Munich Re antevê perdas adicionais por Covid-19 em 2021 e lança estratégia até 2025
Estimando lucros de 1,2 mil milhões em 2020 e 2,8 mil milhões de euros em 2021, a companhia alemã acaba de apresentar objetivos financeiros e operacionais para 2025.
A Munich Re prevê encerrar o exercício de 2020 com lucros de 1,2 mil milhões, projetando alcançar 2,8 mil milhões de euros de resultado líquido no final de 2021. Estes números supõem, face ao que havia sido fixado para 2020, que o impacto da pandemia cortou 1,6 mil milhões à meta inicialmente estabelecida para 2020, agora avançada como objetivo para final de 2021, atualizando expectativa acima de 2,5% na rentabilidade do investimento (RoI).
No comunicado em que elabora metas de lucros e desempenho, a Munich Re assume que as consequências financeiras da pandemia (Covid-19) se estenderão por 2021, mas a uma escala inferior à verificada em 2020, estimando assim que o fardo das indemnizações ligadas ao coronavirus ao nível da atividade de resseguro se situe em torno dos 500 milhões em 2021. Este montante soma aos cerca de 3,4 mil milhões de euros de perdas estimadas com a Covid-19 em 2020, dos quais mais de 3000 milhões são encargos na área de resseguro não Vida (P&C).
Em conjunto (2020 e 2021), o impacto da pandemia na operação da companhia rondará os quatro mil milhões de euros, indicam as projeções da Munich Re. No entanto, a companhia refere que a receita consolidada deverá ascender a 54 mil milhões de euros em 2020 (34 mil milhões gerados pela área de resseguro), um recorde na história de instituição, terminando o ano com um rácio combinado de 97%.
“Esperamos gerar um lucro claramente superior a 1000 milhões de euros este ano. A pandemia teve naturalmente um impacto considerável no nosso resultado. Mas os encargos decorrentes da COVID-19 são financeiramente controláveis para Munich Re. (…) No próximo ano, planeamos – apesar das perdas previstas da COVID-19 – atingir o objetivo de lucro de 2,8 mil milhões de euros”, tal como esteve previsto antes da pandemia para 2020, afirma Christoph Jurecka, CFO do grupo, citado num documento da instituição alemã.
Do lucro estimado para o conjunto de 2020, cerca de 700 milhões de euros serão assegurados pela atividade de resseguro e 500 milhões pela subsidiária de seguros primários (ERGO Group), que fecha o ano abaixo dos 530 milhões que tinha como meta para este ano. O desempenho operacional da seguradora ERGO permite fechar o exercício com rácio de 92% na atividade desenvolvida na Alemanha e de 94% no segmento internacional, antecipa o comunicado.
Estratégia para os próximos 5 anos
Poucos dias depois, a gigante alemã do resseguro apresentou Ambition 2025, o plano estratégico da instituição para os próximos cinco anos. Entre os objetivos apontados, a Munich Re fixa, em termos financeiros, o intervalo 12% a 14% para o RoE (indicador de rentabilidade de capitais próprios), ganhos por ação a evoluir em torno de 5% e a manutenção de solvência no intervalo ideal de 175-220%.
Na vertente operacional, a companhia espera gerar 31,5 mil milhões de prémios de resseguro P&C em 2025, contra os 24 mil milhões que tinha estabelecido como meta para 2020. Do total, a área Risk Solutions deve responder com 9,5 mil milhões de euros em 2025, contra os 6000 milhões definidos para 2020. Neste quadro, o resseguro P&C deverá crescer 4% ao ano e o negócio Risk Solution a uma média anual de 10%, por forma a representar 30% da carteira em 2025, face aos atuais 25%.
Para 2025, a Munich Re fixa 95% de meta para o indicador de eficiência (rácio combinado) na área propriedade e danos (P&C).
“Com o nosso Munich Re Group Ambition 2025, criámos numa estratégia que é uniforme em todo o Grupo – abrangendo resseguros, seguros primários e gestão de ativos”, afirma Joachim Wenning, chaiman do grupo germânico no documento que descreve o plano assente em 3 princípios (“Scale, Shape and Succeed”), escala, modelo e realização (em tradução livre).
A subsidiária ERGO não escapa à ambição de lucros e crescimento definida na estratégia para executar até 2025. De acordo com o comunicado de Munich Re, por via da consolidação de liderança na Alemanha e do desenvolvimento da carteira internacional, a receita em prémios por parte da ERGO deve crescer 2,5% ao ano, pautada por rácio combinado de 90% na Alemanha e de 91% na operação internacional, metas que supõem melhoria de eficiência face aos valores previstos para 2020.
Na atividade de investimento e gestão de ativos, a companhia revela que continuará a implementar alterações na estrutura organizacional e nas táticas de gestão, com o fim de contrariar a erosão de rendimentos decorrente do quadro de juros baixos. Uma das medidas imediatas visa a separação clara entre a gestão de investimento de ativos próprios, da atividade puramente dedicada à gestão de ativos, como é o caso das carteiras de terceiras partes.
O plano Ambition 2025 aborda ainda as vertentes da consciência ambiental e social. Neste âmbito, a Munich RE fixa para a sua carteira de investimentos, de agora até 2025, uma redução de 25 a 29% em ativos que emitem gases com efeito de estufa. Para 2030, a companhia assume já que espera atingir a marca net-zero de dióxido de carbono nas suas operações.
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