“Bazuca” europeia é “grande oportunidade” para voltar a ter indústria ferroviária em Portugal

  • Lusa
  • 2 Fevereiro 2021

Pacote financeiro europeu, no valor de 1,8 mil milhões de euros, é “fortemente orientado para o transporte ferroviário”, lembra o presidente da CP, Nuno Freitas.

O presidente da CP apontou esta terça-feira a denominada “bazuca europeia” como uma “grande oportunidade” para Portugal apostar na indústria ferroviária e construir no país as “mais de mil carruagens” de que precisará apenas para renovar a atual frota.

“Dentro de 20 anos, toda a frota da CP [Comboios de Portugal] tem mais de 40 anos e a grande maioria mais de 50 anos. Isto significa que a CP vai precisar, só para manter a oferta atual, de mais de mil carruagens”, afirmou Nuno Freitas durante a conferência online “Portugal Railway Summit 2021”.

Salientando que a denominada “bazuca europeia” – um pacote financeiro de 1,8 mil milhões de euros para os países da União Europeia fazerem face à crise resultante da pandemia – é “fortemente orientada para o transporte ferroviário”, o presidente da CP considerou que será “uma grande oportunidade para voltar a ter indústria ferroviária em Portugal”.

“Esta bazuca europeia não é só para Portugal, é para Portugal e para toda a Europa. Isto significa que, muito provavelmente, os fabricantes vão ter falta de capacidade, vão ter de investir em fábricas novas e esta é, realmente, uma grande oportunidade para voltarmos a ter indústria ferroviária em Portugal”, sustentou.

Conforme notou Nuno Freitas, “não é por acaso” que “praticamente todo o material circulante” que circula atualmente em Portugal “ou foi construído ou foi montado” no país.

“Um comboio é caro. Um comboio urbano de 100 metros custa 10 milhões de euros, um comboio de alta velocidade pode custar 25, 30 ou 35 milhões de euros. É muito caro comprar comboios. Portanto, a única forma que temos de poder fazer esta renovação de frota e de apostar na ferrovia que temos em Portugal é, efetivamente, fazermos alguma coisa dentro do país com integração da nossa economia”, sustentou.

“Em Portugal há negócio, temos mão-de-obra qualificada mais barata do que na Europa Central, estamos a construir um polo industrial muito interessante, junto de clientes, junto de um centro tecnológico com escola de formação [em Guifões, Matosinhos], numa área forte de forte implementação de indústria e a dois quilómetros de um porto de mar e de um aeroporto internacional”, acrescentou.

Garantindo que “a CP vai fazer tudo o que estiver ao seu alcance para trazer uma infraestrutura industrial ferroviária para Portugal”, Nuno Freitas alertou, contudo, que “a CP não chega” e “precisa de ajuda para concretizar este desígnio”.

Sendo a ferrovia “um setor que se planeia a 10 anos”, Nuno Freitas adiantou que a empresa está “já a trabalhar com o Governo” na renovação da sua atual frota, designadamente com vista à aquisição de 117 comboios urbanos e regionais (com 36 de opção), 62 urbanos (com opção para mais 36) e 55 comboios regionais “para substituir comboios antigos”.

“E estamos a trabalhar nesta aquisição para termos comboios todos da mesma plataforma ou, pelo menos, muito semelhantes, para diminuir os custos de operação, de manutenção e de formação de pessoal”, disse.

Paralelamente, disse, a CP e o executivo estão “também a trabalhar num novo concurso para 12 comboios de alta velocidade, com 14 de opção”, sendo o objetivo que estas 12 composições cheguem “a tempo da nova linha Porto/Lisboa” e ficando a aquisição dos restantes 14 “sujeita à expansão da infraestrutura”.

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