BRANDS' TRABALHO Upskill, reskill, Job enlargement e Job enrichment como estratégias de Gestão de Carreiras
Gestão de carreira tem sido um tema bastante contestada nos últimos anos. Há novas linhas de pensamento para descobrir e analisar.
A noção de gestão de carreira herdada do século XX, baseada na progressão hierárquica (ascendente) do indivíduo numa profissão e numa empresa, tem sido contestada nos últimos anos.
Pode-se afirmar que, a passos acelerados, estamos a abandonar o velho mote organizacional de “we’ll take care of you“ (carreira para a vida), para a uma nova linha de pensamento de “we may or we may not need you”, na qual a responsabilidade da gestão da carreira deixa de estar totalmente sobre incumbência da organização e passa a estar, principalmente, sobre responsabilidade do indivíduo.
Assim, podemos definir a nova visão de gestão de carreiras como um conjunto de atividades levadas a cabo por uma pessoa para prosseguir e dirigir o seu caminho profissional, dentro ou fora de uma organização específica, de forma a atingir o mais elevado nível de competência e de contrapartidas hierárquicas, sociais ou políticas.
Esta visão afasta-se claramente da definição tradicional de gestão de carreiras. Este novo modelo exige que cada indivíduo seja capaz de monitorizar continuamente as dinâmicas do mercado para antecipar mudanças na sociedade, nos sectores de atividades e adquirir as competências necessárias para se adaptar e responder rápida e adequadamente, sob pena de se tornar obsoleto.
A visão tradicional de gestão de carreiras encontra outro desafio no facto de atualmente existirem várias gerações de indivíduos que partilham o mesmo local de trabalho, integram a mesma estrutura organizacional, apresentando aspirações de carreiras completamente diferentes. Se, por um lado, para um indivíduo da geração baby boomer a principal motivação de carreira é (ou era) a estabilidade no emprego, para um millennial, cujo contexto é marcado por ambientes instáveis e mudanças permanentes, a aquisição de competências que lhe permitam enfrentar diferentes desafios, mantendo um certo equilíbrio entre a vida pessoal e a vida profissional, acaba por ser uma das principais aspirações de carreira.
Apesar das transformações que têm sido registadas na forma como os indivíduos e as organizações abordam a temática da gestão de carreira, importa aqui destacar algumas estratégias de gestão com um grande impacto nas decisões sobre carreiras, sejam estas geridas pelo indivíduo ou pela organização: reskill, upskill, enrichment e enlargement.
As duas primeiras estratégias centram-se no reforço de competências, por intermédio da transmissão e aquisição do conhecimento organizacional. Já as duas últimas decorrem da aquisição de novas competências, proporcionada por novas experiências de trabalho. Reskill e Upskill são dois conceitos que se têm notabilizado no contexto organizacional e cujo propósito é a revalidação de argumentos com vista à continuidade do trabalhador no contexto da organização. O primeiro diz respeito à atualização e reforço de competências que o indivíduo já possuía, enquanto o segundo, se refere à aquisição de novas competências para uma melhoria ou mudança na execução das suas tarefas.
Job enrichment (enriquecimento da função) e Job enlargement (alargamento da função) por sua vez, são conceitos herdados do século XX, mas que continuam a ser muito eficazes nos nossos dias, como estratégias de desenvolvimento de carreiras.
"Pode-se afirmar que, a passos acelerados, estamos a abandonar o velho mote organizacional de “we’ll take care of you“ (carreira para a vida), para a uma nova linha de pensamento de “we may or we may not need you”, na qual a responsabilidade da gestão da carreira deixa de estar totalmente sobre incumbência da organização e passa a estar, principalmente, sobre responsabilidade do indivíduo.”
O Job enrichment está associado à atribuição de novas tarefas de maior complexidade e exigências aos indivíduos. Há um acréscimo vertical nas responsabilidades do indivíduo que exigirá a aquisição de novas competências. Já o Job enlargement diz respeito à atribuição de novas tarefas, mas de igual complexidade e exigência, face às tarefas já executadas pelo indivíduo. Neste caso, há um acréscimo horizontal nas responsabilidades do indivíduo que vão requerer também a aquisição de novas competências.
Em suma, a própria noção de gestão de carreiras tornou-se mais complexa, entanto, a temática das estratégias de desenvolvimento de competências continua a ser um tema indissociável ao processo de desenvolvimento de carreiras, por parte dos indivíduos, bem como das organizações.
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