Lucro da Caixa cai 6% para 81 milhões no primeiro trimestre

O lucro da Caixa Geral de Depósitos registou uma descida de 6% para 81 milhões de euros, depois de ter reforçado as imparidades de crédito com quase 60 milhões, antecipando efeitos da pandemia.

O lucro da Caixa Geral de Depósitos (CGD) registou uma descida de 6% para 81 milhões de euros no primeiro trimestre do ano, anunciou o banco esta quinta-feira. As imparidades de crédito foram novamente reforçadas no arranque do ano com quase 60 milhões de euros, “em antecipação dos efeitos da crise pandémica”, justificou o banco.

De acordo com José de Brito, administrador financeiro da CGD, a queda de cinco milhões nos lucros “pode ser integralmente explicada pela contabilização dos custos regulatórios”. “Este ano [o resultado do primeiro trimestre] incorpora a taxa adicional que foi criada no Orçamento de Estado e que no ano passado surgiu apenas em junho no Orçamento Suplementar”, justificou o o administrador na conferência de resultados, com o banco a apontar que os custos regulatórios tiveram um impacto de 52,7 milhões de euros no resultado líquido dos primeiros meses do ano.

A margem financeira (diferença entre juros recebidos e juros pagos) continuou sob pressão, tendo descido 11,5% para 233 milhões de euros, por causa dos níveis de taxa de juro e spreads que estão a impactar toda o setor bancário.

Por sua vez, os resultados de serviços e comissões subiram 2,2% para 125 milhões de euros. José de Brito acredita que estas receitas poderão subir mais à boleia da recuperação da economia após o confinamento. Neste ponto, também Paulo Macedo antecipa boas notícias no comissionamento de produtos de seguros e fundos de investimento, fora do balanço do banco. O CEO da Caixa descartou qualquer aumento do precário este ano, depois do ajustamento feito este mês.

Apesar da pressão da margem no produto bancário, a CGD fala numa “estabilização” do rácio cost-to-income: situou-se nos 50,6% no final de março.

Volumes aumentam

A queda da margem deu-se num período em que os volumes de crédito e depósitos até voltaram a crescer. A carteira de empréstimos a clientes da Caixa cresceu 1,4% para 48,6 mil milhões de euros em termos consolidados. Os recursos de clientes aumentaram 2,8% para 74 mil milhões de euros.

Ao nível da qualidade de carteira, José de Brito salientou que o banco já tem no seu balanço 370 milhões de euros de imparidades para crédito para fazer face a eventuais problemas por causa da pandemia. O tema é importante por causa das moratórias que vão expirar dentro de meses, sublinhou o CFO do banco. Paulo Macedo acrescentou: “Quanto às imparidades: não haverá se as empresas estiverem bem, só há se as empresas não conseguirem cumprir, isso vai depender da pandemia, da mobilidade, do retoma da atividade, acabar com o lockdown de certas atividades”.

Já o rácio de malparado baixou 0,3 pontos percentuais para 3,6% em março em relação ao final do ano.

A CGD destaca ainda os rácios de capital “acima da média dos bancos portugueses e europeus”, apresentando rácios CET1, Tier1 e Total de 18,0%, 19,1% e 20,6%, respetivamente. Evidencia a “robusta e adequada posição de capital” do banco.

(Notícia atualizada às 18h48)

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