“Não vou fingir que está garantido” o sucesso da COP26, diz Boris Johnson
As questões em aberto incluem definir um prazo comum para serem apresentados os compromissos nacionais de redução de emissões e a metodologia para os países relatarem as suas ações climáticas.
O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, admitiu esta quarta-feira que as boas intenções registadas nos primeiros dias da COP26 deram lugar a uma “situação difícil” para alcançar um acordo que mantenha o aquecimento global nos termos do Acordo de Paris.
Numa conferência de imprensa onde apelou para o consenso dos líderes mundiais no sentido de limitar o aumento da temperatura média global do planeta a 1,5 graus celsius (ºC) acima dos valores médias da era pré-industrial, Boris Johnson admitiu que vai ser difícil consegui-lo nos próximos dias, até ao final da COP26, previsto para sexta-feira.
“Acho que está em aberto. Tivemos um surto de atividade nos primeiros dias, as coisas mudaram. (…) Andámos em frente. Agora estamos a descobrir que as coisas estão difíceis”, disse.
O resultado, afirmou, depende de “líderes de todo o mundo telefonarem agora aos negociadores e pedirem que avancem da maneira que sabem que podem e devem avançar”.
“Ainda acho que é possível, mas não vou fingir que está garantido”, vincou, numa conferência de imprensa destinada a apelar para que os países façam cedências e aceitem compromissos.
O primeiro-ministro britânico reconheceu que a 26.ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP26) “não vai parar” as alterações climáticas, mas que acrescentou que, “se as coisas correrem bem nas 48 horas, 52 horas que restam” existe a possibilidade de ser definido um roteiro com alguns tipos de soluções que os países precisam de adotar.
Criticado na semana passada por ter viajado de avião entre Glasgow e Londres, desta vez Johnson chegou de comboio à cidade escocesa.
Nos primeiros dias, os líderes mundiais fizeram uma série de promessas para o corte de emissões de gases com efeito de estufa, prometendo o fim do carvão como fonte de energia, financiamento a tecnologias limpas e a reversão da desflorestação.
Mas os quase 200 países participantes na COP26 ainda estão longe de se entenderem na totalidade.
Questões em aberto incluem definir um prazo comum para serem apresentados os compromissos nacionais de redução de emissões e a metodologia para os países relatarem as suas ações climáticas.
Outro ponto de discórdia é o financiamento e as promessas não cumprida dos países ricos de darem mais dinheiro aos países mais vulneráveis às mudanças climáticas, geralmente nações em desenvolvimento.
Rascunhos dos textos com as decisões finais foram publicados esta manhã, mas serão as consultas políticas dos próximos dias que vão ditar a versão final.
A presidência britânica mantém-se determinada em concluir a COP26 na sexta-feira, mas tal seria inédito já que as negociações destas conferências têm um histórico de se prolongarem para lá da data prevista.
A COP26 decorre seis anos após o Acordo de Paris, que estabeleceu como meta limitar o aumento da temperatura média global do planeta entre 1,5 e 2 graus celsius acima dos valores da época pré-industrial.
Apesar dos compromissos assumidos, as concentrações de gases com efeito de estufa atingiram níveis recorde em 2020, mesmo com a desaceleração económica provocada pela pandemia de covid-19, segundo a ONU, que estima que ao atual ritmo de emissões, as temperaturas serão no final do século superiores em 2,7 ºC.
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