Proteção Civil dos Açores prepara medidas preventivas para crise sismovulcânica
Estão em preparação medidas preventivas que possam ser adotadas num possível cenário de um sismo de maior magnitude ou de uma possível erupção, em São Jorge, Açores.
O Governo Regional dos Açores prepara-se para cenários de retirada de pessoas da ilha de São Jorge, caso a crise sísmica se agrave, revelou o secretário regional da Saúde. “Estamos a cuidar deste problema em permanência com os melhores técnicos para, no caso de ser necessário, termos a resposta preparada para intervir. Esta resposta tem uma natureza ao nível de necessidade de evacuações e de cuidados de saúde e tudo isto está a ser preparado para, na nossa esperança, não ser necessário”, afirmou o titular da pasta da Saúde nos Açores, Clélio Meneses, numa conferência de imprensa, em Angra do Heroísmo.
“O Serviço Regional de Proteção Civil e Bombeiros dos Açores (SRPCBA) informou que está a preparar medidas preventivas que possam ser adotadas num possível cenário de um sismo de maior magnitude ou de uma possível erupção, resultante da crise sismovulcânica que está a ser registada, desde do dia 19 de março, na ilha de São Jorge”, lê-se num comunicado enviado às redações.
Ainda de acordo com Clélio Meneses, os sismos estão a ocorrer a “uma profundidade ainda considerável” e não há evidências de que haja atividade vulcânica na ilha de São Jorge, mas as entidades têm de estar preparadas para dar “uma resposta adequada”.
De acordo com a Proteção Civil, as medidas estão a ser delineadas em articulação com as autarquias e agentes com responsabilidade na área de socorro às populações, revelando que “já se encontra na ilha de São Jorge um técnico do SRPCBA para reunir com os municípios e prestar apoio” e “está a ser operacionalizado o envio de equipamento de suporte para reforçar a capacidade de resposta da ilha em caso de necessidade”.
“Estamos preparados para acudir em tempo real, sabendo que estamos perante uma catástrofe, se acontecer. Se não acontecer, ainda bem e só prova que o Serviço Regional de Proteção Civil dos Açores, os bombeiros da região e todo o Serviço Regional de Saúde estão preparados para acudir intempéries”, afirmou o governante.
Segundo a Proteção Civil, “a preparação está a ser realizada sob a coordenação do SRPCBA, através de contactos com as Câmaras Municipais de Velas e Calheta, Serviços Municipais de Proteção Civil, Corpos de Bombeiros de Velas e Calheta, assim como com outros agentes de Proteção Civil e entidades com responsabilidade nesta área que possam contribuir para o socorro às populações em caso de necessidade.”
De acordo com a informação avançada pelo Centro de Informação e Vigilância Sismovulcânica dos Açores (CIVISA), “todos os sismos até agora registados na ilha de São Jorge são de origem tectónica.
“O facto de a crise sísmica se situar no denominado Sistema Vulcânico Fissural das Manadas leva a que se passe a designar por crise sismovulcânica, devendo ser considerados todos os cenários, incluindo um sismo de maior magnitude ou uma possível erupção,” lê-se na nota emitida, lembrando que os municípios de Velas e de Calheta ativaram segunda-feira (21 de março) os seus planos municipais de emergência de proteção civil.
O SRPCBA apela à população que “mantenha a calma, esteja atenta e siga as informações e recomendações difundidas pelas autoridades, não contribuindo para a divulgação de boatos”.
Dois sismos com a magnitude de 2,2 na escala de Richter foram registados terça-feira (22 de março) no concelho das Velas, em São Jorge, nos Açores, revelou o Centro de Informação e Vigilância Sismovulcânica dos Açores (CIVISA).
Em comunicado, o CIVISA refere que o primeiro evento aconteceu às 15:13 locais (mais uma hora em Lisboa), com epicentro a cerca de um quilómetro da freguesia de Santo Amaro. O sismo teve magnitude de 2,2 e, “de acordo com a informação disponível até ao momento”, foi sentido com a intensidade máxima de III/IV (Escala de Mercalli Modificada). O segundo sismo decorreu às 15:38, com uma magnitude de 2,2 na escala de Richter, tendo sido sentido com a intensidade máxima III na escala de Mercali, na Urzelina. O epicentro foi registado a cerca de três quilómetros daquela freguesia do concelho das Velas.
O presidente do CIVISA, Rui Marques, disse que a atividade sísmica em São Jorge continua “muito acima” dos valores de referência. “Continuamos com uma sismicidade claramente muito acima daquilo que é o normal para este sistema vulcânico fissural. Já foram registados, desde sábado, aproximadamente 1.800 eventos e destes já foram sentidos 94. Todos os sismos registados na rede do CIVISA são de origem tectónica, até ao momento”, explicou.
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