Ucrânia quer ajuda das seguradoras para isolar Rússia. Refugiados têm seguro auto gratuito nos países vizinhos
Associação polaca de seguros oferece cobertura gratuita de RC por 30 dias para refugiados ucranianos que viajam em automóvel. Seguradoras europeias avançam apoio financeiro e humanitário à Ucrânia.
O Banco Nacional da Ucrânia (NBU) lançou apelo dirigido às (re)seguradoras e corretoras internacionais para cortarem relações com a Rússia. O pedido da autoridade monetária é dirigido ao mercado, nomeadmente “Lloyd’s, Swiss Re Ltd, Munich Reinsurance Company, Gen Re, Hannover Re, SCOR S.E., PartnerRe Ltd., Arch Re, AIG, Marsh, Willis”, para que estas entidades “deixem de cumprir contratos e acordos de resseguro de riscos das seguradoras da Rússia”.
Ao mesmo tempo que assume ter tomado “as medidas necessárias para assegurar que a defesa financeira do nosso país se mantém impenetrável, opomo-nos veementemente às práticas que permitem às seguradoras sediadas no país agressor ressegurar os seus riscos através de resseguradoras internacionais e corretores de seguros e resseguros,” afirma o vice-Governador do NBU, Sergiy Nikolaychuk no comunicado da autoridade monetária ucraniana.
De acordo com o NBU, associações e organismos que participam no mercado de seguros da Ucrânia (Insurance Business Association; National Association of Insurers of Ukraine; League of Insurance Organizations of Ukraine; Kharkiv Union of Insurers e a Federation of Insurance Intermediaries of Ukraine) subscreveram posições no mesmo sentido. Num manifesto publicado na plataforma Insurance ERM, as entidades associativas do setor pedem uma ação da indústria internacional de seguros contra o agressor russo, centrada em 4 pontos:
- Não segurar ou ressegurar riscos de empresas russas ou de interesses instalados na Rússia;
- Não investir nem emitir garantias financeiras a favor de seguradoras ou outras entidades baseadas na Rússia;
- Suspender atividade (de seguros e corretagem) que as companhias estrangeiras desenvolvam através de subsidiarias ou representantes em território russo;
- Bloquear o acesso das seguradores russo a todo o tipo de suporte informativo, formação, conferências e seminários.
De acordo com o volume de negócios em 2020, o Top 5 das maiores seguradoras russas ordenavam pela seguinte ordem: VTB-SOGAZ (24% de quota de mercado); Alfa Strakhovanie (13%); Sberbank Insurance (8%); Ingosstrakh (7,5%), RESO Garantia (7,3%).
Alemanha tem 63% do investimento na Rússia sem cobertura de seguros
Uma análise do banco Berenberg sobre seguradoras, que o banco de investimento acompanha, revela que essas companhias têm exposição relativamente pequena (ou insignificante) ao mercado russo. A instituição financeira de Hamburgo crê, segundo o site Insurance Insider, que a Allianz seria a mais exposta às consequências do conflito, com apenas cerca de 2 000 milhões (de um total de 809 mil milhões de ativos de investimento grupo) em risco.
Mas, a Alemanha receia que as sanções ocidentais contra a Rússia em retaliação pela invasão na Ucrânia tenham “grandes repercussões” na economia do país, segundo o ministro da Economia, Robert Habeck. De acordo com o governante, citado pela Agência Lusa, “as empresas alemãs investiram cerca de 20.000 milhões de euros na Rússia”, dos quais apenas “7.400 milhões de euros são cobertos por seguros”.
“O impacto das sanções e da guerra é tal que se receia que mesmo as pequenas ruturas tenham grandes repercussões”, avançou ao ministro numa conferência de imprensa em Berlim, após conversações com agentes económicos alemães. Estes efeitos são “previsíveis e já parcialmente percetíveis”, acrescentou Habeck, considerando que foi “confrontado com uma situação de uma complexidade que não era vista há vários anos”.
Refugiados isentos de seguro automóvel na Polónia e Eslováquia
Diversas seguradoras que operam na Polónia, incluindo PZU, Warta e subsidiárias locais da Allianz e a Ergo Hestia, aderiram à iniciativa de oferta gratuita por 30 dias de MPTL (sigla inglesa que designa seguro automóvel de responsabilidade civil face a terceiros) aos automobilistas refugiados que entram em território polaco deslocando-se em veículos matriculados na Ucrânia.
Gesto idêntico de solidariedade foi replicado por seguradoras na Eslováquia. Uma nota no site do Slovak Insurers Bureau informa os automobilistas que passam a fronteira, provenientes da Ucrânia, de que eventuais danos causados por veículos matriculados na Ucrânia até 31 de março (em território da República Eslovaca), serão cobertos pelo organismo eslovaco de seguros.
Seguradoras presentes na Ucrânia prestam apoio financeiro e voluntariado
Outras companhias decidiram avançar com ações de apoio financeiro e humanitário, nuns casos em auxílio a funcionários que asseguram a suas operações na Ucrânia, e noutros, em ações de voluntariado e eventos para recolha de fundos a favor das pessoas afetadas pela invasão e agressão militar russa na Ucrânia.
Um comunicado da PIU- Polska Izba Ubezpieczeń (Associação Polaca de Seguros) detalha, além da gratuitidade da cobertura MPTL no designado “seguro de fronteira,” as doações feitas por diversas seguradoras. Entre as companhias que anunciaram ajuda, a PZU, companhia líder de seguros na região Centro e Leste da Europa, decidiu apoiar as famílias dos cerca de 700 funcionários do grupo na Ucrânia, e a austríaca Uniqa, que também tem trabalhadores no país atacado pela Rússia, tomou medidas.
Entre as companhias que avançaram com ações de solidariedade e apoio referem-se a Warta, que canalizou 11 milhões de zlóti (2,3 milhões de euros) para atividades de assistência a funcionários do grupo e cidadãos ucranianos que permanecem no seu país; Allianz Group com doação total de 12,5 milhões de euros (dos quais 2,5 milhões visam duplicar fundos angariados pelos empregados) para ações de apoio humanitário. Outras, NN Group (Nationale Nederlanden), M&G Group (subsidiária local da Prudential), TU Europa (subsidiária local da alemã Talanx) e a Generali, que colabora localmente com a Caritas, na Ucrânia, anunciaram igualmente ações de apoio e assistência.
A austríaca VIG (Vienna Insurance Group) criou um fundo que já financiou com 5 milhões de euros e convidou funcionários das subsidiárias do grupo a contribuírem. Os recursos angariados servirão para apoio direto das famílias dos empregados das filiais do grupo segurador no mercado ucraniano.
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