Malparado na banca cai para novo mínimo antes do fim das moratórias

Bancos tinham mais de 13 mil milhões de euros em empréstimos não produtivos no final de junho. Rácio de NPL continua a cair desde o pico de 2016. Moratórias deverão inverter trajetória.

Os bancos continuam a limpeza dos seus balanços e isso tem-se refletido numa melhoria dos níveis de crédito em incumprimento, apesar do impacto da pandemia. O rácio de NPL (non performing loans) atingiu os 4,3% no final de junho, menos 0,6 pontos percentuais em relação ao final de 2020. Ainda assim, os empréstimos não produtivos ascendiam a 13,5 mil milhões de euros.

Os dados foram avançados esta quinta-feira pelo Banco de Portugal, poucas horas depois de ter adiantado que os créditos em situação de moratória totalizavam os 36,3 mil milhões de euros em agosto, parte dos quais poderão se transformar em malparado.

As moratórias acabam esta quinta-feira para a grande maioria dos clientes beneficiários, mas as entidades oficiais rejeitam um cenário de catástrofe com o fim da medida que suspendeu os pagamentos dos créditos aos bancos desde o início da pandemia, em março de 2020, tendo sobretudo em conta a retoma da economia e as medidas anunciadas para o período pós-moratórias.

O malparado tem mantido uma trajetória de queda nos últimos anos depois do pico em 2016 (17,9%), tendência que a pandemia de Covid-19 ainda não travou, embora a redução se tenha feito a um ritmo menos intenso nos últimos trimestres.

Nos últimos quatro anos e meio os bancos nacionais já limparam mais de 30 mil milhões de euros de malparado dos seus balanços e conseguiram alcançar um rácio abaixo de 5% que é exigido pelas autoridades nacionais. O rácio de NPL está hoje em dia no nível mais baixo desde 2008, de acordo com as estatísticas oficiais.

Se contarmos com as imparidades, o rácio de malparado é ainda mais baixo: 1,9%, traduzindo-se em cerca de 5,99 mil milhões de euros em empréstimos tóxicos.

Malparado em mínimos

Fonte: Banco de Portugal

Rentabilidade da banca volta a subir

Depois do impacto inicial da Covid-19 ter feito baixar os lucros da banca no ano passado, 2021 parece estar a marcar nova tendência nos indicadores de rentabilidade. Tanto a rendibilidade do ativo (ROA) como a rendibilidade do capital próprio (ROE) aumentaram na primeira metade do ano, segundo os dados sobre Sistema bancário português divulgados esta quinta-feira pelo Banco de Portugal.

“No primeiro semestre de 2021, o ROA aumentou 0,37 pontos percentuais (pp), face ao primeiro semestre de 2020, para 0,44%. O ROE aumentou 4,3 pp, situando-se em 5,2%”, revelou o supervisor.

A contribuir para o aumento do ROA esteve o “crescimento dos resultados com operações financeiras e, em menor grau, a uma diminuição das provisões e imparidades”, explica o Banco de Portugal.

O custo do risco de crédito diminuiu 0,59 pp, para 0,33%, após o aumento significativo em 2020 devido à pandemia, devido ao registo de provisões e imparidades para crédito. Quanto ao rácio cost-to-income, que mede a eficiência do banco, situou-se em 53,2%, tendo diminuído 7,8 pp face ao período homólogo. “Esta evolução deveu-se maioritariamente ao aumento do produto bancário”, justifica o regulador.

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