Prémios de seguros de saúde podem aumentar 10% em 2023
Inflação e aumento dos custos tecnológicos levam os prestadores médicos a pressionar as seguradoras a aumentar preços e 10% é a referência. PME’s serão o próximo mercado alvo das companhias.
As seguradoras de saúde estão a ser pressionadas pelos prestadores de serviços médicos a refletir nos prémios os aumentos de custos que estão a sentir, esta é uma das conclusões do painel de debate da 3ª Conferência ECOseguros que integrou os dirigentes da Multicare, do grupo Fidelidade, da Ageas e da Advance Care.
O crescimento do Ramo Saúde deve manter-se acima dos 10%, acredita Maria João Sales Luís, CEO da Multicare, um valor semelhante ao aumento generalizado de preços. “As famílias terão mais dificuldades, mas estamos confrontados pelas redes de serviços com aumento de custos que vão levar ao aumento dos prémios”.
Para Eduardo Consiglieri Pedroso, responsável por grande parte da área saúde do Grupo Ageas Portugal, onde a Médis se integra, os preços vão subir porque “a população está a envelhecer e vai ter de pagar mais para ter o mesmo nível de coberturas que tem”, para além de acrescentar que “existe pressão dos nossos prestadores para fazer ajustamentos de preços o que se vai refletir em parte no consumidor final”.
Na Advance Care, empresa que operacionaliza seguros de saúde para o seu Grupo Generali/Tranquilidade para além de outras seguradoras, o Chief Technical Officer Luís Prazeres acentua ainda a componentes técnicos: “as novas tecnologias, novos tratamentos e novos medicamentos vão juntar-se à inflação para obrigar a um ajustamento dos prémios de seguros” e teme a exclusão das pessoas com menores rendimentos disponíveis.
PME’s vão ser o próximo mercado alvo
Ultrapassada em junho passado a barreira de 32% do portugueses com seguro de saúde, segundo dados da Associação Portuguesa de Seguradores (APS), o mercado para estas coberturas crescerem parece estar a terminar e o preço médio de cada pessoa segura até estava a estabilizar nos 331 euros por ano, 27,5 euros por mês. Maria João Sales Luís é decidida a dizer que o próximo alvo de crescimento é o segmento das PME’s. Adianta que os seguros standard (utilizados para particularess e pequenas empresas) são 50% do mercado e têm margens normais enquanto os seguros desenhados à medida do cliente têm margens curtas 50% e aplicam-se no segmento corporate acima de 100 pessoas.
Eduardo Pedroso concorda “o mercado da PME está mal coberto, temos boa penetração nas grandes empresas, mas pior nas pequenas e micro empresas” acrescentando que existe hoje a vantagem da oferta de um seguro de saúde no “recrutamento e retenção de talento em que este elemento é elemento essencial”
Outros segmentos são falados no sentido do alargamento do mercado como no caso da Multicare os jovens, as crianças e o segmento senior, mas este com “com oferta robusta”, reforça Maria João Sales Luís em relação à melhoria de benefícios que é preciso oferecer aos segurados mais velhos. “Os jovens e a mutualidade inter-geracional são muito importantes para o crescimento do mercado”, salienta Eduardo Pedroso.
Tecnologia está a baixar as despesas de funcionamento
Aspeto a salientar nas operações é o crescente uso da telemedicina pelos segurados de saúde. Luís Prazeres afirma que terminou o tempo em que não havia preocupações com o histórico dos clientes, uma vez que a mudança de seguradora um ano depois era normal. Segundo o gestor a situação mudou e as “carteiras estão estabilizadas e o mercado maduro” e concluímos que 80% dos cuidados de saúde necessários aos clientes podem ser resolvidos sem ser preciso escalar para especialidades” com o respetivo aumento de custos.
Sendo os custos técnicos das seguradoras apurados pela adição dos custos com sinistros às despesas de funcionamento que incluem captação e atendimento das participações de segurados, uma poupança nas despesas pode permitir a rentabilidade do ramo saúde sem reduzir benefícios ou aumentar prémios. Segundo a dirigente da Multicare, a empresa automatizou processos e disponibilizou as pessoas para contactos pessoais e atingiu 1,2 milhões de clientes com melhoria do nível de serviço aumento do contacto humano com os segurados. E neste processo houve uma redução de 20 a 30% no número de colaboradores na área de gestão de sinistros.
Os custos com sinistros já poderão estar a refletir a inflação. De janeiro a setembro deste ano o valor pago aos segurados atingiu 594 milhões de euros, um valor 10,4% superior ao de igual período do ano passado. Nos dois últimos anos a taxa de sinistralidade, a relação entre custos com sinistros e prémios emitido, foi de cerca de 68%, maior que as dos ramos automóvel e acidentes de trabalho, os tradicionalmente mais problemáticos quanto a rentabilidade das seguradoras.
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