Disputas pelo Mar, Espaço e Subsolo potenciam risco geopolítico
Competir por recursos, e dominar os territórios onde são explorados, tende a exacerbar risco geopolítico e conflitos internacionais com forte impacto nas pessoas e empresas, alerta a Marsh.
As disputas pelo domínio do solo e do mar tendem a alimentar tensões geopolíticas globais no futuro, na medida em que as nações vão continuar a reclamar fronteiras marítimas e recursos minerais anteriormente inexplorados. As perspetivas do risco geopolítico estendem-se ao Espaço, dimensão territorial onde a regulamentação se encontra numa fase ainda muito embrionária, avança o Political Risk Report 2022, divulgado pela Marsh, companhia global de corretagem de seguros e consultoria de risco.
Conforme matiza o mapa mostrando as zonas de potenciais conflitos de geopolítica, a procura e a competição por minerais estratégicos como o cobalto, cobre, lítio, manganês, titânio, urânio e vanádio, também cruciais para a transição energética e para o combate às alterações climáticas, podem condicionar ainda mais o risco geopolítico futuro.
"O conflito entre a Rússia e a Ucrânia é um forte aviso da rapidez com que os riscos geopolíticos podem escalar
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Com mais de 80% da profundidade dos oceanos inexplorada, continua a existir um imenso potencial de exploração e investimento para satisfazer a crescente procura de alimentos e matérias-primas, nota a consultora. Ao mesmo o tempo que a maioria dos recursos potenciais estão localizados em zonas económicas exclusivas (ZEE) definidoras de direitos territoriais offshore “que podem ser contestados, especialmente quando se sobrepõem”, a corrida à exploração azul também sugere tensões que podem agravar o risco geopolítico, acrescenta a Marsh Portugal no comunicado relativo ao Mapa de Risco Político 2022.
Segundo a corretora, o atual conflito entre Rússia e Ucrânia ajuda a explicar que a competição por territórios e recursos vão influenciar cada vez mais as relações entre Estados. “O conflito entre a Rússia e a Ucrânia é um forte aviso da rapidez com que os riscos geopolíticos podem escalar e ter um impacto humanitário local terrível, bem como afetar empresas e investidores em todo o mundo”, afirma Carlos Figueiredo, Specialties Director da Marsh Portugal.
Ainda, o crescimento acelerado da economia do Espaço (mais de 1500 satélites foram lançados em 2021), se combinado com o aumento da militarização do espaço orbital (espionagem militar) e do risco de poluição, a escalada de tensões geopolíticas também não é negligenciável, adverte o relatório Marsh adiantando que, no prazo de uma década, o sobrepovoamento de satélites órbita baixa da Terra apresenta risco de detritos orbitais. O impacto, mesmo de pequeno pedaço de lixo espacial, resultaria em danos sérios sobre equipamento em órbita, originando conflitos.
Por tudo isto, este “é também um momento para as empresas e investidores considerarem como a evolução dos contextos do mar, espaço e solo poderá influenciar futuras tensões políticas entre países e regiões. Estamos a trabalhar com clientes para ajudar a compreender o impacto potencial dos riscos políticos atuais e emergentes, juntamente com a necessidade de planos de risco estratégico e de seguros, que lhes permitam ser mais resilientes a futuras crises políticas e económicas”, acrescenta Carlos Figueiredo.
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