Guerra: Resseguradora estatal é último recurso para frota comercial russa
Rússia quer fintar bloqueio internacional nos seguros de navios petroleiros. Seguradoras internacionais antecipam custos pela perda total de dezenas de navios retidos na Ucrânia.
A estatal Russian National Reinsurance Company (RNRC), entidade de resseguros controlada pelo banco central da Rússia, passou a ser a principal resseguradora da marinha mercante do país, incluindo a frota Sovcomflot, o maior operador naval nas exportações russas.
Essencial para a navegação, especialmente cargas petrolíferas que requerem elevados padrões de segurança devido a risco de derrame e de transporte de materiais inflamáveis em alto mar, o agravamento das sanções proíbe fornecer seguros a navios que pretendam transitar com mercadorias exportadas da Rússia. Em resposta ao aperto, Moscovo elegeu a RNRC como resseguradora de recurso, noticiou a Reuters recordando que, dias antes, Dmitry Medvedev, vice-presidente do Conselho de Segurança da Rússia afirmou que, para contornar o efeito das sanções, seriam dadas garantias estatais às seguradoras locais que fornecem cobertura ao transporte de carga marítima (granéis secos e líquidos), como é o caso da Ingosstrakh, que segura os petroleiros russos.
Os navios que operem rotas internacionais são obrigados a ter seguro para riscos de responsabilidade civil perante terceiros, incluindo danos e prejuízos ambientais. No entanto, além das coberturas essenciais de proteção e indemnização (P&I) típicas da navegação, como as apólices para casco e maquinaria, o comércio por via marítima envolve diversos riscos objeto de outras coberturas como, por exemplo, os seguros de carga ou das mercadorias transportadas.
Antes das sanções internacionais contra a invasão da Ucrânia, agressão que Moscovo designou “operação militar especial”, o seguro marítimo P&I para armadores e operadores de embarcações russas dependia do resseguro de uma pool internacional de empresas que ofereciam ampla cobertura. Agora, beneficiando de medidas do banco central russo autorizando a RNCR a suportar limites de capital de cobertura mais elevados, as seguradoras locais poderiam aceder às garantias para ressegurar riscos dentro da federação russa e resistir, por mais algum tempo, a pressão das sanções internacionais.
Seguro internacional enfrenta perda total de navios bloqueados
Cerca de 15 navios retidos na Ucrânia arriscam declaração de perda total (CTL – Constructive Total Losses) se a agressão conduzida pela Rússia continuar até agosto, resultando em dezenas de milhões de dólares de perdas para as seguradoras marítimas, adiantou a plataforma Lloyd’s List. Dependendo do período que dure o “abandono” (de embarcações) previsto em apólices de seguro de risco de guerra, e caso o conflito não termine até fevereiro de 2023, o número de navios em risco de serem considerados CTL eleva-se a várias dezenas.
Considerando que as companhias europeias fornecem a maior parte dos seguros ao comércio mundial de petróleo, Andriy Yermak, responsável do gabinete da Presidência da Ucrânia, insistiu que os países da UE (e o Reino Unido) deveriam avançar rapidamente com a proibição de segurar navios que transportem petróleo russo, uma medida que poderá ter mais impacto na tentativa de travar exportações de petróleo russo para a Ásia.
Entretanto, segundo a imprensa especializada, fontes dos seguros e da indústria de navegação dizem que essa proibição vai complicar ainda mais o comércio marítimo de granéis secos e líquidos (tanto da Rússia como da Ucrânia), tornando-os mais caros e aumentando as taxas globais de frete marítimo.
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