Galp está a ganhar com alta do petróleo, mas CEO recusa novo imposto
O presidente executivo da Galp lembra que a maioria dos lucros da empresa vêm de fora de Portugal e defende o princípio de os impostos serem cobrados nos países onde são gerados.
O contexto atual do mercado petrolífero é benéfico para a Galp, assume Andy Brown. O CEO da empresa defende, no entanto, que uma taxa sobre lucros extraordinários não beneficiaria o país.
“A windfall tax [imposto sobre os lucros inesperados] tem sido muito discutida. Acho que o ministro da Economia teve declarações construtivas sobre essa taxa não estar atualmente sobre a mesa”, começou por responder o responsável, durante uma conferência de imprensa na sede da empresa. António Costa Silva, na terça-feira, disse que o Governo não está a considerar “de todo”, neste momento, aumentar temporariamente o imposto a empresas que apresentem lucros extraordinários, para fazer face aos efeitos da guerra na Ucrânia.
“Essa medida, como expliquei, nunca foi discutida pelo Conselho de Ministros, mas faz parte da carta de opções. […] Nesta altura não estamos a considerar de todo, vamos ver como é que a economia evolui e como é que vamos responder a esses desenvolvimentos”, disse aos jornalistas, à margem da sessão de balanço sobre o Programa Empresas Turismo 360º. Um emendar de mão depois de, na discussão sobre o programa de Governo, a 8 de abril, ter admitido considerar um imposto sobre os lucros extraordinários das empresas devido aos aumentos dos preços dos bens e matérias-primas.
Para Andy Brown, esta taxa “não é algo de que Portugal possa beneficiar, devido ao princípio de que os impostos devem ser cobrados no país onde os lucros são obtidos. E claro que somos muito taxados nos países onde fazemos muito dinheiro”, defendeu o CEO.
Andy Brown assinalou ainda que “a maior parte do dinheiro que a Galp faz não é em Portugal”. “A refinação e venda de combustíveis em Portugal são uma fatia muito pequena dos lucros”, explicou.
O responsável reconheceu que o atual contexto é favorável à petrolífera portuguesa. “Hoje, estamos a fazer bom dinheiro no upstream (produção de petróleo) e a refinação está com boas margens“, afirmou.
Andy Brown especificou mesmo que a margem dos refinadores é de “6 a 7 cêntimos”, mas que o Estado cobra “cerca de um euro em impostos”. “Tirando o Estado, são os produtores de petróleo que estão a fazer dinheiro. Não são os refinadores ou os distribuidores do combustível”, afirmou.
“Há dois anos tivemos preços negativos do petróleo e a nossa refinaria perdeu muito dinheiro“, lembrou. Para uma grande empresa como a Galp, as grandes flutuações de preços não são bem-vindas. O investimento de cerca de mil milhões na mudança do portefólio exige estabilidade, apontou.
Andy Brown defendeu ainda que a limitação das margens máximas para a comercialização de combustíveis “não é uma coisa boa”. “Temos um ambiente aberto e competitivo na comercialização. Nós concorremos com todas as outras companhias e somos vigiados de forma muito próxima pelo regulador”, acrescentou.
“Ao implementar isto, Portugal é um caso à parte do que se passa na Europa, que sempre beneficiou da concorrência entre empresas para gerar os preços mais baixos para os consumidores. No momento em que se intervém nesse processo, criam-se deslocações que podem não ser do melhor interesse do consumidor“, defendeu também.
(Notícia atualizada com mais informação às 15H15)
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