Fraudes nos seguros estão “mais criativas.” BAE aponta risco nas teleconsultas
A pandemia Covid-19 acelerou a digitalização nos seguros, potenciando também a exposição à fraude e ao risco de ciberataques, coincidem análises da BAE Systems e da consultora Deloitte.
O confinamento devido à Covid-19 propiciou duplicação no número de tentativas de fraude no espaço segurador, com reflexo nos custos de perdas incorridas por esquemas fraudulentos nas participações de sinistros, sustenta BAE Systems, especialista em sistemas de segurança para diversos setores de atividade, em particular defesa e aeronáutica.
Num relatório sobre combate à fraude nos seguros, a empresa britânica avisa que, com a crise da pandemia, os esquemas de fraude revelaram-se “mais criativos”, verificando-se incremento de tentativas de fraude no ramo automóvel, seguro habitação e saúde.
Os autores de fraudes organizadas movem-se com enorme rapidez tentando estar um passo à frente dos sistemas de segurança. Por isso, face ao risco e volume sem precedente de atividade virtual e informação digital resultante da crise sanitária, a BAE questiona se as seguradoras não deveriam assumir uma nova era na investigação às fraudes.
Face à tendência, Dennis Toomey, responsável global de contra fraude, análise e soluções para seguros na BAE, não tem dúvidas: a fraude nos seguros não tira folga e as companhias seguradoras têm razões para se preocuparem ainda mais, desenvolve o especialista num artigo disponível no blogue da empresa.
Toomey adianta que a pandemia acrescentou novas ameaças no espaço dos seguros e exemplifica a área da telemedicina, mais precisamente nas teleconsultas, onde a procura aumentou com as restrições impostas pela Covid, tornando-se terreno fértil para fornecedores de serviços menos escrupulosos. A nova tendência ameaça aumentar a fatura das perdas (que já são significativas) com reclamações fraudulentas contabilizadas na saúde. Nos EUA, as perdas com fraudes (na saúde) são estimadas em 300 mil milhões de dólares por ano, refere a análise da BAE.
Durante uma conferência de quatro dias (Global Insurance Fraud Summit), com dezenas de intervenientes de 28 países, reunindo consórcios de segurança, representantes de reguladores e de seguradoras, a BAE defendeu a necessidade de o setor colaborar e operar em rede para combater a fraude no setor segurador.
Recordando que as principais tendências nos esquemas de fraude sinalizadas anteriormente para o setor se mantêm, o especialista da BAE Systems salientou que, com a Covid-19, as tentativas para enganar as seguradoras com reclamações de roubo de automóveis e sinistros de incêndio aumentaram, e mostram que a fraude se tornou mais “oportunista, mais organizada e premeditada”.
Dennis Toomey voltou a apontar as tendências de fraude já identificadas pela companhia, em março de 2020, mas referiu que o incremento das consultas online e aconselhamento médico em ambiente virtual (telemedicina) introduz novas tendências. Este risco supõe também novas preocupações de regulação, por exemplo ao nível do RGPD, e mais responsabilidade de entidades setoriais e organizações profissionais na fiscalização da idoneidade profissional dos que assumem a prática e procedimentos clínicos veiculados através dos serviços virtuais.
Reforço de competências contra fraudes é prioridade para 2021, diz inquérito Deloitte
Quanto maior for frequência dos desvios, maior o dano reputacional sobre as seguradoras que oferecem soluções automatizadas de telemedicina.
Igualmente, um dos capítulos de extenso relatório em que a Deloitte perspetiva a evolução dos seguros em 2021, a consultora nota que a pandemia aumentou o volume de participações recebidas online com origem fontes remotas. Neste contexto de interação virtual aumentada nas participações de sinistros, um inquérito global do departamento de serviços financeiros da Deloitte indica que o reforço de competências para combater as reclamações fraudulentas surge como a 6ª maior prioridade das seguradoras para 2021.
De acordo com o “2021 Insurance Outlook” traçado pela empresa de auditora e consultoria financeira, de um total de 200 executivos de companhias seguradoras (EUA, Europa e Ásia-Pacífico), ligados a diversas estruturas funcionais de companhias do setor, 48% dos inquiridos no estudo assumiu que pandemia exacerbou o nível de impreparação em que a (sua) organização se encontrava para lidar com a tormenta económica em que o mundo agora navega.
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