Exclusivo Montepio injeta 7,5 milhões em seguradora após turbulência nas bolsas

Lusitânia Vida tem sofrido com a turbulência nos mercados. Em fevereiro, incumpriu requisito de capital de solvência, fazendo soar alarmes na ASF. Grupo reforça proteção com injeção de 7,5 milhões.

Após as perdas registadas na sua carteira de investimentos este ano em resultado da turbulência nas bolsas, incluindo a desvalorização de títulos de empresas russas, a Lusitânia Vida recebeu uma injeção de 7,5 milhões de euros do seu acionista, a Associação Mutualista Montepio Geral (AMMG), para reforçar o seu rácio de solvência e assim cumprir as exigências do regulador.

A operação foi realizada este mês por via de um empréstimo obrigacionista subscrito na íntegra pelo Montepio e que teve como “finalidade o reforço dos fundos próprios [da Lusitânia Vida], de forma a aumentar a almofada financeira nas atuais condições de mercado, que evidenciam uma forte incerteza e elevada volatilidade”, adiantou fonte oficial do grupo liderado por Virgílio Lima ao ECO.

Com a injeção de capital “pretende-se reforçar o atual rácio de solvência [da companhia seguradora] que estava e está a ser garantido, de forma adequada”, acrescentou a mesma fonte, considerando que o montante agora injetado “parece garantir rácios de conforto adequados”.

Ainda assim, só a “futura evolução dos mercados financeiros, com particular destaque no mercado obrigacionista, determinará a necessidade de ação futura”, assinalou de seguida, depois de questionado sobre se a seguradora precisará de mais fundos no futuro para se manter com rácio de solvência acima dos requisitos regulatórios.

Desde o início do ano que o setor segurador tem sido particularmente afetado pela turbulência que castiga as bolsas por conta de vários fatores que vão desde a guerra da Rússia na Ucrânia e o impacto das sanções a Moscovo, à escalada da inflação e à subida das taxas de juro dos bancos centrais para controlarem a subida dos preços. A incerteza vai continuar a marcar o ritmo dos mercados nos próximos tempos, de acordo com os analistas.

No caso do Montepio, relatava o jornal Público em julho, a volatilidade dos preços dos ativos financeiros tinha resultado em dificuldades para as duas seguradoras do grupo – a Lusitânia Seguros (seguros reais) e a Lusitânia Vida (seguros vida) – na primeira metade do ano, as quais também refletiam, em parte, as perdas de quase 16 milhões de euros da exposição à dívida da companhia de gás Gazprom e da metalomecânica Novolipetsk, como o ECO avançou em primeira mão.

Em relação à situação da Lusitânia Vida em concreto, a seguradora chegou a registar um incumprimento do requisito de capital de solvência em fevereiro – o rácio atingiu os 80%, abaixo do requisito regulamentar de 100% –, levando a Autoridade de Supervisão dos Seguros e Fundos de Pensões (ASF) a fazer uma monitorização mais apertada e a pedir medidas no sentido de responder à insuficiência de capitais.

Em julho passado, o supervisor liderado por Margarida Corrêa de Aguiar garantia que as medidas tomadas pela empresa, em resposta a instruções que dera após o incumprimento, permitiam que a Lusitânia Vida apresentasse “um rácio de solvência superior a 130%, cumprindo assim os requisitos exigidos”.

Também assegurava que a dimensão dos investimentos em ativos de origem russa “não colocou em causa que a empresa regressasse a margens de solvência acima do exigido”. Ao ECO, o Montepio manifestava a esperança de reverter, pelo menos parcialmente, as perdas por imparidade com os títulos russos, que se mantinham a pagar os juros devidos.

A Lusitânia Vida, que está integrada na holding Montepio Seguros juntamente com a Lusitânia Seguros, registou lucros de 5,5 milhões de euros no ano passado, praticamente em linha com o resultado obtido no ano anterior.

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