Lucros da REN caíram 8,1% em 2020 para 109,2 milhões
A REN diz ter sido penalizada pela Contribuição Extraordinária do Setor Energético, que registou um aumento de 3,7 milhões de euros.
A REN – Redes Energéticas Nacionais registou, no ano passado, lucros de 109,2 milhões de euros, uma redução de 8,1% face a 2019, adiantou esta quinta-feira a empresa, em comunicado. A empresa pretende manter um dividendo de 17,1 cêntimos por ação, à imagem do que tem feito nos últimos anos, tendo o presidente executivo da empresa garantido que o valor é “sustentável”.
Em conferência de imprensa, Rodrigo Costa defendeu que “os dividendos são sustentáveis”, referindo que o grupo tem “um free cash free robusto” e reservas “mais do que adequadas”. “Nesta matéria estamos a cumprir o que nos propusemos a fazer há três anos”, rematou. O Conselho de Administração do grupo irá propor este valor à Assembleia-Geral (AG) do grupo, marcada para 23 de abril.
O grupo salientou que esta queda aconteceu, “apesar da melhoria dos resultados financeiros, que baixaram 5,7 milhões de euros para -46,8 milhões de euros, principalmente devido a um menor custo da dívida (redução de 2,1% para 1,8%). A dívida líquida também recuou 3% para 2,741.9 milhões de euros”, de acordo com a mesma nota.
“A REN continuou a ser penalizada pela CESE [Contribuição Extraordinária do Setor Energético], que desde 2020 também se aplica à Portgás, e que registou um aumento de 3,7 milhões de euros, totalizando 28,1 milhões de euros”, disse o grupo.
“A taxa efetiva de imposto situou-se nos 40%, um valor semelhante ao de 2019. Desde o seu início, o peso da CESE nas contas da REN já ascende a 180 milhões de euros”, acrescenta a empresa liderada por Rodrigo Costa.
Por sua vez, o EBITDA (resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização) baixou 3,3% para 470,2 milhões de euros, indicou a REN, salientando que “para este resultado contribuíram a menor remuneração dos ativos (-23,8 milhões de euros devido à descida das taxas da dívida soberana e aos novos parâmetros no quadro regulatório do gás) e uma menor contribuição do OPEX”.
Ainda assim, o EBIDTA foi “positivamente influenciado pelo negócio internacional, nomeadamente pela consolidação da Transemel no Chile”, lê-se na mesma nota.
Na mesma nota, a empresa adiantou que o CAPEX [investimento] e as transferências para a exploração se “reduziram de 184,1 milhões de euros e 190,6 milhões de euros para 161,2 milhões de euros e 79,6 milhões de euros, respetivamente, tendo a empresa conseguido recuperar grande parte do atraso causado pela pandemia”.
A dívida do grupo, por sua vez, caiu 3%, para 2.741,9 milhões de euros, adiantou a REN, numa apresentação divulgada pela Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).
Por outro lado, foram “concluídos os estudos e procedimentos administrativos para a celebração dos primeiros 14 acordos bilaterais com promotores solares, com vista ao desenvolvimento das redes necessárias à ligação de 3,5 GW [gigawatts] solar e cujos projetos de CAPEX respetivos serão executados nos próximos seis anos”, indicou a REN.
A REN reconheceu que “o ano ficou marcado pelos impactos da pandemia de covid-19 na atividade económica, um aspeto que se refletiu em alguns indicadores do sistema energético tendo o consumo de energia elétrica e gás natural diminuído 3,1% e 1,6% respetivamente”.
O grupo revelou ainda, no mesmo comunicado, que “no que respeita ao consumo de energia elétrica, este atingiu, em 2020, o valor mais baixo desde 2005: 48,8 TWh [terawatts/hora]”, destacando que “a produção renovável abasteceu 59% do consumo de energia elétrica em 2020 (8 pontos percentuais acima de 2019), repartida pela hidroelétrica e eólica, ambas com cerca de 25%, biomassa com 7% e fotovoltaica com 2,6%”.
Já “a produção não renovável abasteceu 38% do consumo, fundamentalmente com gás natural, representando o carvão cerca de 4% do consumo, a quota mais baixa dos últimos 30 anos. O saldo de trocas com o estrangeiro forneceu os restantes 3% do consumo nacional”.
No consumo de gás natural, “este totalizou cerca de 66,9 TWh, uma variação negativa de 1,6% face ao ano anterior, essencialmente justificada por uma redução no consumo convencional industrial, uma vez que o consumo de centrais para produção elétrica aumentou 3,8%”.
A empresa adiantou ainda, na apresentação à CMVM, que no próximo dia 14 de maio irá decorrer o ‘Capital Markets Day’, “onde o Conselho de Administração irá apresentar o novo plano de negócios da REN para o período 2021-24”, destacando que “numa altura em que a transição energética é cada vez mais importante, a REN irá manter o seu foco na prestação da melhor qualidade de serviço, assim como abordar os desafios que resultam das mudanças referidas”.
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