KFund lança fundo até 250 milhões para investir em deeptech. Portugal poderá ter fatia de 15%

Isabel Salgueiro, early stage investor do K Fund, será a responsável pelo mercado português.

O K Fund, um dos maiores fundos de capital de risco da Península Ibérica, anunciou a primeira tranche do seu fundo Leadwind, no valor de 140 milhões de euros, de um total de 250 milhões, que serão investidos em startups de deeptech ibéricas e da América Latina. Isabel Salgueiro será responsável pelo fundo em Portugal, mercado a que poderá ser alocado 15% do montante que o Leadwind tem disponível. O fundo já tem assegurado 175 milhões de euros.

Apoiado por investidores-âncora como a Telefonica, BBVA, Go-Hub, ALSA, SATEC, assim como por investidores institucionais como AXIS-ICO e alguns family offices, o Leadwind tem um teto previsto de 250 milhões de euros e a capacidade para investimentos de, pelo menos, cinco milhões de euros, representando a maior captação de capital realizada por uma gestora independente em Espanha, a K Fund.

Liderado por uma equipa de operadores com experiência no crescimento e gestão de startups, tais como a CARTO, Stripe ou Tinybird, o Leadwind vai focar-se em investimentos de Série A ou posteriores, no sul da Europa e América Latina, onde tem prevista presença local, com um escritório em São Paulo (Brasil).

Portugal vai ter um responsável: Isabel Salgueiro. “Foi um misto de oportunidade e necessidade. Queremos ter um pé em Portugal, não só para ajudar a construir a marca K Fund a nível ibérico, como para facilitar a ponte com o Brasil, já que temos um foco estratégico em Latam“, justifica a early stage investor do K Fund e responsável pelo mercado português à Pessoas.

Portugal tem muitas empresas de research tecnológico já em fase bastante avançada. Queremos ajudar essas empresas, já à procura de investimento Série A ou seguintes, e que querem entrar no mercado da América Latina, facilitando relações com parceiros B2B locais, através de ligações mais institucionais. Por outro lado, queremos ajudar empreendedores portugueses que já estejam na América Latina e que vejam Portugal como porta de entrada para o resto da Europa. A expectativa é que 15% do fundo seja alocado a Portugal”, adianta.

Queremos ajudar empreendedores portugueses que já estejam na América Latina e que vejam Portugal como porta de entrada para o resto da Europa. A expectativa é que 15% do fundo seja alocado a Portugal.

Isabel Salgueiro

Early stage investor do K Fund e responsável pelo mercado português

 

O ecossistema de startups nacional tem revelado dinamismo, tendo no ano passado, atingido o patamar de mil milhões de dólares de investimento levantado no mercado e visto voar para unicórnio quatro startups, elevando para sete o número de unicórnios (startups com uma avaliação de mais de mil milhões de dólares) com ADN português.

Há alguma scale up que o K Fund veja com potencial de dar o salto para esse patamar? E que possa fazer esse voo com o fundo?

“Acreditamos que Portugal, sendo um país com muitos recursos técnicos e com bom e recente track record de unicórnios, pode ser um país onde haverá mais empresas a chegar a esse patamar. Gostávamos muito de poder ter um papel nesse processo e, sendo o Leadwind um fundo deeptech, de poder naturalmente captar esses mesmos recursos técnicos e expertise”, diz Isabel Salgueiro.Estamos atentos às startups à procura de rondas Série A e seguintes, e há em Portugal um enorme skillset em deeptech, que acreditamos ser um setor do qual podem sair o próximo ou os próximos unicórnios.”

“Estamos atentos às startups à procura de rondas Série A e seguintes, e há em Portugal um enorme skillset em deeptech, que acreditamos ser um setor do qual podem sair o próximo ou os próximos unicórnios.”

Isabel Salgueiro

Early stage investor do K Fund e responsável pelo mercado português

O Leadwind quer investir na interceção de tecnologias como IoT, redes, serviços na nuvem, IA ou blockchain. Nos últimos anos, mais de 1.000 scaleups captaram entre um a cinco milhões de euros, no sul da Europa e América Latina, o que, para os responsáveis do, valida uma oportunidade crescente de mercado. Até à data, a equipa do Leadwind contactou, de forma ativa, mais de 100 scaleups e a carteira de projetos deverá continuar a crescer, informam.

“O Leadwind terá um foco B2B em deeptech, apesar de ser, de forma geral, agnóstico. O investimento será sempre canalizado para projetos de cujo core do produto seja tech“, reforça Isabel Salgueiro, quando questionada sobre áreas ou setores onde o fundo estaria mais focado.

Promover diversidade

Historicamente o ecossistema de startups sofre com questões de paridade e de diversidade, não só ao nível de talento, como no acesso ao financiamento e na própria composição das equipas que decidem o financiamento. O K Fund está atento.

“Levamos muito a sério essa desigualdade, mas acreditamos que o primeiro passo é ter uma visibilidade clara de como é nossa realidade atual. Para isso, começámos a rastrear e relatar os nossos próprios esforços de ESG, bem como das empresas do nosso portefólio (tanto em nível executivo quanto não executivo), onde o género obviamente desempenha um papel importante. Uma vez que esse relato se torne uma constante e a falta de consciencialização não seja o obstáculo, podemos dar um passo para trás e refletir sobre como os nossos esforços passados foram executados, bem como pensar em como serão os nossos esforços futuros”, diz Miguel Arias, partner do K Fund, à Pessoas.

“Obviamente, há ganhos rápidos que já estamos a implementar, como priorizar a contratação de mulheres para a equipa de investimentos”, adianta.

Acreditamos na diversidade e queremos fazer parte dessa mudança. Colocando os países da América Latina como centro da estratégia geográfica do Leadwind, damos mais um passo no sentido de facilitar o acesso de fundadores sub-representados a capital.

Miguel Arias

Partner do K Fund

A nomeação de Isabel Salgueiro para liderar o mercado nacional é sinal que esse tema está, efetivamente, na lista de preocupações do Kfund?

“Sim. Queremos representar e fomentar a diversidade na sociedade, abordando a falta de oportunidade para pessoas de cor e mulheres no nosso processo de investimento. Acreditamos que um ecossistema robusto que funciona para todos inclui diversidade, pura e simplesmente. E sabemos que o problema da diversidade na tecnologia não se resolverá sozinho“, reconhece Miguel Arias.

O K Fund foi cofundado por uma mulher, Carina Szpilka, e está “proativamente à procura de mulheres para as próximas contratações. O K Fund tem muito essa característica no seu ADN, e estamos a fazer um esforço ativo para que as próximas contratações reflitam a nossa intenção de balançar estes números no ecossistema.”

Política de diversidade que querem que não se fique por aqui. Pensam seguir a lógica adotada pelos fundadores da Sword que criaram uma sociedade de investimento para atacar a desigualdade de acesso ao investimento? Avançar com uma discriminação positiva no acesso ao fundo?

“O capital de risco é um condutor para a prosperidade económica mas tem de ter a responsabilidade de assegurar que as decisões são tomadas conscientemente, livres de enviesamentos. Acreditamos na diversidade e queremos fazer parte dessa mudança. Colocando os países da América Latina como centro da estratégia geográfica do Leadwind, damos mais um passo no sentido de facilitar o acesso de fundadores sub-representados a capital.”

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