Bancos devem estar “vigilantes” com aumento do incumprimento das famílias e empresas, alerta futuro administrador do Banco de Portugal
Atual contexto de subida dos preços e das taxas de juro vai criar pressão sobre a capacidade das famílias e empresas de fazerem face às dívidas e isso vai ter impacto no malparado, alerta Rui Pinto.
Os bancos devem estar “vigilantes” com o eventual aumento do incumprimento das famílias e empresas por causa do atual contexto económico de escalada dos preços e de subida das taxas de juro, alertou Rui Pinto, ouvido no Parlamento a propósito da sua indigitação para a administração do Banco de Portugal.
Segundo explicou, o aumento das taxas de juro e da inflação vai reduzir o rendimento das famílias, que vão consumir menos junto das empresas.
Num cenário de arrefecimento da atividade económica, que já se começa a sentir, notou Rui Pinto, este contexto vai criar “uma pressão sobre a capacidade das famílias e empresas, em particular das economias com elevados níveis de endividamento, de fazerem face as suas dívidas”.
Isto “criará alguma pressão na evolução do incumprimento” em relação ao qual os bancos devem estar “vigilantes”, considerou o atual administrador da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) na comissão de orçamento e finanças.
Rui Pinto sublinhou dois aspetos: “Ainda não se está a verificar uma evolução negativa” do incumprimento; por outro lado, os bancos tiveram redução muito significativa do malparado nos últimos anos, pelo que o nível de crédito problemático “assume hoje valor relativamente reduzido e em linha com outras jurisdições”.
Com a subida das taxas de juro, os bancos poderão beneficiar com um aumento as margens financeiras, prosseguiu Rui Pinto. Mas este aumento da margem “pode ser compensado por uma necessidade de aumento das imparidades, pois pode haver pressão sobre a qualidade de crédito”, apontou o responsável, lembrando que “os bancos apresentam rentabilidades que ainda não são desejáveis”.
Rui Pinto foi ouvido no Parlamento no âmbito da sua nomeação pelo Ministério das Finanças para o conselho de administração do Banco de Portugal. Esta terça-feira os deputados ainda realização audições com Francisca Guedes de Oliveira (10h45) e de Luís Máximo dos Santos (12h00).
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