Juros da dívida aceleram com “puxão” da Fed. Taxa portuguesa a 10 anos em máximos de dois meses
Alemanha, Itália e Espanha assistem a uma subida das taxas das obrigações para máximos de mais de um ano. Portugal também vê percepção de risco agravar-se para o nível mais alto desde novembro.
As atas da Reserva Federal norte-americana, onde o banco central admite que pode subir a taxa de juro de referência mais cedo do que o esperado, estão a pressionar as ações e a provocar um aumento dos juros da dívida. A taxa portuguesa a dez anos avança esta quinta-feira para máximos de dois meses.
Desde a reunião do Banco Central Europeu (BCE) em meados do mês passado que os juros das obrigações da Zona Euro não param de subir. A Fed dá agora novo contributo para esta escalada. O banco central americano já tinha anunciado que ia subir os juros este ano. Mas isso acontecerá mais cedo do que os investidores previam: em março em vez de maio ou junho. Aumentam agora as apostas dos investidores em relação ao BCE, que tem afastado um agravamento do preço do dinheiro nos próximos anos por considerar que a alta inflação é “temporária”.
As atas da Fed estão a provocar uma forte aversão ao risco nos mercados. O Nasdaq caiu mais de 3% na sessão de quarta-feira, com o setor tecnológico sob pressão. Esta quinta-feira, as bolsas europeias replicam o sentimento negativo, com o Stoxx 600 a perder mais de 1%.
O mercado secundário de dívida também está a ser penalizado. A yield associada às obrigações do Tesouro portuguesas a dez anos sobe para 0,558%, o valor mais elevado desde 1 de novembro.
Juros portugueses sobem
Fonte: Reuters
Também se agrava a perceção de risco dos investidores em relação às dívidas dos outros países do euro. A taxa espanhola no mesmo prazo avança para 0,65%, a mais alta desde junho de 2020. Também Itália assiste aos juros mais altos desde julho de 2020, estando as obrigações a dez anos a transacionarem com um juro de 1,288%.
No caso da Alemanha, a referência dos investidores, a yield das bunds a dez anos, que passaram a ter uma nova linha de referência, aumenta para -0,05%, o nível mais elevado desde maio de 2019. Na anterior linha, o juro estava nos -0,12%.
Além da questão da subida dos juros, alguns responsáveis da Fed referiram na reunião de dezembro que seria apropriado começar a reduzir o tamanho do balanço do banco central, que o mercado está a ver como uma grande mudança no tom dos dirigentes da Fed.
“A discussão em torno das compras nas atas da Fed é muito relevante. Em primeiro lugar, mostra a magnitude da mudança de tom do Fed à medida que contempla uma redução do balanço mais agressiva em paralelo aos aumentos dos juros”, explicou o analista Antoine Bouvet, do banco ING.
Os futuros dos Fed funds incorporam já uma probabilidade de quase 80% de uma subida de 0,25% da taxa de referência em março.
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