum tempo que cobram pela manutenção de depósitos de grandes clientes. Juntou-se agora o Santander.

No BPI, desde o início do ano que se cobra uma comissão de manutenção de 0,5% nas contas de depósitos de clientes institucionais de natureza financeira, incluindo de organismos públicos com estatuto equiparado (IGCP, por exemplo). Inicialmente era de 0,3%.

No BCP, essa comissão situa-se nos 0,4%, assim como na CGD. Ainda assim, o banco público apertou em outubro as regras: a comissão, que dantes incidia sobre o excedente do saldo médio superior a cinco milhões de euros, passou a ser aplicada aos excedentes superiores a um milhão. Paulo Macedo, CEO da Caixa, já tinha admitido apertar os requisitos se estivesse a assistir a um fluxo de depósitos para o banco.

O facto de em Portugal não ser permitido, por lei, cobrar juros nos depósitos, ao contrário de outros países europeus, torna a banca portuguesa numa espécie de cofre atrativo para grandes fundos internacionais e outras instituições financeiras virem depositar o seu dinheiro. Esta situação tem motivado queixas dos banqueiros nacionais, alegando desvantagem competitiva face aos pares europeus. Penalizar os depósitos destes clientes financeiros com comissões tem sido uma forma de se protegerem.

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