Lloyd’s of London assina a sua maior transformação digital em 20 anos
O hub londrino de seguros promete cerca de 800 milhões de libras em poupanças aos operadores do mercado. Entretanto, o impacto da Covid nos hábitos de trabalho abre cenário de mudança de instalações.
A Lloyd’s of London, a DXC Technology e a International Underwriting Association (IUA) confirmaram o contrato de associação que vai assegurar a transformação digital de toda infraestrutura tecnológica e o processo de negócio daquele que foi o primeiro mercado mundial de transação de riscos comerciais, (re)sseguro global e coberturas especiais.
Trata-se de um “marco fundamental” na construção do Futuro no Lloyd’s, “um mercado de seguros centrado em dados, automatizado e rentável. Em mais de 20 anos, é a primeira vez que a infraestrutura tecnológica que sustenta o mercado londrino será completamente renovada.,” afirma o hub de seguros.
Caberá à DXC liderar o processo tecnológico de remodelação de toda a informática do mercado e implementar uma nova plataforma digital baseada na cloud (AWS), substituindo sistemas analógicos antigos e automatizando processos que, até agora, continuam a ser manuais.
Com o modelo de trabalho híbrido adotado em consequência das restrições resultantes da pandemia de Covid-19, “ficou demonstrado o esforço de modernização no Lloyd’s of London. Agora, com o compromisso conjunto da DXC, da Lloyd’s e de todo o mercado londrino, temos a capacidade de transitar para uma solução de plataforma única, através da qual o mercado beneficiará de processamento e contabilidade automatizados, com redução substancial dos custos operacionais, oferecendo aos clientes um serviço melhor e muito mais rápido,” afirma John Neal, CEO do Lloyd’s of London.
Anunciado primeiro em maio de 2021, e agora reforçado também com o acordo da LMA – Lloyd’s Market Association, importante associação de participantes e operadores do mercado, o contrato acaba de ser confirmado e é peça central do plano estratégico – “Blueprint Two” – concebido para concretizar o projeto de transformação e futuro do Lloyd’s of London, deixando para trás o que a própria organização designou então como “Lloyd’s-isms,” ou seja, o escolho de vícios tradicionais largamente assente nos processos em papel.
No mesmo comunicado, Mike Salvino CEO da DXC Technology, reforça: “A nova plataforma digital irá transformar radicalmente o modelo de operação de todo o mercado londrino.”
O projeto de transformação digital do Lloyd’s terá 2 anos de execução e será financiado com recurso a emissão de dívida realizada em 2020. Proporcionará aos participantes do mercado poupanças estimadas de 800 milhões de libras esterlinas (3% dos custos operacionais do hub londrino). Concretizar a agenda de digitalização do Lloyd’s representará cerca de 960 milhões de euros (ao câmbio do dia) em redução de custos de operação através de ganhos de eficiência e menos burocracia no final da automação de processos, libertando os operadores do mercado (seguradoras, corretores, managing agents e sindicatos) para tarefas que acrescentam valor ao negócio através de produtos e serviços mais inovadores, mais alinhados com as necessidades dos clientes, segundo o pdf do projeto Blueprint Two, divulgado em novembro de 2020.
O hub londrino representa cerca de 7% do mercado mundial do (re)seguro comercial, emprega mais de 45 mil pessoas distribuídas por instalações no Reino Unido e um volume bruto de prémios emitidos estimado em mais de 110 mil milhões de dólares.
Mudança de instalações é objeto de ponderação cuidada
Em consequência da pandemia, a menor utilização do espaço imobiliário pago fez com que muitas organizações repensem gastos e ponderem a continuidade (ou não) de ocupação das instalações, sobretudo em localizações mais caras para escritórios. Este é o caso do icónico edifício nº1 da Lime Street, em Londres, de estrutura tubular metálica, vista do exterior.
Projetada pelo arquiteto Richard Rogers (falecido em 2021), o imóvel é a casa do mercado Lloyd’s of London desde 1986. Inaugurado nesse ano, o prédio que mede pouco mais de 90 metros de altura teve custo estimado de 75 milhões de libras esterlinas (segundo valor reportado na data). O imóvel foi adquirido pelo Commerzbank em 2005, por 231 milhões de libras. Oito anos depois, a seguradora chinesa Ping An pagou 260 milhões de libras pelo nº1 da Lime Street, uma das vias mais visitadas da city.
A Lloyd’s of London tem um contrato de leasing para uso do edifício até 2031, com cláusula que permite à locatária exercer opção em 2026. Segundo o Financial Times (FT), a Lloyd’s explicou: “à medida que nos adaptamos a novas estruturas e formas flexíveis de trabalho, continuamos a pensar cuidadosamente nas necessidades futuras para os espaços e serviços de que o nosso mercado necessita”.
Local de trabalho para cerca de 5 mil participantes do mercado (representando cerca de 400 empresas), a frequência para a atividade de subscrição desenvolve-se sobretudo pela área térrea e quatros pisos por onde se distribuem os gabinetes (boxes) de negócios com varandas interiores e acesso para o átrio principal onde está a histórica Lutine Bell.
A ocupação e utilização do imóvel pela Lloyd’s tem estado sob avaliação em resultado do impacto da pandemia sobre a organização do trabalho, que reduziu a presença dos profissionais e coloca a questão da utilização eficiente (rentabilidade) dos espaços. E isso tem sido evidente no hub londrino de seguros.
A especulação sobre a possível mudança de instalações do hub de seguros mais antigo do mundo remonta a novembro de 2021, mas até ao momento não foi confirmada data de mudança nem futura localização para o Lloyd’s.
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