Banco de Portugal melhora previsões para o desemprego, mas vê taxa a subir para 7,7% este ano
Apesar do impacto do segundo confinamento na economia portuguesa, o Banco de Portugal estima que a taxa de desemprego em 2021, 2022 e 2023 será mais baixa do que tinha sido projetado anteriormente.
O Banco de Portugal (BdP) estima que, afinal, a taxa de desemprego ficará nos 7,7% em 2021, menos 1,1 pontos percentuais (p.p) do que tinha projetado anteriormente. De acordo com o Boletim Económico apresentado esta sexta-feira, também as previsões relativas a 2022 e 2023 foram revistas, esperando-se agora que a taxa em causa fique nos 7,6%, no próximo ano, e nos 7,2%, no ano seguinte.
Esta revisão das projeções relativas à taxa do desemprego acontece mesmo depois de o país ter estado dois meses em confinamento e de estar a viver atualmente um processo de reabertura a conta-gotas.
De notar que, em 2020, apesar das restrições impostas por causa da pandemia de coronavírus e do seu impacto na economia, a taxa de desemprego ficou abaixo de todas as estimativas, fixando-se em 6,8%. O BdP tinha estimado que ficaria nos 7,2%.
Já para 2021, o banco central prevê que a taxa de desemprego suba para 7,7%, de acordo com o documento apresentado esta tarde; No Boletim divulgado em dezembro, previa que subisse para 8,8%, ou seja, decidiu rever agora a projeção em 1,1 pontos percentuais. Em comparação, o Executivo de António Costa estima que a taxa de desemprego fique nos 8,2%, este ano.
O Banco de Portugal explica que o agravamento da taxa de desemprego projetado para 2021 deverá traduzir o “aumento dos indivíduos que transitam da inatividade para o desemprego”, à boleia do “levantamento das medidas de contenção” e da “recuperação da atividade económica”.
É importante sublinhar que, ao longo de 2020, o aumento dos inativos acabou por “mascarar” em várias ocasiões a debilitação do mercado de trabalho, já que estavam em causa indivíduos que perderam os seus postos de trabalho, mas não conseguiam procurar ativamente uma nova ocupação por causa das restrições (nomeadamente os confinamentos) impostas à mobilidade, logo não eram considerados desempregados.
No Boletim Económico de março, o BdP acrescenta: “A taxa de desemprego deverá aumentar de 6,8% em 2020 para 7,7% em 2021, antes de iniciar uma trajetória descendente até ao final do horizonte de projeção”.
De notar que, no que diz respeito à taxa de desemprego estimada para 2022 e 2023, em dezembro, o BdP projetava que o indicador em questão ficasse nos 8,1% e 7,4%. Já no Boletim divulgado esta sexta-feira, indica projetar agora que a taxa de desemprego subirá para 7,6%, no próximo ano, e recuará para 7,2%, no ano seguinte.
Apesar das revisões desta sexta-feira, a taxa de desemprego, no final do horizonte, “deverá ser superior à observada em 2019”, último ano completo pré pandemia. Ainda assim, a taxa, estima-se, estará “muito aquém da observada na crise de 2011-13”.
O Banco de Portugal sublinha, por outro lado, que, apesar do “sucesso das medidas” lançadas para mitigar o impacto da pandemia no mundo do trabalho, antecipam-se “alguns efeitos mais prolongados. Isto fruto de “alterações nas preferências dos agentes (por exemplo, compras eletrónicas, viagens de negócios e teletrabalho) e da necessidade de realocação de fatores produtivos entre setores”.
O Executivo tem vindo a lançar uma série de medidas para “salvar” postos de trabalho, como o popular lay-off simplificado e o apoio à retoma progressiva. Para a fase de desconfinamento, o Governo já tem preparada uma nova edição do incentivo à normalização, que garantirá às empresas que saírem dos referidos regimes extraordinários até dois salários mínimos por posto de trabalho, em troca da manutenção dos empregos que têm à sua conta.
No Boletim Económico divulgado, esta sexta-feira, o Banco de Portugal mantém a sua previsão relativamente à evolução do Produto Interno Bruto em 2021, que vê a crescer 3,9%. Já em 2022, projeta que a economia portuguesa engordará 5,2%, mais 0,7 pontos percentuais do que anteriormente estimado.
(Notícia atualizada às 16h59)
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