Portugal mantém pequeno excedente externo apesar da pandemia

O excedente comercial esteve quase em vias de extinção em novembro, mas recuperou em dezembro e fechou o ano em terreno positivo, mesmo com o impacto da pandemia.

As contas externas de Portugal deterioraram-se no ano passado por causa da pandemia, mas não tanto quanto o esperado. A maioria das previsões apontavam para um défice externo em 2020, mas a realidade ficou acima da expectativa, tal como aconteceu com o PIB e o défice orçamental. Portugal acabou por fechar 2020 com um excedente externo de 256 milhões de euros.

Apesar de positivo, este excedente externo é bastante inferior aos valores registados nos últimos anos. Em 2019, o excedente externo de Portugal tinha sido de 2.591 milhões de euros registado em 2019, o que equivalia a pouco mais de 1% do PIB.

“Os excedentes observados nas balanças de serviços, rendimento secundário e de capital superaram os défices da balança de bens e de rendimento primário”, nota o banco central na nota de informação estatística divulgada esta quarta-feira.

Mas o que mudou em 2020 face a 2019? Desde logo, o excedente da balança de serviços diminuiu drasticamente por causa da queda história da atividade turística. Em números: o excedente passou de 17.845 milhões de euros em 2019 para 8.603 milhões de euros em 2020, ou seja, menos 9.242 milhões de euros, o que se traduz numa redução para menos de metade num só ano.

Porém, houve fatores que compensaram este fenómeno explicado pela pandemia. Um deles foi a diminuição do histórico défice da balança comercial de bens. As exportadoras portuguesas de bens conseguiram resistir mais à crise pandémica com as importações de bens a descerem mais do que as exportações. Assim, o défice de bens passou de 16.287 milhões de euros em 2019 para 12.186 milhões de euros em 2020, uma melhoria de 4.101 milhões de euros.

O resto é explicado por um conjunto de pequenas melhorias, nomeadamente pelo saldo da balança de capital, que cresceu 862 milhões de euros face ao mesmo período do ano anterior, “em resultado, principalmente, de um aumento dos recebimentos de fundos comunitários“, assinala o Banco de Portugal.

Já a balança financeira também se deteriorou, registando um excedente menor, por causa do aumento do endividamento da economia (setor público e privado) face ao exterior na sequência da pandemia.

Dívida externa líquida aumenta para 87,5% do PIB

O peso da dívida externa líquida de Portugal piorou com a pandemia: com o PIB a cair 7,6% em 2020, a dívida externa de 176,8 mil milhões de euros tornou-se mais “pesada”, passando de 84,4% do PIB para 87,5% no ano passado.

Este indicador resulta da posição de investimento internacional excluindo os instrumentos de capital, ouro em barra e derivados financeiros e também foi divulgado esta quarta-feira pelo Banco de Portugal.

“Apesar da redução nominal da posição negativa da PII, em percentagem do PIB, observou-se um aumento dessa posição em 4,7 pontos percentuais, passando de -100,8 por cento no final de 2019, para -105,5 por cento no final de 2020. Esta variação resulta da redução do PIB”, acrescenta o banco central.

(Notícia atualizada às 11h44 com mais informação)

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