OCDE mais otimista revê em alta PIB da Zona Euro em 2021, mas antecipa impacto “suave” do Plano de Recuperação
A OCDE está mais otimista com a recuperação económica em 2021 face às previsões anteriores. A melhoria é mais notória nos EUA, mas também é visível na Zona Euro, em particular em Espanha.
Após ter divulgado previsões mais pessimistas em dezembro de 2020, a OCDE reviu em alta as estimativas de crescimento das principais economias este ano. No caso da Zona Euro, o crescimento do PIB será de 3,9%, mais três décimas do que a estimativa anterior. Para esta melhoria contribuiu a revisão em alta da expansão económica na Alemanha e Espanha, ao passo que em França e Itália houve um corte nas previsões.
É com mais otimismo que em março a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico (OCDE) olha para o futuro das economias avançadas. Na atualização do Economic Outlook divulgada esta terça-feira, a OCDE admite que “as perspetivas económicas mundiais melhoraram significativamente nos últimos meses” para as quais contribuiu o processo “gradual” de vacinação, os anúncios de mais estímulos orçamentais em alguns países e os sinais de que as economias estão a “lidar melhor” com as medidas para controlar o vírus, o que também é visível em Portugal.
A OCDE não atualiza as previsões para a economia portuguesa, mas há boas notícias para Portugal uma vez que o seu maior parceiro comercial, Espanha, vai crescer mais sete décimas do que o estimado anteriormente. A economia espanhola deverá crescer 5,7% em 2021, após a quebra histórica de 11% em 2020 por causa da crise pandémica. O PIB da Alemanha também crescerá mais duas décimas, passando para 3%.
Já a economia francesa vai crescer 5,9%, menos uma décima do que o estimado anteriormente, e a economia italiana vai crescer 4,1%, menos duas décimas. Em 2020 estas economias encolheram 8,2% e 8,9%, respetivamente. O resultado final é um crescimento de 3,9% da Zona Euro, mais três décimas face à previsão anterior, após uma contração de 6,8% no ano passado.
“Nas maiores economias avançadas da Europa o ritmo de recuperação tem sido bastante modesto, refletindo o prolongamento das disrupções causadas por novos surtos do vírus e as associadas reduções das horas de trabalho em muitos setores dos serviços”, descreve a Organização, notando que a diferente especialização das economias também afeta o crescimento. Isto é, na prática, a maior dependência de algumas economias europeias do turismo.
Apesar da melhoria das previsões, a economia europeia continua a comparar mal com outras economias avançadas, como é o caso dos Estados Unidos onde a perspetiva de um “estímulos orçamental significativo” (o pacote de 1,9 biliões de euros de Joe Biden) levou a uma revisão em alta do crescimento em 3,3 pontos percentuais para 6,5%, o que compara com a queda do PIB de 3,5% em 2020.
Em termos mundiais, o PIB deverá crescer 5,5% em 2021 com a economia mundial a atingir o nível pré-pandemia a meio deste ano. Mas a própria OCDE reconhece que há “muitos países” que se manterão abaixo desse nível até ao final de 2022, como é o caso de Portugal, segundo as últimas previsões da Comissão Europeia. Já países como os EUA, a China ou a Índia vão recuperar muito mais depressa.
Para a Zona Euro, onde as exportações representam um peso significativo, haverá um lado positivo nessa recuperação mundial, sendo que os estímulos de Biden deverão ter um impacto positivo entre 0,25% a 0,5% do PIB. Já o plano de recuperação europeu, apelidado de Próxima Geração UE, deverá resultar num estímulo orçamental “relativamente suave, perto de 1% do PIB da Zona Euro”.
OCDE alerta que haverá divergência entre países e setores
Uma das preocupações dos economistas é a divergência da recuperação entre países e entre setores. “As medidas restritivas de contenção [do vírus] irão atrasar o crescimento em alguns países e os setores dos serviços no curto prazo, enquanto outros irão beneficiar da eficácia das políticas de saúde pública, de um processo de vacinação mais rápido e de uma forte ajuda das políticas”, descreve a OCDE.
A Organização considera que a política orçamental deve manter-se “contingente ao estado da economia e ao ritmo da vacinação, com a implementação rápida e total de novas medidas de políticas se necessário”. “Um aperto prematuro da política orçamental tem de ser evitado“, alerta, em linha com o que tem dito a Comissão Europeia, sinalizando recentemente que quer uma manutenção da suspensão das regras orçamentais em 2022.
Em relação à política monetária, a mensagem é a mesma. A OCDE considera que a atual posição “muito acomodatícia” tem de ser manter, mesmo que a inflação vá além da meta “de forma temporária”, desde que “as pressões dos preços se mantenham muito contidas”. A Organização reconhece que há “pressões” nos mercados das commodities devido à recuperação da procura e disrupções temporárias na oferta, mas considera que a “inflação subjacente continua moderada” uma vez que há capacidade de produção por utilizar no mundo.
Perante este cenário, a prioridade das políticas públicas deve ser a mobilização de “todos os recursos necessários” para produzir vacinas e concretizar o plano de vacinação “o mais rápido possível em todo o mundo“. Esse foco irá “salvar vidas, preservar o rendimento e limitar o impacto adverso das medidas de contenção no bem-estar”. A OCDE chama particular atenção para os países mais pobres, argumentando que o custo de fornecer-lhes vacinas é “baixo comparado com os ganhos de uma recuperação mundial mais forte e mais rápida”.
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