Governo quis “refrescar” órgãos sociais da TAP, diz Pedro Nuno Santos

Miguel Frasquilho deixará de ser chairman da companhia aérea, que irá ver todos os administradores não executivos serem mudados para preparar a "nova fase" do período de reestruturação.

O Governo considera que o desempenho de Miguel Frasquilho como chairman da TAP foi positivo, mas preferiu mudar todos os administradores não executivos da companhia aérea. A explicação foi dada pelo ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, depois da notícia do ECO de que o gestor será substituído por Manuel Beja.

“Vamos entrar numa nova fase da vida da TAP, com o plano de reestruturação prestes a ser aprovado — esperamos nós — em Bruxelas, no início da recuperação económica e a nossa opção foi iniciar esta nova fase com uma nova equipa. Foi uma opção. Quisemos refrescar os órgãos sociais da empresa“, disse Pedro Nuno Santos, em declarações transmitidas pela RTP3.

Como o ECO avançou em primeira mão, no desenho do novo conselho de administração da TAP, o Governo não renovou o mandato de Miguel Frasquilho. O gestor, que conduziu todo o processo de reestruturação da companhia apresentado à Comissão Europeia, será substituído por Manuel Beja, um matemático licenciado pelo ISEG com experiência de gestão, sobretudo na área das tecnologias de informação.

Frasquilho confirmou a informação numa comunicação aos trabalhadores, na qual justificou que Frasquilho sairá da TAP por falta de “conjugação de vontades” com o acionista Estado. Questionado, o ministro rejeitou que houvesse qualquer relação com mau desempenho. “Não tem a ver com nenhum juízo negativo porque não é esse o que fazemos. Fazemos um juízo positivo, mas vamos iniciar uma nova fase e quisemos fazê-lo com uma nova equipa. Foi essa a decisão do Governo”, disse.

“Nós fizemos uma alteração total dos administradores não executivos que representam o Estado na TAP”, continuou. A nova equipa de gestão inclui onze administradores — cinco executivos e seis não executivos –, incluindo a nova CEO será a gestora francesa Christine Ourmières-Widener. Ramiro Sequeira, atualmente presidente executivo interino, volta às funções de Chief Operations Officer (COO) e João Weber Gameiro é o novo administrador financeiro.

Ministro aguarda “com calma” investigação a Nuno Araújo

Pedro Nuno Santos foi também questionado sobre sobre as suspeitas de corrupção e tráfico de influências de que é alvo o seu antigo chefe de gabinete Nuno Araújo. “Conheço o Nuno Araújo há muitos anos, foi um bom chefe de gabinete, é um bom presidente do Porto de Leixões. E nunca tive nenhum indício que usasse as suas funções em benefício próprio“, começou por dizer.

“Houve uma denúncia de factos que são graves e a justiça — e bem — abriu um inquérito e vai fazer uma investigação. É assim que deve ser. Devemos esperar com calma os resultados dessa investigação para depois tirarmos as nossas conclusões“, acrescentou sobre o caso.

O Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) e da Polícia Judiciária realizou, esta terça-feira, 10 buscas, na sede de uma sociedade comercial, em Departamentos de Contratação Pública de diversos Municípios, numa empresa pública de gestão de águas e em habitações nas zonas de Penafiel e Guimarães.

Já em relação a outra polémica que envolve o partido — a passagem da deputada socialista Ana Paula Vitorino (antiga ministra do Mar do primeiro Governo de António Costa) para presidir à entidade que regula os transportes em Portugal, Autoridade da Mobilidade e dos Transportes (AMT) — o ministro das Infraestruturas e da Habitação rejeitou as críticas e pediu “seriedade” no debate político.

“Há duas coisas fundamentais num regulador: a pessoa ser qualificada e dar garantias de independência face aos regulados. A Ana Paula Vitorino é uma das pessoas mais qualificadas do país para aquelas áreas e quem a conhece sabe que tem um perfil de independência“, afirmou Pedro Nuno Santos, acrescentando que “ter sido ministra não é cadastro”.

(Notícia atualizada às 17h10)

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