Ecofin defende “evolução salarial que atenue a perda de poder de compra”
Estados-membros devem "apoiar uma evolução salarial que atenue a perda de poder de compra dos trabalhadores", no contexto da elevada inflação na Zona Euro, entendem ministros das Finanças da UE.
O Conselho de Ministros das Finanças da União Europeia (Ecofin) assumiu que os Estados-membros devem “apoiar uma evolução salarial que atenue a perda de poder de compra dos trabalhadores”, no contexto da elevada inflação na zona euro.
Reunidos em Bruxelas, os 27 iniciaram esta terça-feira o processo anual do “semestre europeu” de coordenação de políticas económicas, de emprego e orçamentais, aprovando a recomendação de 2023 sobre política económica da Zona Euro, a ser submetida ao Conselho Europeu, para aprovação na cimeira agendada para março.
Na recomendação, o Conselho assume que o crescimento dos salários em 2022 ficou “bem abaixo da inflação” e que deverá voltar a ficar aquém da subida dos preços em 2023 — depois da taxa de 8,5% no ano passado, as previsões apontam para 6,1% este ano -, defendendo então que, “a evolução salarial precisa de um equilíbrio cuidadoso para proteger o poder de compra dos trabalhadores assalariados – com ênfase nos trabalhadores com baixos salários – enquanto se evita o risco de que os salários alimentem a inflação e aprofundem os diferenciais de competitividade emergentes dentro da zona euro”.
O Conselho Ecofin considera que, “de acordo com as práticas nacionais e respeitando o papel dos parceiros sociais”, os Estados-membros devem então “apoiar uma evolução salarial que atenue a perda de poder de compra dos trabalhadores assalariados, em particular dos trabalhadores com baixos rendimentos”.
Os 27 preconizam também que se “desenvolvam e adaptem, quando necessário, sistemas de apoio social para ajudar as famílias vulneráveis a lidar com o choque energético e a transição verde e digital, abordando o aumento do risco de pobreza”. “Assegurar uma resposta política adequada e coordenada a uma deterioração das perspetivas económicas e a uma inflação elevada exige que as políticas monetárias e orçamentais sejam adequadamente calibradas e coerentes”, lê-se no texto adotado.
Na conferência de imprensa no final da reunião, o vice-presidente executivo da Comissão Valdis Dombrovskis, questionado sobre eventuais aumentos salariais para mitigar os efeitos da subida dos preços, respondeu que, “efetivamente, esta questão de desenvolvimentos salariais no contexto de uma inflação elevada tem estado muito presente no ciclo do semestre europeu de 2023, sendo claro que para fazer face às pressões crescentes de preços, também tem de haver ajustamentos salariais”.
“Ao mesmo tempo, devemos evitar a chamada espiral de preços salariais, que, por seu lado, faria a inflação aumentar ainda mais. Por isso, é um equilíbrio difícil de encontrar, e algo que precisa de ser monitorizado de perto”, concluiu.
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