Cavaco vs. Costa. Marcelo diz que “um ex-Presidente não perde a cidadania”
Marcelo Rebelo de Sousa diz que Cavaco Silva "tem direito a exercer a cidadania como entende", embora no seu caso prometa manter o “distanciamento da intervenção política” quando abandonar Belém.
O Presidente da República disse este sábado que um ex-chefe de Estado não perde a cidadania e exerce-a como entender, reiterando que terá “distanciamento na intervenção política” quando deixar o cargo depois de já ter “cansado tanto”.
“Não comento antigos Presidentes da República ou futuros Presidentes da República. Não comento, mas quero dizer o que já disse também muitas vezes, que um antigo Presidente da República não perde a sua cidadania e, portanto, tem direito a exercer a cidadania como entende”, disse Marcelo Rebelo de Sousa.
Depois de ter sido questionado pelos jornalistas sobre a entrevista à CNN Portugal do ex-chefe de Estado Aníbal Cavaco Silva, o Presidente reiterou que, quando deixar o cargo, vai manter o “distanciamento da intervenção política”, por considerar que deve “dar espaço àqueles que em cada momento estão a intervir politicamente”.
"Depois fica obsessivo, tudo aquilo que se disser – mas é também por isso que não escrevo memórias – passa a ser uma autojustificação ou uma afirmação pessoal ou uma comparação constante.”
“Tenho a sensação – mas isso é a minha leitura – que depois fica obsessivo, tudo aquilo que se disser – mas é também por isso que não escrevo memórias – passa a ser uma autojustificação ou uma afirmação pessoal ou uma comparação constante. E acho que às tantas os portugueses se cansam e cansam-se legitimamente”, acrescentou.
“Mas essa é a minha interpretação, há pessoas que conseguem fazer isso sem cansar. Eu não vou ter esse mérito, já cansei tanto que não quero cansar mais”, disse ainda o chefe de Estado, à margem do Concurso Nacional de Leitura, na Costa da Caparica, Almada, no distrito de Setúbal.
Cavaco desafiou Costa a fazer melhor do que ele
Esta semana, Cavaco Silva publicou um artigo de opinião em que desafia o primeiro-ministro a fazer “mais e melhor” do que ele. Em causa estão as declarações de António Costa a 30 de março, quando disse ter feito parte de uma “geração que se bateu contra uma maioria existente que, tantas vezes, se confundiu com um poder absoluto”, referindo-se, assim, aos governos de Cavaco Silva.
Num texto, publicado no Observador, em que recorda as várias conquistas dos seus executivos, nos mais variados níveis, o ex-Presidente da República afirma: “O seu Governo de maioria absoluta fará mais e melhor do que as [minhas] maiorias”. “Estou convicto de que o senhor primeiro-ministro é capaz de fazer mais e melhor com a sua maioria absoluta e não tem qualquer razão para ter complexos”, acrescentou.
Cavaco Silva elenca como os seus governos conseguiram “a redução da inflação”, “o aumento real dos salários e das pensões”, uma “elevada taxa de crescimento da economia” e a “aproximação do país ao nível médio de desenvolvimento da UE como nunca mais voltou a acontecer”. “Agora, retirado da vida política ativa mas preservando os meus direitos cívicos, estou certo de que, encerrada a fase da geringonça, o seu Governo de maioria absoluta fará mais e melhor do que as maiorias de Cavaco Silva”, rematou.
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