Powell puxa pelos juros da dívida, taxa portuguesa renova máximos desde a pandemia

Comentários do presidente da Fed estão a dar corda aos juros da dívida da Zona Euro. Taxa das obrigações portuguesas escalam até 1,3%, o valor mais elevado desde o início da pandemia.

Os juros da dívida dos governos da Zona Euro dão um salto esta terça-feira, depois de o presidente da Reserva Federal americana, Jerome Powell, ter admitido que pode ser mais agressivo a subir as taxas dos fundos da Fed do que prevê para combater a escalada da inflação.

Powell, que já tinha dado um forte sinal há uma semana de que estava totalmente comprometido com a estabilidade dos preços, disse esta segunda-feira que, se for necessário, o banco central vai ser “mais agressivo” a subir as taxas para evitar que uma espiral de subida de preços, evitando que a inflação se enraíze.

Os investidores estão a incorporar essa abordagem no preço dos títulos de dívida e a fazer com que os juros das obrigações subam para máximos de vários anos, dependendo do país.

Por cá, a yield associada às obrigações a dez anos avança para os 1,301%, que é o valor mais alto desde 18 de março de 2020, o dia em que começou a pandemia e o pânico irrompeu pelos mercados dada a elevada incerteza que havia pela frente. Sem esse pico de 1,4% registado naquele dia, estaríamos a falar agora de máximos de março de 2019.

Juros em alta

Fonte: Reuters

Negociando acima de 0,5%, os juros alemães – os títulos de referência na Zona Euro — no mesmo prazo estão em máximos de outubro de 2018.

Espanha e Itália também assistem a um agravamento dos juros no mercado secundário. A taxa espanhola sobe para 1,425%, a mais alta desde janeiro de 2019, a taxa italiana volta a superar os 2% e está em máximos desde abril de 2020.

Os mercados estão a incorporar uma subida de 190 pontos base na taxa de juro da Fed até final do ano, incluindo a possibilidade de uma subida de 50 pontos na reunião de maio, o que significaria um aumento de 215 pontos base em 2022. O banco central está a antecipar subidas de 25 pontos base por cada uma das seis reuniões que o seu comité de política monetária vai realizar ainda este ano.

“A última vez que vimos subidas de mais de 200 pontos base num ano foi em 1994 (quando subiram 250 pontos base). Ou seja, vamos ter potencialmente o aperto monetário mais rápido das últimas três décadas”, referem os analistas do Deutsche Bank citados pela Reuters.

Há uma semana, Powell destacou a robustez da economia e do mercado de trabalho para dizer que os EUA conseguem aguentar a subida dos juros. Esta segunda, lembrou que “em 1965, 1984 e 1994 a Fed conseguiu subir os juros sem provocar uma recessão”, diz o Deutche Bank.

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