Vivalto Santé finaliza compra da Lusíadas
A Lusíadas Saúde vai investir 32 milhões de euros ao longo de 2023 para aumentar a capacidade de resposta. “30% do grupo é controlado por médicos”, diz diretor-geral.
A Vivalto Santé concluiu a compra da Lusíadas Saúde à Amil International, por um valor não revelado, e ‘exporta’ para Portugal o modelo desenvolvido em França que dá “voz ativa” aos médicos, tornando-os membros da estrutura acionista. Esta operação, cujo montante os grupos não comentam, foi terminada no final de dezembro e tem por objetivo consolidar o papel do grupo no setor, contribuindo ainda para a melhoria do sistema nacional de saúde.
Num encontro com jornalistas, em Lisboa, o diretor-geral da Vivalto Santé, Emmanuel De Geuser, afirmou que “30% do grupo é controlado por médicos”, o que faz com que as unidades sejam administradas por todas as partes interessadas no processo e não apenas por gestores. “Todos discutem os problemas dos hospitais e também os investimentos. Todos são parte da monitorização”, apontou.
De Geuser explicou que a decisão de entrar no mercado português ocorreu numa altura em que o grupo procurava “oportunidades de evolução”, estando também ligada à necessidade de mostrar que conseguem fazer diferente. “Todos falam dos problemas que existem na saúde, mas não dos problemas do próprio modelo do sistema […]. Se queremos ser um dos ‘decision makers’ temos que fazer as coisas de maneira diferente”, referiu.
Na decisão de entrada em Portugal, país com o qual diz sentir “um grande nível de proximidade, pesou também o interesse em diversificar o nível de risco do portfólio, bem como a possibilidade de desenvolver e adaptar o modelo desenvolvido em França, que diversifica o tipo de investidores no grupo, chamando também os médicos a tomar decisões administrativas.
Contudo, ressalvou que a ideia “nunca foi impor este modelo” aos Lusíadas, mas avaliar se é “razoável utilizá-lo” neste grupo. Presente no mesmo encontro, o presidente executivo do grupo Lusíadas Saúde, Vasco Antunes Pereira, reafirmou esta ideia, mas vincou ser “uma oportunidade beneficiar da experiência da Vivalto”, adiantando que “é uma intenção ter alguns médicos entre os stakeholders” (partes interessadas).
Segundo o presidente executivo da Lusíadas Saúde, o modelo está agora em estudo, até porque existem algumas limitações legais do sistema, próprias de cada país. “Costumamos ver também em Portugal hospitais geridos por gestores. Esta perspetiva pode mudar”, considerou. Questionada pelos jornalistas, a presidente do Conselho Médico da Lusíadas Saúde, Maria Eduarda Reis, acredita que a reação do corpo clínico à introdução deste modelo “vai ser boa”, tendo em conta que “é uma forma diferenciadora de gerir a saúde em Portugal”.
Apesar de sublinhar que os grandes grupos ainda não adotaram esta forma de gestão, Maria Eduarda Reis garantiu que, de uma forma informal, a “voz clínica” sempre esteve presente nas decisões da administração da Lusíadas Saúde, que conta com cerca de 7.000 profissionais, 3.000 dos quais colaboradores médicos, ou seja, que podem desenvolver a profissão também noutros locais.
Vasco Antunes Pereira avançou ainda que a Lusíadas Saúde vai investir 32 milhões de euros ao longo de 2023 para aumentar a capacidade de resposta, mesmo depois do impacto da crise pandémica, da guerra na Ucrânia e do aumento dos custos energéticos. Conforme detalhou, entre 2021 e 2022, só os custos energéticos duplicaram, passando de quatro para oito milhões.
Perante o aumento das despesas, Vasco Antunes Pereira apontou que os preços “vão naturalmente acompanhar a subida da inflação”, notando ainda que a “cadeia de valor é muitíssimo pesada”, destacando as subidas também verificadas no transporte, alimentação ou nos serviços de limpeza. No ano passado, os resultados operacionais da Lusíadas Saúde fixaram-se em 386,9 milhões de euros, acima dos 346,9 milhões de euros verificados em 2021.
Por sua vez, o volume de vendas ascendeu a 380 milhões de euros, quando, no ano anterior, tinha sido de 342 milhões de euros. Já os resultados antes de impostos, juros, amortizações e depreciações (EBITDA) quase duplicaram (+92%), passando de 19 milhões de euros para 37 milhões de euros.
A Lusíadas Saúde, que foi fundada em 1998, conta com 10 unidades de Norte a Sul. Entre estas contam-se os hospitais de Braga, Porto, Lisboa, Amadora e Albufeira, a que se juntam as clínicas de Gaia, Oriente, Almada, Faro e Fórum Algarve. A Lusíadas Saúde geriu, durante 14 anos, o Hospital de Cascais, em regime de parceria público-privada. Em 2022, o grupo realizou aproximadamente 1,4 milhões de consultas e 6.000 partos.
O grupo Vivalto Santé, por seu turno, conta com 91 unidades de saúde em França, Suíça, Portugal, Espanha, Eslováquia e República Checa, totalizando um volume de negócios de cerca de 2.200 milhões de euros.
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