Confuso com a vacinação contra a Covid-19? Veja estas 10 respostas

Portugal tem feito um esforço para acelerar o plano de vacinação contra a Covid-19, sendo que têm existido algumas alterações aos grupos prioritários. Confuso? O ECO preparou um guia.

Quase três meses depois de ter arrancado o plano de vacinação contra a Covid-19, mais de 827 mil portugueses já receberam, pelo menos, uma dose da vacina. Nos últimos tempos, Portugal tem feito um esforço para acelerar o plano de vacinação, sendo que para tal têm existido algumas alterações aos grupos prioritários de acesso à vacina.

Não obstante, uma das maiores dificuldades encontradas neste processo diz respeito à escassez de vacinas aprovadas, bem como aos atrasos de produção, que tem vindo a comprometer as metas estipuladas. Mas, afinal, em que fase está a vacinação? E quais os grupos prioritários que se seguem? O ECO preparou uma guia com 10 perguntas e respostas para que nada lhe escape sobre o plano de vacinação contra a Covid-19.

1. Em que fase está a vacinação?

À semelhança do que aconteceu com a generalidade dos Estados-membros da União Europeia, a campanha de vacinação contra a Covid-19 arrancou a 27 de dezembro do ano passado. Desde então e até 14 de março, já foram vacinadas 827.902 pessoas com a primeira dose da vacina (8% da população portuguesa), das quais 341.034 já finalizaram o processo de vacinação, isto é, tomaram as duas doses da vacina, segundo o último relatório de vacinação divulgado pela Direção-Geral de Saúde (DGS).

Ao longo deste período, o plano de vacinação delineado pela task force sofreu várias alterações, adaptando-se em função das necessidades encontradas. Atualmente, nesta primeira fase de vacinação estão incluídos os seguintes grupos prioritários:

  • Profissionais de saúde diretamente envolvidos na prestação de cuidados a doentes, dos contextos primários e profissionais essenciais das forças armadas, forças de segurança e serviços críticos, com destaque para órgãos de soberania: 300 mil pessoas;
  • Profissionais e residentes em lares e instituições similares e profissionais e internados em unidades de cuidados continuados: 250 mil pessoas;
  • Titulares de órgãos de soberania, pessoas com altos cargos com funções no quadro do estado de emergência, responsáveis da Proteção Civil e responsáveis da Procuradoria-Geral da República e do Ministério Público: 1.000 pessoas;
  • Pessoas entre os 50 e os 79 anos com patologias associadas (doenças respiratórias sob suporte ventilatório ou oxigenoterapia de longa duração, insuficiência renal, insuficiência cardíaca, doença coronária): 400 mil pessoas;
  • Pessoas com 80 ou mais anos: 670 mil pessoas;
  • Pessoas com trissomia 21: segundo a Direção-Geral da Saúde, estarão abrangidas cerca de 3.500 pessoas com uma idade acima dos 16 anos, embora a população total com trissomia 21 corresponda a “cerca de 6.000 pessoas”. De sublinhar que este grupo ainda não está a ser vacinado, uma vez que as vacinas atualmente aprovadas não preveem a administração a pessoas com esta condição.
  • Profissionais dos estabelecimentos de educação e de ensino e respostas sociais de apoio à infância. Neste âmbito, os professores e o pessoal não docente vão começar a ser vacinados contra a Covid-19 a partir de dia 27 de março, sendo que o processo vai arrancar pelos profissionais do pré-escolar, creche e 1º ciclo, já que estão já em aulas presenciais. No total, este grupo envolve mais de 78 mil professores e auxiliares, segundo o Público.

2. Que outras fases há? Quando arrancam?

Apesar de os atrasos com a distribuição de vacinas dificultarem o cumprimento das metas estipuladas, a partir de abril Portugal deverá entrar na segunda fase de vacinação contra o novo coronavírus. Esta fase divide-se em dois grupos distintos:

  • Pessoas entre os 50 e os 64 anos, inclusive, com pelo menos uma das seguintes patologias: diabetes, neoplasia maligna ativa, doença renal crónica (cuja taxa de filtração glomerular é menor que 60 mililitros por minuto), insuficiência hepática, hipertensão arterial e obesidade ou outras doenças que “com menor prevalência” que venham posteriormente a ser incluídas;
  • Pessoas entre os 65 e os 79 anos independentemente das doenças.

Segundo a DGS, nesta fase serão vacinadas 1,8 milhões de pessoas com mais de 65 anos e cerca de 900 mil com patologias associadas e mais de 50 anos, contudo, estes valores poderão variar já que algumas destas pessoas podem já ter sido vacinadas anteriormente. Neste momento, ainda não é possível prever quando termina esta segunda fase de vacinação, dado que o ritmo de vacinação está dependente da entrega das vacinas. Certo é que depois desta fase finalizada, segue-se a terceira e última fase de vacinação, que vai abranger o resto da população.

3. Que vacinas estão a ser distribuídas?

Neste momento, há já quatro vacinas aprovadas pela Agência Europeia do Medicamento (EMA, na sigla em inglês), contudo apenas três estão a ser administradas nos Estados-membros. A vacina da Pfizer/BionTech foi a primeira a ser aprovada pelo regulador a 21 de dezembro de 2020, seguindo-se a da Moderna (6 de janeiro) e da AstraZeneca (29 de janeiro).

Mais recentemente, a 11 de março, a EMA deu também “luz-verde” à desenvolvida pela Janssen-Cilag, farmacêutica do Grupo Johnson & Johnson, sendo expectável que comece a ser administrada a partir de meados de abril deste ano. Está previsto que Portugal receba, ao longo do segundo trimestre, os primeiros 1,25 milhões de vacinas da Janssen que fazem parte de um lote de 4,5 milhões que o país deverá ter disponível ao longo de 2021. Esta vacina distingue-se das restantes já aprovadas pelo facto de ser de toma única — o que pode ser uma peça “chave”, numa altura em que se continuam a verificar atrasos nas entregas das vacinas — e por exigir uma menor capacidade de frio no seu transporte e armazenamento.

4. Qual o critério que está a ser usado na vacinação?

Neste momento, os centros de saúde, responsáveis por convocar os cidadãos prioritários para a vacinação, estão a convocar os cidadãos em função do critério da doença e só posteriormente usando o critério decrescente de idade. Contudo, segundo o Expresso, a task force está a ponderar alterar as orientações, por forma a permitir que a partir de abril — quando arranca a segunda fase de vacinação –, as vacinas sejam distribuídas apenas pelo critério, decrescente, da idade.

Esta sugestão partiu do bastonário da Ordem dos Médicos que considera que a seleção por doenças crónicas durante a primeira fase “foi lenta, complexa e, por vezes, até injusta”, pelo que defende que este método vai acelerar a vacinação. De acordo com o semanário, o método terá a concordância do coordenador da task force, Henrique Gouveia e Melo, não obstante, a entidade disse apenas que está a analisar a situação.

5. Posso escolher qual a vacina que tomo? E se recusar?

Não. Quem recusar tomar a vacina da AstraZeneca, ou de outra farmacêutica, perderá a vez para ser vacinado e terá que ficar à espera. E mesmo na última fase de vacinação, a vacina que estiver disponível é aquela que será administrada. “O princípio no processo de vacinação é a não escolha da vacina, porque as vacinas aprovadas são igualmente boas e seguras”, justificou o vice-almirante Henrique Gouveia e Melo, em declarações ao Público.

Assim, quem se recusar a ser vacinado com determinada vacina vai ter de esperar. “Serão vacinadas no verão ou depois do verão”, explicou José Luís Biscaia, diretor executivo do Agrupamento de Centros de Saúde do Baixo Mondego, ao mesmo jornal. Esta decisão acontece numa altura que ainda antes desta interrupção da vacina da AstraZeneca, os profissionais de saúde já estavam a ser confrontados com recusas de algumas pessoas que queriam ser imunizadas com as outras vacinas disponíveis, como a da Pfizer e a da Moderna. De sublinhar que Portugal já retomou a administração da vacina da AstraZeneca, após o esclarecimento da EMA.

6. Como é feito o agendamento da minha vacina?

Para receber a vacina os centros de saúde estão a contactar os utentes por SMS (preferencialmente), por chamada telefónica (quando acharem necessário ou não houver resposta ao SMS) ou por carta (quando não existirem contactos telefónicos disponíveis). Assim, quando receber o SMS o utente terá que responder se quer, ou não, tomar a vacina. De lembrar que a vacina não é obrigatória, mas é altamente recomendada para travar a propagação do SARS-CoV-2, vírus que provoca a Covid-19.

Depois, o agendamento será realizado para a primeira data disponível a partir do quinto dia seguinte. Na véspera do dia agendado será enviada uma mensagem a lembrar que tem agendada a vacina. Não obstante, em entrevista à agência Lusa, o vice-almirante Gouveia e Melo adiantou que está a ser preparado um método alternativo que vai permitir o auto-agendamento da vacinação por parte dos utentes através de uma plataforma online. Método deverá arrancar a partir de abril.

7. Quando é que vai ser possível atingir a imunidade de grupo em Portugal?

Tal como mencionado anteriormente, enquanto continuarem os atrasos nas entregas das vacinas é difícil prever datas concretas para a vacinação dos grupos de prioritário e menos ainda para a população em geral. Contudo, o coordenador da task force mantém o objetivo de ter 70% da população vacinada (isto é, com pelo menos uma dose da vacina) até ao fim do verão. “Continuo confiante de que até ao fim do verão teremos 70% de proteção da população. O conceito de imunidade de grupo e de proteção são dois conceitos diferentes (…), uma dose é uma grande proteção, pelo menos para a doença mais crítica. O que posso dizer é que 70% da população estará vacinada com a primeira dose no fim do verão”, disse em entrevista à Lusa.

8. E há vacinas para toda a gente?

Sim. No total, Portugal tem quase 30 milhões de vacinas contratadas.

9. Já tive Covid-19. Vou receber na mesma a vacina?

A resposta é sim, mas não nesta fase. Para já, a vacina destina-se a grupos de risco, ou seja, a quem esta mais vulnerável. A vacinação numa pessoa que foi infetada vai aumentar a resposta imunitária, sobretudo em pessoas que estiveram assintomáticas, pelo que tendo em conta que há poucas vacinas disponíveis, as autoridades de saúde estão a priorizar quem ainda não foi infetado pela doença.

10. O que posso passar a fazer com a vacina?

Em Portugal, não há nenhuma distinção entre quem tenha sido vacinado contra a Covid-19 ou quem ainda não tenha recebido a vacina. No entanto, há já alguns países a fazer essa diferenciação como é o caso dos Estados Unidos. Há duas semanas, o Centro de Controlo e Prevenção de Doenças (CDC, em inglês) divulgou diretrizes para quem já recebeu a vacina contra a Covid-19. As pessoas vacinadas podem, agora, encontrar-se em ajuntamentos dentro de casa com outras pessoas vacinadas, sem máscara ou distanciamento social.

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