Tranquilidade: Manter moratórias além de março depende do supervisor
Pedro Carvalho, CEO Tranquilidade, admite que o regulador do setor prolongue a moratória nos seguros. Cibersegurança, saúde e desemprego serão apostas da seguradora.
O regime de excecionalidade criado no âmbito da pandemia para flexibilizar o pagamento dos prémios de seguros foi prolongado até final de março, sendo provável que a moratória se estenda além desse prazo, como acontece nos bancos. Pedro Carvalho, presidente executivo da Tranquilidade (grupo Generali), disse em entrevista ao Jornal de Negócios (acesso pago) que, “se o regulador entender estender – acho que é natural que o faça – que estenda de alguma forma.”
Admitindo que a ASF, reguladora e supervisora dos seguros e fundos de pensões, determine prolongamento do regime de flexibilização de pagamento de prémios, Pedro Carvalho, em entrevista ao Jornal de Negócios, recordou que o setor já estava, “de alguma forma”, a responder, “a aceitar moratórias e atrasos nos pagamentos. E vamos continuar independentemente das decisões do regulador, que imagino passem por alguma extensão das moratórias”, referiu.
Mas este balão de oxigénio não pode, contudo, durar para sempre. E é preciso adotar medidas para quando terminar. “Tem de haver” um plano de saída, refere Pedro Carvalho. “Como se tira e como se faz o desmame é complicado. Mas uma coisa sabemos: nem os bancos nem as seguradoras têm fundos ilimitados.”
Na retrospetiva do balanço do ano que passou, admitiu os números “vão ser claramente abaixo dos que tivemos em 2018, que foram 50 milhões positivos, mas claramente acima do que tivemos no ano anterior [2019], que foram 40 milhões negativos”. Adiantando que os lucros serão “modestos” e “claramente abaixo” dos 50 milhões de há dois anos, “porque também estamos expostos aos mercados de capitais”, o CEO da Tranquilidade não fechou a porta a resultados negativos perante a incerteza provocada pela covid-19.
“Existe um grau de incerteza muito grande”, com os seguros e a banca a estarem muito dependentes da evolução da economia. Nesse sentido, “não é impossível” que se registe um prejuízo em 2021. “Não é impossível”, mas “estamos muito capitalizados,” disse ainda.
O CEO da Tranquilidade, considera que haverá, no futuro, uma maior procura por produtos relacionados com a cibersegurança por parte das famílias, algo que já se verifica nos clientes empresariais. “Os temas da cibersegurança estão a ser um problema enorme nas empresas, mas a prazo também vão ser nos particulares. As pessoas vão estar mais consciencializadas”, afirmou o responsável, notando que prevê “maior interesse e procura”, mas que isso “só se vai materializar a partir do momento em que a economia se desenvolva e
cresça, porque as pessoas não conseguem inventar dinheiro onde não existe”.
O foco da Tranquilidade está virado para o “desenvolvimento contínuo, a nível global com o grupo Generali, de novas soluções” neste sentido. A aposta também passará pela proteção na saúde e no desemprego.
Abordando o programa de dispensas na companhia, Pedro Carvalho referiu que “o processo de despedimento coletivo está concluído.” Entre as contratações e a saída de pessoas, algumas ainda antes desta iniciativa, a empresa tem agora “aproximadamente menos 100 pessoas do que tínhamos há um ano”. A empresa decidiu usar este processo “porque fiscalmente e em termos de benefícios sociais era bastante melhor para os colaboradores” e, segundo Pedro Carvalho, “bem mais de 95% dos colaboradores foi por mútuo acordo”, explicou.
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