ERSE lança painel de dados sobre importação e consumo de gás natural em Portugal
Numa altura em que o gás natural é um tema crítico na Europa, depois da invasão da Rússia à Ucrânia, a ERSE lançou um painel de informação sobre o gás, para aumentar a "literacia energética" do país.
De onde vem o gás natural que consumimos? E onde é armazenado? Numa altura em que o gás é um hot topic na Europa, a ERSE lançou uma ferramenta que agrega dados de várias origens, facilitando o acesso a informações e estatísticas sobre a utilização de infraestruturas de gás natural em Portugal, contribuindo para aumentar a “literacia energética” dos portugueses.
E o país tem várias dessas infraestruturas. É em Sines que fica uma das mais importantes: o terminal de gás natural liquefeito (GNL) operado pela REN, que vai ter um papel determinante na redução da dependência europeia do gás russo. O armazenamento subterrâneo localiza-se em Pombal, distrito de Leiria. E existem duas interligações com Espanha: Campo Maior – Badajoz e Valença do Minho – Tuy.
Até aqui, a informação sobre a utilização destas estruturas estava dispersa. Por exemplo, a REN tem o seu próprio data hub, enquanto a Direção-Geral de Energia e Geologia é a entidade que disponibiliza informação sobre os agentes e operadores do setor. A partir de agora, a Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE) concentra tudo num painel interativo.
“A ERSE lançou uma nova ferramenta para fomentar o conhecimento sobre a estrutura e funcionamento do setor do gás em Portugal, contribuindo assim para o reforço da literacia energética”, explica o regulador num comunicado. “Este dashboard sobre a Utilização das Infraestruturas do Setor do Gás, que abrange dados relativos ao período de 2015 a 2022, permitiu agregar na mesma plataforma um conjunto de informação estatística que, até agora se encontrava dispersa”, acrescenta.
Assim, na nova ferramenta da ERSE, os cidadãos podem facilmente visualizar dados estatísticos sobre a importação de gás natural e o seu consumo, através do nível de utilização das várias infraestruturas existentes no país: terminal de GNL de Sines, interligações com Espanha, armazenagem em Leiria e a própria Rede Nacional de Transporte de Gás (vulgo, gasodutos).
Desde logo, é possível perceber que Portugal recebeu oito navios metaneiros com bandeira russa em 2021, que forneceram mais de 1,3 milhões de metros cúbicos de GNL, em comparação com 34 navios vindos da Nigéria. Atracaram ainda 18 navios norte-americanos, um número que pode vir a aumentar este ano, tendo em conta que os EUA vão acelerar a exportação de GNL para a Europa, na sequência do plano de redução da dependência do gás russo, por causa da invasão da Rússia à Ucrânia.
São apenas alguns dos dados que é possível recolher da nova plataforma da ERSE. A sua criação é sinal da importância que o gás natural está a tomar na Europa, numa altura em que Alemanha e Áustria já deram os primeiros passos no sentido do racionamento de gás natural, um problema que pode tomar proporções mais significativas já no próximo inverno. A ferramenta pode ser acedida através deste ligação.
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