Menor flexibilidade no setor de entregas de comida poderá levar à saída de até 250 mil trabalhadores

Se os estafetas de entregas de comida fossem obrigados pelas plataformas a trabalhar mais horas do que as habituais, a Delivery Platforms Europe prevê que 250 mil trabalhadores abandonem a atividade.

Uma mudança de política em toda a União Europeia (UE) no sentido de remover a possibilidade de trabalho flexível poderia impedir até 250.000 estafetas de aceder ao trabalho através de plataformas de entrega de comida. Esta é a principal conclusão do estudo publicado pela Copenhagen Economics, a pedido da Delivery Platforms Europe, que reúne empresas como a Uber Eats, Bolt, Glovo, Delivery Hero e Wolt.

“A maioria dos estafetas valoriza a flexibilidade e gostaria de manter o controlo da quantidade, quando e onde trabalham. Este estudo pan-europeu abrangente confirma isso. A flexibilidade não deve prejudicar a segurança e o bem-estar dos estafetas. Queremos trabalhar com legisladores e decisores políticos para encontrar soluções para combinar flexibilidade e redes de segurança”, afirma Miki Kuusi, cofundador e CEO da Wolt, um dos fundadores da Delivery Platforms Europe, citado em comunicado.

Se o trabalho independente através de plataformas fosse substituído por um modelo de emprego menos flexível, onde as horas são predeterminadas pelas plataformas, entre 100.000 e 150.000 estafetas seriam forçados a desistir do seu trabalho de entregas. E se estes profissionais fossem obrigados a trabalhar mais horas do que as habituais, o número seria ainda mais elevado: até 250.000 abandonariam as plataformas de entrega.

A flexibilidade é, de facto, crítica: é a principal razão (67%) pela qual os estafetas trabalham com plataformas de entregas, uma atividade profissional considerada “complementar” pela maiora (72%), que admite conciliar o trabalho de estafeta com os estudos (34%) ou com outro emprego (34%), revela o estudo que inquiriu mais de 16.000 estafetas de 24 países europeus, entre os quais Portugal.

Já no que toca a valores remuneratórios, em média, apenas metade (54%) do rendimento dos estafetas é gerado a partir do trabalho em plataformas, nas quais trabalham em média 23 horas por semana.

“Fica claro que, para a maioria dos estafetas, a flexibilidade é crítica, já que o trabalho de entregas é uma atividade complementar aos seus estudos ou outros empregos. Se retirarmos essa flexibilidade, dezenas de milhares de estafetas em toda a Europa serão desencorajados ao perder o trabalho e enfrentarão uma redução significativa nos rendimentos com o trabalho através de plataformas. Isso não só prejudicaria os estafetas mas também os consumidores, as empresas locais e a economia europeia em geral”, defende Bruno Basalisco, diretor da Copenhagen Economics.

De acordo com o estudo encomendado pela Delivery Platforms Europe, há mais de 375 mil oportunidades de trabalho nas plataformas de food delivery, que, em 2020, foram capazes de gerar cerca de 20 mil milhões de euros de receitas para estafetas, plataformas e restaurantes.

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