Constâncio diz que fuga de Rendeiro é “lamentável” e que “justiça não funcionou”

Em entrevista à RTP3, o antigo governador do Banco de Portugal lamentou que o quadro legal não seja suficientemente "severo e diligente" para evitar casos como a fuga do ex-presidente do BPP.

O ex-governador do Banco de Portugal Vítor Constâncio considera que a fuga do antigo presidente do BPP, João Rendeiro, é “lamentável” e mostra que a “justiça não funcionou com a eficácia que se desejaria” neste caso.

Em entrevista ao programa “Tudo é Economia”, da RTP3, Constâncio lamentou ainda que o quadro legal em Portugal não seja “suficientemente severo e diligente ao contrário de outros países” para evitar situações como a do caso de Rendeiro, que fugiu do país em setembro para não cumprir a pena de prisão determinada pelo tribunal.

“O que aconteceu nesse caso e noutros, foi que as autoridades — quer o Banco de Portugal, quer a CMVM –, organizaram os seus processos, enviaram todos os dados para o sistema judicial e, depois, o sistema judicial não funcionou com a eficácia que se desejaria”, disse o antigo governador do Banco de Portugal, que lembrou que, na altura, usou um poder do banco central para retirar a administração de Rendeiro do BPP, substituindo-a por outra, devido às “irregularidades e incorreções que foram detetadas” no banco.

Em entrevista à CNN Portugal, João Rendeiro, que se encontra em parte incerta, disse na segunda-feira que só regressaria a Portugal se for ilibado ou se tiver um indulto do Presidente da República.

"Tudo é lamentável, com certeza. Obviamente tem a ver com todo este quadro que não é suficiente severo e diligente ao contrário do que temos noutros países.”

Vítor Constâncio

Ex-vice-presidente do BCE e antigo governador do Banco de Portugal

Constâncio não vê subida dos juros até 2024

Na mesma entrevista, Vítor Constâncio sublinhou que a elevada inflação que a Zona Euro está a registar neste momento é temporária e que os efeitos que a estão a suportar, como a questão do IVA na Alemanha e a alta dos preços energéticos, vão desaparecer no próximo ano.

Nesse sentido, o antigo vice-presidente do Banco Central Europeu (BCE) não vê o banco central a subir os juros até, pelo menos, 2024, pois não estarão reunidas as condições para um agravamento do preço do dinheiro, pelo que as famílias poderão estar “descansadas” com os empréstimos das casas.

“Pensando nas previsões de inflação até 2024, isso permitiria antecipar que não haverá condições para aumentar as taxas de juro na Área do Euro antes de 2024 ou 2025, se se puder que nessa altura teríamos essas condições. Nem para o ano, nem para 2023 e na minha opinião, em 2024 essas condições estarão preenchidas, a menos que houvesse um tal processo sustentado de inflação mais elevada, em que eu não acredito”, afirmou Vítor Constâncio, na primeira entrevista.

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