Confinamento aumentou a poupança, verão encolheu-a
Os europeus continuam a poupar mais na pandemia, mas a taxa encolheu no verão com o alívio de restrições. Portugal foi um dos dois países onde o consumo no terceiro trimestre foi superior a 2019.
As famílias europeias estão a poupar mais na pandemia, mas a taxa de poupança encolheu no terceiro trimestre de 2020 comparativamente com o trimestre anterior. A explicação está na recuperação do consumo durante o período do verão.
No terceiro trimestre de 2020, a taxa de poupança das famílias diminuiu face ao segundo trimestre do mesmo ano, fixando-se em 13,8% na União Europeia (UE) e em 14,6% na Zona Euro, segundo dados divulgados pelo Eurostat. Ainda assim, o valor está, respetivamente, 4,5 e 4,6 pontos percentuais acima do registado no mesmo trimestre de 2019, antes do impacto da Covid-19.
A principal razão para esse aumento face a 2019 foi a evolução da rubrica “despesa de consumo final das famílias”, que entre julho e setembro foi 3,6% menor do que no mesmo período do ano anterior — por outras palavras, os europeus, confinados, gastaram menos. Já o rendimento bruto disponível das famílias recuperou, e era 1,5% mais elevado no trimestre de julho a setembro face ao período homólogo.
Em comparação com o terceiro trimestre de 2019, a taxa de poupança das famílias aumentou em todos os Estados-membros para os quais existem dados disponíveis. Entre julho e setembro, os maiores aumentos foram observados nos Países Baixos (7,9%) e na Dinamarca (7,7%).
Consumo em Portugal no verão superou 2019
Segundo os dados do Eurostat, a taxa de poupança na maioria dos países teve um aumento homólogo inferior ao aumento do segundo trimestre de 2020. Isto porque a despesa de consumo individual das famílias recuperou durante o período do verão, numa altura em que os governos aliviaram as restrições face ao percetível abrandamento da pandemia.
Ainda assim, em dois Estados-membros o consumo foi superior ao do terceiro trimestre de 2019: em Portugal (0,2%), mas também na Polónia (3,8%). No caso concreto de Portugal, o maior consumo foi registado num período em que os portugueses aproveitaram para fazer férias no interior do país. Já na outra ponta encontram-se Espanha e Itália, com recuos no consumo de 8,5% e 7,4% respetivamente.
A taxa de investimentos das famílias, por seu lado, recuperou face ao trimestre anterior, chegando aos 9,8% na União Europeia e na Zona Euro (mais 0,1% e menos 0,2% face período homólogo, respetivamente).
Em Portugal, a taxa de poupança das famílias aumentou 0,3 pontos percentuais para os 10,8% no terceiro trimestre, acima dos 10,5% registados no segundo trimestre. Apesar dos portugueses terem consumido mais no terceiro trimestre face aos meses de abril a junho, houve também um aumento do rendimento bruto disponível (0,4%), permitindo um aumento da taxa de poupança durante o verão.
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