Uma em cada três mortes por Covid-19 aconteceu em janeiro
Este mês, Portugal já superou todos os recordes de novos casos e de óbitos por Covid-19. Só nos últimos 21 dias, já morreram 3.014 pessoas no país, ou seja, 30% do total desde o início da pandemia.
Portugal está a viver o momento mais grave da pandemia, sendo que em janeiro já foram batidos todos os recordes em termos de novos casos, óbitos e internamentos. Só nos últimos 21 dias, já morreram mais de 3.000 pessoas vítimas do novo coronavírus, o que significa que um em cada três mortes registadas em Portugal pela Covid-19 sucedeu este mês.
Nos primeiros 21 dias de janeiro, a Direção-Geral da Saúde (DGS) contabilizou 3.014 mortes por Covid-19, superando, assim, a fasquia dos 2.401 óbitos registados em todo o mês de dezembro. Em média, este mês morreram cerca de 143,5 pessoas por dia vítimas do novo coronavírus, ou seja, quase o dobro da média registada no último mês de 2020 (77,5 mortes por dia). De salientar que este mês, Portugal tem batido sucessivos recordes no que toca ao número de mortes, estando há quatro dias consecutivos a superar a barreira dos 200 óbitos diários.
Desde novembro, que a taxa de mortalidade por Covid-19 tem crescido de forma acentuada. Mas os dados são ainda mais avassaladores se compararmos com abril de 2020, aquele que foi considerado o pico da pandemia durante a primeira vaga, período em que morreram 829 pessoas em Portugal. Assim, contas feitas neste mês “negro”, já morreram mais do triplo das pessoas do que em abril.
Mais. De acordo com o último balanço da DGS, que reporta a dia 21 de janeiro, desde o início da pandemia foram registados 9.920 em Portugal. Isto significa que uma em cada três pessoas (30,4% do total), que morreram vítimas da Covid-19 no país, falecerem em janeiro.
Numa análise mais fina, é possível constatar que a nível regional foram também batidos todos os recordes, à exceção da Região Autónoma dos Açores. Nesse sentido, dos referidos 3.014 registados nos primeiros 21 de janeiro, 1.234 foram declarados na região de Lisboa e Vale do Tejo, seguida pela região Norte 771, pelo Centro (650), pelo Alentejo (264) e pelo Algarve (77). Nas ilhas, a Madeira contabiliza já 18 mortos só este mês, enquanto os Açores não registam, para já, qualquer vítima mortal em janeiro.
Novas infeções em janeiro já representam mais de 11 vezes o valor registado em abril
Estes dados refletem-se também no número de infetados. Em cerca de três semanas, 195.458 pessoas foram infetadas pelo novo coronavírus em Portugal superando a anterior fasquia de 156.782 novos casos registados em novembro, segundo o último balanço das autoridades de saúde. Neste período, em média há 9.307,5 novas infeções por dia.
De referir que, a 8 de janeiro, Portugal superou a barreira das 10 mil novas infeções num só dia, mas o recorde atual neste âmbito só viria a ser atingido 12 dias depois, a 20 de janeiro, com 14.647 novas infeções a ser identificadas pelas autoridades de saúde. Se voltarmos a comparar o número de novas infeções registadas em janeiro com todo o mês de abril (17.249) o valor é mais de 11 vezes superior. Desde que a pandemia chegou a Portugal, a 2 de março de 2020, foram registados 609.136 casos de infeção em território nacional.
E se a pandemia não tem dado tréguas em Portugal, a verdade é que a última semana revelou-se bastante crítica. Entre dia 15 e 22 de janeiro, morreram 1.377 no país, ou seja, 45,7% do total de mortes (3.014) registadas este mês. Quanto ao número de casos, só na última semana foram confirmados 80.667 novos casos, isto é, 41,2% do total deste mês de janeiro. Neste período, o maior número de infeções e mortes continua a dizer respeito à região de Lisboa e Vale do Tejo (32.797 casos e 580 mortes numa semana), seguida pela região Norte (26.199 casos e 326 mortes), embora a pandemia tenha vindo a ganhar terreno no Centro (14.809 casos e 314 mortes).
Esta trajetória de crescimento da pandemia em Portugal poderá ser explicada pelo alívio das medidas de contenção no Natal, bem como, devido à estirpe britânica, que é consideravelmente mais contagiosa que o vírus Sars-Cov-2 original. “Este aumento tem sido atribuído principalmente ao relaxamento das intervenções não-farmacêuticas [restrições] durante a época festiva de fim de ano, mas também, em menor escala, à propagação da variante inglesa em algumas regiões do país”, justificou o Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças, num relatório divulgado na passada quinta-feira.
Nesse sentido e face à situação epidemiológica do país, o Governo decretou um novo confinamento total, tendo vindo nos últimos dias a apertar nas medidas. Na passada quinta-feira, por exemplo, o Executivo decidiu encerrar as escolas, suspendeu os prazos dos processos não urgentes dos tribunais e aumentou o regime das contraordenações para quem não cumprir as medidas em vigor.
Internamentos mais do que duplicam desde novembro
O forte aumento da propagação da pandemia reflete-se também na pressão que está a ser exercida no Sistema Nacional de Saúde. No espaço de pouco mais de dois meses e meio, os internamentos mais do que duplicaram, passando dos 2.122 registados a 1 de novembro de 2020 para os atuais 5.779. De salientar que na última semana Portugal ultrapassou pela primeira vez a barreira dos 5.000 internados por Covid-19. Só nos primeiros 21 dias de janeiro, Portugal teve quase mais de três mil pessoas internadas face ao último dia de 2020.
A situação reflete-se também nas unidades de cuidados intensivos (UCI), onde estão os pacientes internados em estado mais grave. Entre 1 de novembro de 2020 e 21 de janeiro, Portugal passou dos 284 pacientes internados em UCI para os 715, ou seja uma diferença de 431 pacientes. Só nos primeiros 21 dias de janeiro, Portugal passou dos 482 pacientes internados em UCI para mais de sete centenas.
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