Dos médicos às camas, até aos ventiladores. O SNS na pandemia em 10 números
Dos profissionais de saúde, passando pelas camas e até aos ventiladores, conheça os 10 números da Saúde, no dia em que se assinala um ano desde que a pandemia chegou a Portugal.
Se o Serviço Nacional de Saúde (SNS) já dominava a agenda mediática, certo é que com o surgimento da pandemia o tema tem aquecido as discussões no espaço público. Quando se assinala um ano desde que foram detetados os primeiros casos de infeção pelo novo coronavírus, a resposta do SNS tem sido maioritariamente elogiada. Foi reforçado, em meios humanos e em equipamentos contra a Covid-19, mas outras doenças ficaram por tratar.
Em janeiro deste ano trabalhavam no Serviço Nacional de Saúde mais de 147 mil profissionais de saúde, o que representa um aumento de 7,1% do que em março de 2020, quando teve início a pandemia da Covid-19. A pandemia obrigou a um reforço de médicos e enfermeiros, não obstante, importa sublinhar que se têm verificado um acréscimo destes profissionais nos últimos seis anos de governo socialista.
E se se verificou uma reforço ao nível de recursos humanos, bem como de equipamentos para responder à Covid-19 durante o último ano, a verdade é que a pandemia obrigou muitas unidades de saúde a pararem a atividade programada, com várias consultas e cirurgias adiadas no SNS.
Dos profissionais de saúde, passando pelas camas e até aos ventiladores, os 10 números da Saúde.
Orçamento da Saúde reforçado em 1.500 milhões de euros
Em 2020, o Orçamento do Estado para a Saúde contava já com mais 941 milhões de euros a mais face ao ano anterior, contudo o valor ainda recebeu reforços, nomeadamente através do Orçamento Suplementar, que contemplava mais 500 milhões de euros para o SNS. Acabou, este reforço, por totalizar 1.500 milhões de euros.
Despesa do SNS ultrapassou os 11 mil milhões em 2020
A despesa executada pelo Serviço Nacional de Saúde (SNS) entre janeiro e dezembro de 2020 atingiu os 11,4 mil milhões de euros, o que representa um aumento de 727,3 milhões de euros face a 2019, segundo os dados publicados pela Direção-Geral do Orçamento (DGO). Este aumento de 6,8% é, em grande parte, explicado pelo aumento dos fornecimentos e serviços externos (297,2 milhões de euros), bem como pelas despesas com pessoal (269,2 milhões de euros). De sublinhar que estes dados dizem respeito à ótica da contabilidade pública e não da contabilidade nacional.
Mais de oito milhões de testes à Covid-19
Desde o início da pandemia e até 22 de fevereiro, foram realizados 8.072.968 milhões de testes à Covid-19 em Portugal, entre testes moleculares PCR e testes rápidos de antigénio, que conferem uma fiabilidade menor face aos primeiros, mas, em contrapartida, proporcionam resultados mais rápidos, segundo os dados fornecidos pelo Ministério da Saúde ao ECO.
Com os casos de infeção a dispararem em janeiro, aumentaram também os testes de despiste ao novo coronavírus. Só em janeiro, Portugal realizou mais de 1,6 milhões de testes à Covid-19, tal como o ECO tinha noticiado. Trata-se de uma média diária de mais de 52 mil testes por dia. Apesar de em fevereiro, a DGS ter revisto os critérios de testagem, alargando os testes a contactos de alto e de baixo risco, neste mês foram realizados menos testes. Desde o início do mês e até 22 de fevereiro foram realizados 752.354 testes à Covid-19, o que representa cerca de 34 mil testes por dia.
Mais 922 médicos no espaço de um ano
A pandemia do novo coronavírus levou a um reforço de equipamentos, mas também de recursos humanos no SNS. Se em janeiro de 2020 trabalhavam no SNS 30.484 médicos, dos quais cerca de 10 mil internos, o número aumentou no último ano. Em janeiro deste ano, o SNS tinha mais de 31 mil médicos, dos quais mais de 11 mil internos, segundo os dados disponíveis no Portal da Transparência. Ao ECO, o Ministério da Saúde salienta que estes dados refletem “um reforço de profissionais no SNS, representando um aumento de 3% no total de médicos” face ao ano anterior.
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De sublinhar que estes dados incluem os trabalhadores vinculados com contrato de trabalho às entidades do setor público, não incluindo trabalhadores independentes/prestadores de serviços, bem como os profissionais das parcerias público-privadas.
Mais 3.280 enfermeiros
E se é notório o reforço nos médicos, a contratação de enfermeiros é ainda maior. Em janeiro do ano passado, trabalhavam no SNS 45.459 profissionais de enfermagem, sendo este o grupo profissional em maior número, enquanto que em janeiro de 2021, o SNS tinha 48.739 enfermeiros. Trata-se de um aumento de 7,2% face ao período homólogo, ou seja, mais 3.280 profissionais.
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Deste que a pandemia chegou a Portugal, o Governo tem anunciado um reforço dos profissionais de saúde para ajudar no combate à Covid-19, para além do que já está previsto no Orçamento do Estado de 2020. Entre 13 de março de 2020 e o início de abril, por exemplo, o Ministério da Saúde contratou meio milhar de enfermeiros para reforçar o combate da pandemia. Ao mesmo tempo, o Executivo está também apostado na contratação de enfermeiros estrangeiros.
Reforço de mais de 500 camas em enfermaria
Em termos globais, em março de 2020 o SNS dispunha de um total de 17.966 camas de enfermaria médico-cirúrgicas, ao passo que em janeiro de 2021 o total de camas de enfermaria médico-cirúrgicas era de 18.540, segundo os dados divulgados pelo Ministério da Saúde ao ECO. Isto significa um reforço de 574 camas, ou seja, cerca de 3,2% face ao período homólogo.
SNS com um total de 1.525 camas em UCI
Quanto às camas de cuidados intensivos nível III, onde estão os doentes mais críticos infetados com o novo coronavírus, o SNS dispunha, em março de 2020 de um total de 947 camas, ao passo que no final de janeiro, o total de camas em cuidados intensivos era de 1.525. Contas feitas são mais 578 camas (um acréscimo de 60%).
De referir que estes dados incluem camas de adultos e pediátricas de todo os hospitais do SNS, excluindo o IPO do Porto, IPO de Coimbra, IPO de Lisboa, Centro Hospitalar Psiquiátrico de Lisboa, Hospital Magalhães de Lemos, Instituto de Oftalmologia Dr. Gama Pinto e Centro de Medicina de Reabilitação da Região Centro – Rovisco Pai.
A tutela salienta ainda que tanto o número de camas para internamento como as de cuidados intensivos são geridas pelas instituições hospitalares, em coordenação com as respetivas administrações regionais de saúde, pelo que o “valor absoluto é variável, por vezes diariamente, em função das necessidades verificadas a cada momento”.
Quase o dobro dos ventiladores no espaço de um ano
A maioria das pessoas infetadas com o novo coronavírus registaram sintomas leves da doença, como tosse, febre ou dores no corpo. No entanto, pacientes com sintomas mais graves registaram infeções respiratórias graves, pelo que necessitaram um ventilador mecânico para conseguirem respirar. Em linhas gerais, este equipamento serve para bombear e oxigénio até aos pulmões, — sendo que os médicos podem ajustar a velocidade e a quantidade de oxigénio — e pode ser utilizado para tratar doentes infetados por Covid-19, ou com outras doenças respiratórias, como pneumonia.
Em março de 2020, o SNS dispunha de um total de 1.142 ventiladores para ventilação mecânica invasiva, ao passo que um ano depois o SNS tem quase o dobro destes equipamentos: 2.161. Trata-se de um reforço de 1.019 ventiladores, ou seja, um acréscimo de 89%.
De sublinhar que estes equipamentos podem representar a diferença entre a vida e a morte para os doentes mais críticos e, por isso, no início da pandemia chegaram a escassear no mercado dada a elevada procura a nível mundial. Também o Governo português apostou na aquisição destes equipamentos e segundo um relatório do Tribunal de Contas, estes equipamentos chegaram a custar cinco vezes mais no espaço de pouco mais de um mês.
Menos 151 mil cirurgias
A pandemia obrigou muitas unidades de saúde a pararem a atividade programada que não fosse urgente, de forma a direcionar os esforços para o tratamento de doentes infetados com Covid-19 e condicionando os cuidados de saúde primários. Dados do Portal da Transparência, citados pela Lusa, indicam que os hospitais do SNS fizeram 1.155.479 cirurgias (programadas, urgentes, ambulatório e convencionais) no ano passado, menos 151.476 do que em 2019.
Especificamente quanto às cirurgias urgentes, os dados indicam que houve menos 10.996 realizadas em 2020, uma redução de 10,8% relativamente ao ano anterior. Em janeiro de 2021 foram realizadas 44.144 cirurgias, uma quebra de 30,6% relativamente ao mês homólogo.
Menos 1,3 milhões de consultas
Também as consultas sofrem um decréscimo. No ano passado, os hospitais fizeram 11,1 milhões consultas, quando em 2019 tinham realizado 12,4 milhões, de acordo com o portal da Transparência. Foram menos 584 mil primeiras consultas e menos 726 mil consultas subsequentes (de seguimento). Já comparando o mês de janeiro deste ano com o de 2020, houve uma quebra de 17%.
Para tentar contornar a quebra de consultas nos hospitais, as unidades hospitalares passaram a recorrer mais à telemedicina. No ano passado foram realizadas 44.534 consultas em telemedicina, mais 14.756 do que em 2019.
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