João Rendeiro garante que não volta a Portugal a não ser que seja ilibado

Em entrevista à CNN Portugal, Rendeiro diz-se injustiçado e compara a sua situação com a de Ricardo Salgado, que diz ser “protegido pelo sistema”.

O ex-banqueiro João Rendeiro não volta a Portugal pelos próprios pés. O foragido à Justiça desde o dia 28 de outubro diz, em entrevista à CNN Portugal, que só voltará se for ilibado ou se for indultado pelo Presidente da República.

Rendeiro diz-se injustiçado e compara a sua situação com a de Ricardo Salgado, que diz ser “protegido pelo sistema”. Já quanto a si próprio tem outra opinião: “Como nunca paguei nada a ninguém e não tenho segredos de Estado, sou um poderoso fraco”. Salgado “segue com a sua vida tranquila em Lisboa”, diz. Rendeiro fugiu para parte incerta. A CNN Portugal não conhece o paradeiro de Rendeiro, que deu esta entrevista à distância e através de tecnologias que escolheu para proteger rastos de localização.

João Redeiro insiste na comparação com Ricardo Salgado — cujo julgamento decorre nesta altura num processo separado da Operação Marquês — sublinhando que o ex-presidente executivo do BES “é uma pessoa que tem muita informação sobre operações delicadas e intervenientes também complexos”. Dizendo ainda que os seus crimes “não são muitos” quando comparados “com os 60 de Ricardo Salgado”.

“A Justiça não me podendo apanhar, apanhou a Maria”, explicou Rendeiro à CNN Portugal. “O alegado crime de descaminho é responsabilidade minha, não da Maria”.

João Rendeiro dá explicações sobre a questão das obras de arte e da casa de luxo alegadamente comprada pelo o seu motorista, conta o seu dia-a-dia no local onde se decidiu esconder e explica ainda qual o seu novo desafio profissional.

No dia 28 de setembro, João Rendeiro informou a justiça de que ia passar uns dias a Londres e que regressaria no dia 30 de setembro mas acabou por fugir à Justiça, avisando que não pretendia regressar. O antigo líder do BPP, que está condenado em três processos a penas de dez, cinco e três anos de prisão, fugiu à justiça portuguesa e não se apresentou para cumprir qualquer pena.

O tribunal ordenava a João Rendeiro que no dia 1 de outubro, pelas 14h00, se apresentasse perante a juíza. Mas esta decisão é relativa à sua condenação de maio deste ano — a dez anos de prisão efetiva — e não à decisão de pena de prisão efetiva de cinco anos, já transitada em julgado e que foi decidida por outro juiz, Francisco Henriques.

Condenado a cinco anos e oito meses de prisão efetiva por falsidade informática e falsificação de documento, esta decisão transitou em julgado a 17 de setembro. E seria por esta decisão que Rendeiro estava a dias de ser detido. Em julho, o Tribunal da Relação de Lisboa (TRL) aceitou parcialmente o recurso do Ministério Público, que não ficou satisfeito com a pena de cinco anos de prisão determinada em outubro de 2018, tendo aumentado a condenação em oito meses pelos crimes de falsidade informática e falsificação de documentos, em coautoria.

O processo estava relacionado com a adulteração da contabilidade do BPP, envolvendo uma verba a rondar os 40 milhões de euros, e o tribunal de primeira instância considerou que os arguidos agiram com dolo direto e que João Rendeiro, Paulo Guichard e Fezas Vital tinham perfeito conhecimento da ocultação de dados ao Banco de Portugal.

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