Voltar ao teletrabalho? Patrões esperam “medidas proporcionais” face ao agravamento da pandemia
O teletrabalho pode voltar a ser obrigatório, em função da trajetória da pandemia de coronavírus, admitiu o Governo. Patrões apelam a "medidas proporcionais" baseadas em "dados objetivos".
A pandemia está a agravar-se por toda a Europa e Portugal não escapa a essa tendência. Para mitigar a escalada das infeções, a Alemanha já prepara um regresso maciço ao teletrabalho e, por cá, a ministra do Trabalho, Ana Mendes Godinho, também não descarta essa possibilidade. Em reação, a Confederação Empresarial de Portugal (CIP) diz esperar que sejam tomadas “medidas proporcionais” baseadas em “dados objetivos” e lembra que os locais de trabalho não foram focos particulares de propagação.
Em declarações aos jornalistas, no âmbito da apresentação de um inquérito sobre a evolução da economia portuguesa realizado pela CIP e pelo ISCTE, o vice-presidente do Conselho Geral dessa confederação, Óscar Gaspar, sublinhou que Portugal tem, neste momento, a vantagem de contar uma taxa mais expressiva de população vacinada contra a Covid-19 e elogiou o “excelente desempenho” que foi conseguido, no último ano e meio, nos locais de trabalho à boleia da responsabilidade dos trabalhadores e dos esforços dos empresários, quando questionado sobre a possibilidade de a adoção do teletrabalho voltar a ser obrigatória.
Possibilidade essa que não foi descartada, esta segunda-feira, pela ministra do Trabalho, que explicou que tal decisão dependerá da evolução da pandemia em Portugal. “Façam o que for necessário”, atirou Óscar Gaspar, alertando, contudo, para o impacto de tais medidas na economia.
Já o inquérito referido — que é relativo a outubro e parte das respostas de 360 empresas — indica que “houve um agravamento da opinião dos empresários relativamente aos apoios do Estado“, considerando mesmo 73% dos inquiridos que tais ajudas são burocráticas ou muito burocráticas. Outro dado relevante a este respeito é que 8% das empresas que ainda não se candidataram a estes subsídios admitem vir a candidatar-se.
Por outro lado, 43% das empresas confessam ter reduzido as suas vendas (e a queda média foi de 32%). Já quanto ao futuro, 31% das empresas preveem aumentar as vendas até ao final do ano enquanto 39% antecipam uma quebra.
No que diz respeito aos recursos humanos, 80% das empresas inquiridas consideram que vão manter as suas equipas como estão até ao final do ano, 12% projetam que aumentarão — em maior detalhe, 32% das grandes empresas pensam que podem vir a aumentar as suas equipas — e 8% antecipam uma diminuição.
Relativamente ao Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), 40% dos empresários dizem que este envelope de fundos europeus não terá impacto algum na sua empresa e só 8% admitem que terá um efeito significativo. A propósito deste dado, Óscar Gaspar defendeu que é preciso que a bazuca seja transparente e enfatizou que não pode ser de monopólio público. “Penso que ainda estamos a tempo de arrepiar caminho em relação a essa matéria”, salientou. “Este é o momento de crescermos de forma diferente“, acrescentou ainda o mesmo responsável da CIP.
(Notícia atualizada às 17h30)
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