Abanca à espera de Angola para fechar compra do EuroBic

Já há entendimento para a venda do EuroBic aos galegos do Abanca. Negócio está à espera de autorização prévia das autoridades angolanas e de supervisão de Angola.

O negócio para a venda do EuroBic ao Abanca está quase fechado. Já há um entendimento entre os acionistas angolanos do banco português e os galegos, mas a conclusão da operação ainda aguarda a autorização das autoridades angolanas, que arrestaram os bens de Isabel dos Santos, de acordo com as informações recolhidas pelo ECO.

mais de dois anos que o EuroBic se encontra à venda, na sequência do caso Luanda Leaks, que rebentou em janeiro de 2020 e obrigou Isabel dos Santos a sair da estrutura acionista da instituição. Logo na altura, o banco português esteve perto de ser vendido ao Abanca, mas divergências em relação ao preço (os galegos ofereceram inicialmente mais de 200 milhões, mas reviram o preço em baixa após a realização da due dilligence) impossibilitaram a concretização do negócio já na 25.ª hora.

Agora, os acionistas do EuroBic e o banco de Juan Carlos Escotet estão novamente perto de selar o negócio, havendo já um entendimento entre as duas partes que terá de esperar, ainda assim, que as autoridades judiciais e de supervisão de Angola deem luz verde. O ECO contactou o Abanca, que disse que não tem nada a acrescentar ao que já disse em fevereiro sobre o interesse no EuroBic. O Jornal Económico avançou no início do ano que o Abanca estava em “negociações exclusivas para comprar a totalidade” do capital do EuroBic, depois de lançado novo processo de venda que chegou a atrair o interesse, entre outros, do Banco CTT e do Novobanco.

Isabel dos Santos controla 42,5% da instituição portuguesa através da Santoro e Finisantoro, mas viu os seus bens e contas bancárias arrestados na sequência do processo judicial colocado pela Justiça angolana, que tenta reaver o que a empresária angolana tirou do erário público, segundo alega. Por causa dos arrestos, que envolvem as várias empresas da empresária angolana, há questões que têm de ser tratadas para que a venda do EuroBic se possa concretizar. O ECO sabe que tem existido uma atitude de cooperação e de coordenação com as autoridades angolanas para desbloquear o negócio e o processo está a decorrer dentro dos prazos previstos, descreveu uma fonte ouvida pelo ECO.

Por outro lado, como em todas as operações envolvendo bancos, o negócio do EuroBic também tem de ser autorizado pelo Banco Central Europeu (BCE), em coordenação com o Banco de Portugal, que terá de aferir as condições e capacidade do comprador. Mas tratando-se o Abanca de um banco já estabelecido na Zona Euro, que nos últimos anos adquiriu várias operações, incluindo à Caixa Geral de Depósitos e Novobanco em Espanha, não deverão surgir problemas. Isto mesmo já tinha sido sinalizado pelo anterior governador do Banco de Portugal, Carlos Costa.

A aquisição do EuroBic permitirá ao Abanca, que anunciou esta terça-feira lucros de 82 milhões de euros no primeiro trimestre, reforçar a sua presença em Portugal, um dos mercados prioritários para Juan Carlos Escotet, depois de ter adquirido a operação de retalho do Deutsche Bank em 2019.

Já o EuroBic ainda não apresentou as contas de 2021, mas registava um lucro de cerca de 9,3 milhões de euros no exercício dos primeiros nove meses do ano passado. Apresentava em setembro um capital próprio de 565 milhões de euros.

A seguir a Isabel dos Santos, a estrutura acionista do EuroBic conta com Fernando Teles como segundo maior acionista, com 37,5%, e outros acionistas angolanos como Luís Cortez dos Santos, Manuel Pinheiro Fernandes e Sebastião Lavrador (cada um com 5% do capital).

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