ChatGPT “põe em causa muitas profissões” e desafia as universidades

  • Lusa
  • 12 Fevereiro 2023

O dean da Nova SBE admite que o ChatGPT é um "desafio" para as universidades e "põe em causa muitas profissões", incluindo a dos professores, com estas novas soluções de inteligência artificial.

O dean da Nova School of Business & Economics (Nova SBE) afirma, em entrevista à Lusa, que o ChatGPT é um “desafio” para as universidades e “põe em causa muitas profissões”, dos professores aos jornalistas, com estas novas soluções de inteligência artificial (IA). Pedro Oliveira, no cargo desde 19 de janeiro, considera que o ChatGPT “está de facto a causar um grande impacto em muitas indústrias”, onde se inclui o ensino e a formação.

Isto porque “de repente existe um sistema de comunicação com quem é possível manter uma conversa por escrito, a quem fazemos perguntas e que nos dá respostas tipicamente de forma mais rápida e até com, digamos que, em média, maior qualidade do que aquela, por exemplo, que nos dão pessoas quando as submetemos a um exame ou quando tentamos falar com elas”, afirma o diretor da Nova SBE.

Para quem se interessa por tecnologia, este chatbot “é um desenvolvimento incrível, mas levanta tantas dúvidas” e “tantas questões”, porque “altera a forma como fazemos tantas coisas”, afirma. “Hoje andamos a falar da inteligência artificial associada a ler imagens de ressonância magnética, mas também a condução autónoma de carros. Afinal, se calhar, em breve, podemos mesmo ir para casa sem irmos preocupados em conduzir o carro”, antevê.

O ChatGPT abre “um leque tão grande de possibilidades que, dos artistas aos músicos, aos professores, aos jornalistas, aos médicos radiologistas, acho que temos todos alguns motivos para estar um bocadinho ansiosos em relação àquilo que vai acontecer“, antecipa Pedro Oliveira.

Neste caso, a inteligência artificial “chegou à produção de respostas”, este sistema “permite-nos ter uma conversa bastante inteligente” e “há quem diga que é muito mais inteligente ter conversas com o ChatGPT do que com algumas pessoas e obter respostas interessantes e bem fundamentadas, às vezes com alguns erros”, diz Pedro Oliveira.

Dos artistas aos músicos, aos professores, aos jornalistas, aos médicos radiologistas, acho que temos todos alguns motivos para estar um bocadinho ansiosos em relação àquilo que vai acontecer.

Pedro Oliveira

Dean da Nova SBE

Num “curto espaço de tempo” a versão ChatGPT 3.5 ganhou destaque — e até já se anuncia para breve o 4.0 –, o que “significa que vem aí, de facto, uma revolução que põe em causa muitas profissões como a nossa, de formadores e de pessoas que, por exemplo, têm que avaliar o conhecimento de alunos, sendo cada vez mais difícil perceber se aquele conhecimento é original ou se foi uma máquina que produziu“, avisa o diretor da Nova SBE. “Se calhar para as universidades é o principal desafio”, mas noutras indústrias também há desafios, admite.

Nas universidades “já tínhamos alguma tecnologia para detetar se aquela informação era plagiada”, mas agora “torna-se muito mais difícil” porque “a narrativa que é produzida pelo ChatGPT é parecida, é inspirada na narrativa humana”, explica. “Sabemos hoje que é possível responder a perguntas de exames através do ChatGPT”, avisa, dando o exemplo da cadeira de gestão de operações, em que na Wharton Business School, da Universidade da Pensilvânia, “foi dado ao computador o exame que normalmente seria dado aos alunos”.

E o “computador passou, ou seja, o ChatGPT deu respostas certas”, tal como também passou no acesso à profissão de advogado nos Estados Unidos, apontou. “Começamos a perceber que é muito assustador, porque de facto é um desafio novo para nós”, porque se tiver de corrigir um exame não é fácil saber quem o fez: o aluno ou a máquina, o que levanta desafios tais como como será feita a avaliação a partir de agora, comenta.

Na Dinamarca, onde tem trabalhado e vivido, “a recomendação é que os exames passem a ser cada vez mais baseados em orais, em vez de ser tudo escrito”, refere. “Se tivermos capacidade de fazer exames orais aos nossos alunos, aí percebemos que é aquela pessoa que está à nossa frente que está no fundo a transmitir-nos aquele”, argumenta. E como é que isso se resolve em Portugal? “Não existe ainda uma resposta muito completa a isso”, afirma.

Um dos caminhos das universidades “é negar, proibir”, esta é a tentação “quando somos confrontados com uma inovação, com uma ideia diferente, que pode ser disruptiva do nosso modus operandi“, prossegue. Na escola secundária da filha, na Dinamarca, onde os alunos começaram a submeter trabalhos coproduzidos pelo ChatGPT, “a imediata resposta foi — e compreensível de certa maneira — proibir”, conta

Agora, “não podemos estar sempre a proibir o acesso às novas tecnologias”, defende, referindo que o que está a acontecer neste momento não é muito diferente do advento da Internet e motores de busca. “Existe aqui um misto de sentimentos: por um lado, queremos abraçar todas estas novas tecnologias, por outro lado, elas são quase assustadoras, portanto, hoje já se fala nessa hipótese do ChatGPT ser coautor” de ‘papers’ académicos, adianta o ‘dean’.

“Há aquelas pessoas que ainda estão quase em negação e que hoje, quando escrevem um artigo para um jornal escrevem por baixo a dizer que este artigo foi produzido sem qualquer recurso a ChatGPT. O que eu penso que não é sustentável a longo prazo, porque o que faz sentido é fazer — eu próprio acho que já fiz isso — escrever artigos e dizer este artigo foi escrito parcialmente ou ou pelo menos com suporte de ChatGPT, porque não há nenhum mal nisso”, argumenta Pedro Oliveira.

Aliás, “hoje é completamente aceitável socialmente que antes de eu escrever um artigo faça algumas pesquisas online para perceber qualquer tema e, portanto, se eu faço isso com os motores de busca, certamente vou poder e até dever poder fazer isso a curto prazo com outro tipo de tecnologias, nomeadamente a inteligência artificial”, considera.

Pedro Oliveira, diretor da Nova School of Business & Economics (Nova SBE)Lusa

Com o ChaGPT, que até ao momento está disponível gratuitamente, é possível ter uma conversa “dita inteligente”, com quem se pode “aprender” ou “estudar” e isso “é bastante diferente daquilo a que estávamos habituados”, sublinha.

O “fascínio” pelo ChaGPT vem “do facto de que, de repente, a máquina começa-se mesmo a substituir o homem”, considera Pedro Oliveira. Isto “já não é novo” porque já se assistia à máquina a substituir o homem em “atividades de menor valor acrescentado”, como por exemplo em fábricas, mas hoje “não é assim”.

“Já são profissões de indivíduos mais sofisticados que tiveram que estudar durante mais anos. São médicos agora que estão a ser (…) desafiados em relação ao ChatGPT, profissões como professores universitários, jornalistas, que de repente, podem ver o ChatGPT a escrever as suas próprias peças, os seus próprios artigos, artistas, porque de repente é possível fazer poemas”, enfatiza Pedro Oliveira.

De uma forma geral, “quase todas as profissões (…) têm algum risco associado”, diz, dando o exemplo do que acontece com os radiologistas.“A melhor maneira de ler uma imagem médica produzida por uma ressonância magnética já é uma máquina, não é um médico. Não é o radiologista, necessariamente, que me dá o melhor resultado, porque a máquina tem a capacidade de aprender. Se calhar a máquina já leu milhões de imagens (…) e percebeu quais eram os tumores malignos e benignos”, aponta.

Aquilo que antes era feito “por pessoas, por médicos que estavam ali, pacientemente, a analisar as imagens, hoje a mesma resposta é-me dada por uma máquina de forma muito mais fidedigna” e aí “a máquina já substitui mesmo homem e agora até o radiologista”, sublinha.

A Comissão Europeia “já aprovou a utilização deste tipo de leituras para informar doentes, em particular quando os casos não são muito complexos”. Perante isto, a questão que fica no ar é: “Será que vamos mesmo todos ser substituídos por por máquinas?”.

“Não há nada como experimentar”

O dean da Nova SBE afirma, por outro lado, que “não há nada como experimentar” o ChatGPT para perceber as “potencialidades” e anunciou que a instituição vai realizar conferências em março sobre inteligência artificial (IA). Questionado sobre o que aconselharia a quem ainda não utilizou a solução de IA da OpenAI, Pedro Oliveira é perentório: “Diria que em primeiro lugar não há nada como experimentar”.

Com um browser “qualquer pessoa pode aceder ao ChatGPT”, que foi produzido pela OpenAI – Open Artificial Intelligence – e o “objetivo dessa inteligência dessa empresa é produzir modelos que sejam úteis à sociedade e torná-los acessíveis de forma gratuita e, portanto, nada como as pessoas experimentarem”, reforça o diretor da Nova SBE.

E se experimentarem “vão perceber as potencialidades daquele tipo de serviço”, sublinha Pedro Oliveira. “O que nós hoje, penso eu, temos que começar a dizer, por exemplo, nas universidades, aos nossos professores que ainda estão menos familiarizados com esta tecnologia é que têm que experimentar, têm que conhecer. E depois têm que pensar que implicações é que isto tem para as atividades deles”, defende, salientando que uma instituição universitária norte-americana foi uma das primeiras a avançar “com uma política ativa de incentivar os seus professores a familiarizarem-se com esta tecnologia”, conta.

Isso serve também para “incentivar os seus professores a repensar a forma como, por exemplo, avaliam os seus alunos, como é que vão garantir que quando se avalia o aluno estamos mesmo a avaliar o aluno, o conhecimento original que é transmitido pelo aluno e não o conhecimento que nos é transmitido por uma máquina”, explica Pedro Oliveira. Todas estas experiências “são agora muito importantes” e porque o tema da inteligência artificial é relevante a Nova SBE vai contribuir para o debate com conferências sobre o tema já em março.

O que é que as empresas e os colaboradores devem fazer em relação ao ChatGPT? “A minha principal recomendação é essa: antes de mais informem-se, experimentem, experimentem por vocês, não se deixem só assustar por aquilo que leem e depois vão ver que é fabuloso”, reforça. Para Pedro Oliveira, “não há volta a dar” a sistemas como o ChatGPT: “Acho que tentar parar isto é tão produtivo, é tão eficiente como tentar parar o vento com as mãos”.

A Nova SBE vai realizar debates sobre o tema, em parceria com a Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa (Nova Medical School), a 1 e 23 de março. Esta parceria surge “porque também são muitos os desafios para a saúde, mas para nós, no ensino, para nós, na economia, nos negócios, os desafios são gigantescos”, insiste Pedro Oliveira. Nestes debates vão estar presentes especialistas, profissionais da área da saúde, entre outros, para discutir “precisamente as implicações desta nova tecnologia”.

Aliás, “apesar de todos os desafios que vislumbramos que temos pela frente, este é um tema absolutamente fascinante e acho que a universidade tem que fazer aquilo que sempre fez: que é abraçar novo conhecimento, abraçar os novos desafios, abraçar esta nova tecnologia, enquadrá-la nas suas atividades, seja de investigação, seja de ensino, garantir que constrói em cima disso para produzir melhor conhecimento e conhecimento que permite às universidades aumentar ainda o seu o seu impacto”, defende o dean. E “esperamos que, com isto, um impacto positivo na sociedade de escolas como a nossa seja ainda maior”, remata.

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Indústria da cortiça “saca” recorde de 1.200 milhões nas exportações

  • ECO
  • 12 Fevereiro 2023

Líder mundial na cortiça, a indústria portuguesa alcançou em 2022 um novo máximo nas vendas no estrangeiro, apesar das perdas de 16 milhões de euros no mercado russo. Rolhas pesam 73% das exportações.

As exportações da indústria da cortiça superaram pela primeira vez a barreira dos 1.200 milhões de euros em 2022. Ficou 7% acima do valor registado no ano anterior e terminou o ano passado com um saldo de 960 milhões na balança comercial. Para este ano, o setor espera acrescentar 100 milhões às vendas no exterior e mantém a meta de alcançar os 1.500 milhões de exportações antes de 2030.

Em entrevista ao Jornal de Negócios e à Antena 1, o secretário-geral da Associação Portuguesa da Cortiça (APCOR), João Rui Ferreira, calculou perdas de 16 milhões de euros no mercado russo no ano em que teve início a guerra na Ucrânia – com distribuição em Moscovo e São Petersburgo, a Corticeira Amorim deu como perdida a totalidade dos saldos de clientes e stocks. As rolhas pesam 73% do valor exportado pela fileira, equivalente a 900 milhões de euros, igualmente “um marco histórico para o setor”.

Líder mundial no setor da cortiça, a indústria portuguesa estima que nas próximas duas décadas vá precisar de acrescentar 300 mil hectares de montado de sobro, estando a APCOR a trabalhar com o Governo na criação de um plano para alargar essa área reservada. Em 2022, o preço da matéria-prima disparou “25% a 30%”, devido às condições climáticas e aos custos associados à extração, com o país a precisar de importar matéria-prima no valor de 254 milhões de euros.

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Jens Stoltenberg vai deixar liderança da NATO em outubro

  • Lusa
  • 12 Fevereiro 2023

Ex-primeiro-ministro norueguês assumiu o cargo de secretário-geral da Aliança Atlântica em 2014. Enfrentou a ameaça da Rússia, geriu a crise afegã e lidou com as críticas de Trump dirigidas à NATO.

O secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, no cargo desde 2014, pretende deixar a Aliança Atlântica no final do atual mandato, que termina em outubro, anunciou este domingo uma porta-voz da organização.

“[Stoltenberg] não tem a intenção de pedir um novo prolongamento do mandato”, afirmou a porta-voz na NATO, Oana Lungescu, lembrando que o mandato do secretário-geral foi prorrogado três vezes, estando nove anos no cargo.

Em março de 2022, após a invasão russa da Ucrânia, os dirigentes da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) decidiram prolongar o mandato de Stoltenberg até 30 de setembro deste ano.

Esperava-se que o economista e político norueguês, ex-primeiro-ministro da Noruega (2005/2013) e antigo líder do Partido Trabalhista (até 2013) assumisse o cargo de chefe do Banco Central nos meses seguintes, mas acabou por desistir do cargo.

O ex-primeiro-ministro norueguês, que completa 64 anos em março, assumiu a liderança da Aliança Atlântica a 1 de outubro de 2014.

Primeiro chefe da NATO oriundo de um país que faz fronteira com a Rússia, o mandato de Stoltenberg começou praticamente ao mesmo tempo que a confrontação entre Moscovo e Kiev, alguns meses após a anexação russa da península ucraniana da Crimeia.

Com a gestão da crise afegã e das críticas norte-americanas dirigidas à NATO durante a presidência de Donald Trump (2017-2021), os nove anos são largamente marcados pelo conflito entre a Rússia e a Ucrânia, às portas da Europa.

Sob a liderança de Stoltenberg, a NATO iniciou uma profunda mudança para se adaptar e responder aos desafios impostos por Moscovo.

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Centros de formação de adultos estão sem financiamento desde 1 de janeiro

  • ECO
  • 12 Fevereiro 2023

Os centros Qualifica, que formam adultos até ao 12º ano, ainda aguardam que a Agência para a Qualificação e Ensino Profissional abra um aviso do Portugal 2030 para conseguir pagar as despesas de 2023.

Os centros Qualifica, que se dedicam à formação de adultos que queiram completar os 4.º, 6.º, 9.º e 12.º anos de escolaridade, estão a funcionar desde 1 de janeiro sem verbas. Há professores a trabalhar sem receber e já começaram a ser suspensos contratos a recibos verdes, escreve o Jornal de Notícias na edição deste domingo.

O financiamento foi assegurado por fundos comunitários do Portugal 2020 até 31 de dezembro, mas, à exceção do de Lisboa, os restantes centros aguardam ainda que a Agência Nacional para a Qualificação e Ensino Profissional (ANQEP) abra um novo aviso do Portugal 2030 para conseguir pagar estas despesas. Já o dinheiro para os formandos vem do PRR.

A agência tutelada pelos Ministérios da Segurança Social e da Educação responde que o concurso “será lançado brevemente” e garante que não está comprometido “o normal funcionamento da rede”, pois os centros “dispõem de verba” relativa ao último aviso de 2022. Porém, escreve o jornal que em alguns casos esse dinheiro ainda não chegou às instituições e noutros já está comprometido para as despesas do último trimestre.

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Empresas controlam 96% do negócio das entregas de comida em casa

  • ECO
  • 12 Fevereiro 2023

Negócio das entregas em casa já vale 852 milhões de euros em Portugal, tendo disparado nos anos da pandemia. É operado por um total de 6.687 entidades, de sociedades a trabalhadores independentes.

O negócio das entregas em casa, sobretudo de comida, é assegurado por empresários em nome individual, por trabalhadores independentes e por empresas. Estas últimas, que incluem as sociedades de intermediação entre as plataformas e os estafetas, apesar de representarem apenas 8,5% do universo total dos operadores, controlam 96% do negócio avaliado em 852 milhões de euros.

Os dados compilados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) e avançados pelo Público na edição deste domingo são referentes ao ano de 2021, em que a faturação do setor, em que operam marcas conhecidas como a Uber Eats ou a Glovo, aumentou 31,6% em termos homólogos. Comparando com o nível anterior à pandemia (2019), a subida foi ainda mais expressiva (48,2%).

No que toca ao número total de sociedades, empresários em nome individual e trabalhadores independentes que operam nesta área, que a partir de abril vai ter um novo enquadramento legislativo, os dados preliminares relativos ao mesmo ano de referência apontam para um total de 6.687 entidades, mais 2.035 do que havia em 2020 e mais 3.906 do que operavam no mercado antes do surgimento da Covid-19.

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Fotogaleria. Professores voltaram a invadir o Terreiro do Paço

Numa ação a fazer lembrar os protestos de 2008 contra Lurdes Rodrigues, cerca de 150 mil professores pediram “respeito” ao Governo, com greves ainda em curso na escola pública. Veja as imagens.

Milhares de professores voltaram a manifestar-se este sábado em Lisboa, descendo a Avenida da Liberdade até ao Terreiro do Paço, ao som de apitos e bombos, e acompanhados por um grande dispositivo policial. Na marcha encabeçada pelo secretário-geral da Federação Nacional de Professores (Fenprof), Mário Nogueira — estimou uma participação na ordem das 150 mil pessoas, o que faria desta a maior de sempre em Portugal –, pediram ao Ministério da Educação para “respeitar os professores” e “valorizar a profissão”.

O protesto foi convocado pela Fenprof, mas contou também com a participação da Federação Nacional de Educação (FNE) e de outras sete organizações sindicais, assim como da Associação de Oficiais das Forças Armadas e de representantes da PSP. De fora da organização, mas também presente, esteve o Sindicato de Todos os Profissionais da Educação (Stop), que ainda tem uma greve a decorrer nas escolas, que a partir de quinta-feira vai incluir as aulas nos serviços mínimos.

No início do ano letivo, a tutela da Educação, liderada por João Costa, decidiu iniciar um processo negocial para rever o modelo de contratação e colocação de professores, mas algumas propostas deixaram os professores revoltados, como foi o caso da possibilidade de os diretores poderem escolher parte da sua equipa. Desde então, as negociações entre sindicatos e Ministério têm decorrido em ambiente de forte contestação, com os professores a realizarem greves e manifestações.

Os docentes exigem ver recuperados os mais de seis anos de serviço congelados durante o período da troika, assim como o fim das vagas e quotas de acesso aos 5.º e 7.º escalões. Ao mesmo tempo que reivindicam direitos para quem está efetivo, também exigem melhores condições para quem ficou conhecido por “andar com a casa às costas”, com contratos consecutivos que os atiram de uma terra para outra.

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Benfica leva a referendo estacionamento pago na freguesia de Lisboa

  • Lusa
  • 12 Fevereiro 2023

Mais de 30 mil eleitores recenseados em Benfica podem participar este domingo no referendo sobre o alargamento das zonas de estacionamento tarifado da EMEL naquela freguesia lisboeta.

Os mais 30 mil eleitores recenseados em Benfica podem participar este domingo no referendo sobre a possibilidade de alargamento das zonas de estacionamento tarifado da Empresa Municipal de Mobilidade e Estacionamento de Lisboa (EMEL) naquela freguesia lisboeta.

A questão que será colocada é a seguinte: “Concorda que a Junta de Freguesia de Benfica emita um parecer favorável à colocação de parquímetros nas zonas de estacionamento de duração limitada de Benfica?”. Os eleitores recenseados na freguesia de Benfica terão que responder com “sim” ou “não”.

Na quinta-feira, o presidente da Junta de Benfica disse à Lusa que se comprometia a respeitar a decisão que saísse do referendo sobre o alargamento do estacionamento pago na freguesia, naquele que será o primeiro referendo na cidade de Lisboa.

O resultado de um referendo é vinculativo se participarem mais de metade dos eleitores inscritos. Ricardo Marques lembrou que seria “muito fácil” para si tomar “uma decisão ad-hoc sobre um determinado local na freguesia, uma rua, uma praceta, um quarteirão”, mas isso iria “empurrar o problema para a zona contígua seguinte”, explicou.

O autarca acrescentou ter atualmente duas petições na Assembleia Municipal à espera de um parecer: uma pelo sim, para a entrada da EMEL numa zona limitada, e uma outra que defende a não entrada do estacionamento pago. “No domingo, se vencer o sim, [a EMEL] entrará na zona 9F. Se o resultado for o não, (…) o posicionamento da junta é da não entrada de mais zonas em Benfica”, sublinhou.

Ricardo Marques alertou também para o facto de que freguesias que são “dormitórios residenciais” como Benfica, “a sexta zona do país com a maior densidade populacional” que carece de estacionamento, necessitam, neste campo, “de um maior investimento do município”.

“Não podemos continuar reféns nesta lógica de que a EMEL é que faz estacionamento, porque é uma empresa e assim tem sentido para gerar receita. Tem de haver investimento municipal na criação de estacionamento em profundidade ou em silos como há em ouras zonas da cidade”, frisou.

Na sexta-feira, a EMEL escusou-se a revelar se respeitará o resultado do referendo, para não “influenciar o debate”. Numa resposta enviada à Lusa, a empresa explicou estar integrada no setor público empresarial e “especialmente vinculada e comprometida com o dever de isenção imposto pelo regime jurídico do referendo local”.

“Não querendo, podendo e devendo, por qualquer forma, influenciar o debate e a campanha eleitoral”, pode ler-se na resposta, rejeitou pronunciar-se sobre o assunto antes da realização do referendo.

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Autocarro anda mais depressa que o comboio em Portugal e põe “travão” à sustentabilidade

Aposta nas autoestradas e abandono da ferrovia penalizam passageiros e empresas no transporte de mercadorias. Compare custos e tempos de viagem nas rotas do Porto, Lisboa e entre capitais de distrito.

Os comboios mais rápidos em Portugal podem andar a 200 ou mesmo 220 km/h. Um autocarro não pode andar a mais de 100 km/h. Apesar da diferença nas velocidades, os autocarros que prestam serviço expresso são mais rápidos do que um comboio de longo curso: em 59 rotas analisadas, o veículo sobre rodas chega mais depressa do que a composição sobre carris em 29 casos, segundo um levantamento feito pelo ECO.

Para esta situação contribui a aposta de Portugal nas autoestradas e o abandono da ferrovia. Na véspera da entrada para a União Europeia, em 1985, havia 196 quilómetros de autoestradas e a rede ferroviária contava com 3.607 quilómetros. Em 2021, havia 3.065 quilómetros para o alcatrão e 2.527 quilómetros para os carris. A opção penalizou os passageiros, as empresas que pretendem transportar mercadorias e ainda está a contribuir para um território “pouco sustentável”.

Os efeitos notam-se sobretudo nas travessias do litoral para o interior do país. Por exemplo, quem entrar num autocarro no Porto e for para a Guarda chega lá em duas horas e 15 minutos, pagando 14,30 euros. Se escolher o comboio, paga mais 12 euros e demora praticamente o dobro do tempo. Se o destino for Castelo Branco, demora três horas e 35 minutos de autocarro e paga 20 euros; tomando o comboio, gasta mais cinco euros, sujeita-se a uma mudança de composição e perde quase uma hora. Não chega o passageiro ter mais espaço no comboio do que no autocarro.

Quando o autocarro demora mais tempo, o preço é normalmente mais baixo. É o que acontece entre o Porto e Lisboa e entre Porto e Beja, por exemplo. O efeito é ainda mais visível desde que abriu, junto à principal estação de comboios da Invicta, o terminal intermodal de Campanhã, de onde partem os autocarros expresso para todo o país.

“A aposta na rodovia contribuiu não só para concentrar a população e a atividade económica no litoral do país, mas também para intensificar o fenómeno de suburbanização nas grandes áreas metropolitanas e ampliar as dinâmicas de expansão urbana dispersa na generalidade do território. Este modelo tem associado um conjunto de custos socioeconómicos e ambientais, de difícil reversão no curto e médio prazos”, assinala Patrícia Coelho de Melo, do Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG) da Universidade de Lisboa.

Do ponto de vista da internacionalização da economia, uma ligação ferroviária coerente à rede ibérica e europeia, a partir da região exportadora Braga-Aveiro, poderia ter diminuído a dependência do transporte rodoviário, com diminuição de custos, melhoria da competitividade das empresas e clara vantagem ambiental

José Rio Fernandes

Universidade do Porto

A especialista em Economia dos Transportes do ISEG foi uma das autoras de um estudo sobre o impacto da aposta em autoestradas entre 1981 e 2011. Neste período, o investimento em autoestradas foi quatro vezes superior ao da ferrovia: o alcatrão ficou com 28% de toda a verba das infraestruturas; para os carris restaram 7%, recorda a investigadora. Os fundos comunitários ajudaram a pagar as obras nas décadas de 1980 e de 1990; na década de 2000, entraram em cena as parcerias público-privadas (PPP).

Também as empresas saíram penalizadas por esta opção. “Há mais custos no transporte rodoviário porque é necessário comprar veículos e pagar a respetiva operação e manutenção”, nota António Fernandes de Matos, especialista em desenvolvimento regional da Universidade da Beira Interior (UBI).

A aposta na rodovia contribuiu não só para concentrar população e a atividade económica no litoral do país, mas também para intensificar o fenómeno de suburbanização nas grandes áreas metropolitanas e ampliar as dinâmicas de expansão urbana dispersa na generalidade do território. Este modelo tem associado um conjunto de custos socioeconómicos e ambientais, de difícil reversão no curto e médio prazos

Patrícia Coelho de Melo

Instituto Superior de Economia e Gestão

“Do ponto de vista da internacionalização da economia, uma ligação ferroviária coerente à rede ibérica e europeia, a partir da região exportadora Braga-Aveiro, poderia ter diminuído a dependência do transporte rodoviário, com diminuição de custos, melhoria da competitividade das empresas e clara vantagem ambiental”, acrescenta José Rio Fernandes, geógrafo da Universidade do Porto.

Patrícia Coelho de Melo acrescenta ainda que o transporte de cargas por comboio permite “obter custos unitários económicos e ambientais (por tonelada-quilómetro) substancialmente inferiores aos da rodovia“. Isto deve-se às “fortes economias de escala, menor consumo de energia e menores emissões (especialmente se for elétrico de fontes renováveis)”, o que contribui para a “redução na importação de combustíveis”. O cenário pode ainda gerar um “efeito multiplicador através de outros setores e indústrias (como a logística), bem como na sua interligação com outros interfaces de transporte como sejam os portos”.

Também a partir de Lisboa se notam as dificuldades nas ligações para o interior. Por exemplo, entre Lisboa e a Covilhã o autocarro demora três horas e 15 minutos e custa 16,5 euros. No comboio, pela Linha da Beira Baixa, paga-se mais e demora-se mais 17 minutos. Para Portalegre, a viagem sobre rodas é praticamente uma hora mais rápida (2h45) e o bilhete custa apenas mais 55 cêntimos do que na deslocação pela Linha do Leste.

Parte das linhas da Beira Beixa e do Leste foram modernizadas nos últimos anos. As obras, contudo, serviram sobretudo para repor as normais condições de circulação, em vez de aumentar a velocidade dos comboios, com a construção de variantes, por exemplo.

“O que nos traduzem os eixos onde o comboio é mais fraco que o autocarro é apenas e tão-somente um território dependente do automóvel particular. Um local que não é de todo inclusivo, não assenta em qualquer tipo de mobilidade sustentável, e paradoxalmente, por muita mobilidade que possua, não tem acessibilidade significativa“, sentencia Manuel Tão.

A substituição da ferrovia pela rodovia saldou-se por uma diminuição da qualidade das deslocações, seja em termos de frequência, seja em termos de cobertura do território: as empresas de transportes rodoviários oferecem o serviço numa lógica de mercado e não de serviço público

António Fernandes de Matos

Universidade da Beira Interior

Este especialista em transportes da Universidade do Algarve dá mesmo o exemplo da cidade de Viseu: há mais de três décadas sem comboio, com mais de 100 mil habitantes, mas que fica “pouco inclusiva e competitiva na captação de investimento, emprego e de turismo”. Viseu é uma das três capitais de distrito que atualmente não vê os comboios a passar, em conjunto com Vila Real e com Bragança. Portalegre também está num cenário semelhante porque a estação fica a mais de 10 quilómetros da cidade.

Insistindo na maioria dos centros urbanos do interior, “a substituição da ferrovia pela rodovia saldou-se por uma diminuição da qualidade das deslocações, seja em termos de frequência, seja em termos de cobertura do território: as empresas de transportes rodoviários oferecem o serviço numa lógica de mercado e não de serviço público”, complementa António Fernandes de Matos.

O forte desinvestimento na ferrovia é ainda mais visível quando se procuram viagens entre capitais de distrito no interior do país. Como as linhas estão organizadas em estilo radial e não em rede, as mudanças de comboio são obrigatórias. Entre Évora e Portalegre, demora-se o triplo do tempo de comboio do que autocarro e ainda por cima paga-se mais. Acontece o mesmo entre Castelo Branco e Portalegre, por exemplo.

Tudo seria diferente se a aposta não tivesse sido exclusiva nas autoestradas, entende António Fernandes de Matos. “O investimento na ferrovia teria contribuído para atenuar a desertificação do interior do país ao criar condições para a fixação das populações e da atividade produtiva. Também a atividade turística, sobretudo nas zonas de baixa densidade, seria positivamente afetada pela redução dos custos de transporte e, por exemplo, pela criação de circuitos turísticos ferroviários, valorizando as suas paisagens e património edificado e cultural.”

O Plano Ferroviário Nacional pretende reverter a situação até 2050, ao voltar a colocar o comboio nos distritos onde ele não passa, criar uma verdadeira rede ferroviária e ainda fazer com que a alta velocidade chegue às 10 maiores cidades nacionais. Teme-se, contudo, que o documento seja meramente orientador.

“O documento carece de uma calendarização clara e de um plano diretor financeiro que lhe dê suporte. Tem de se saber quais os montantes que o Estado lhe deverá alocar, via Orçamento do Estado e de fundos europeus, para que, pelo menos parte do que se propõe fazer venha a sair do papel”, avisa Manuel Tão.

A especialista do ISEG defende uma “abordagem integrada entre modos que se podem complementar, em que os serviços rodoviários de passageiros/mercadorias se coordenam com o sistema ferroviário de forma a garantir maior cobertura, acessibilidade e eficiência económica, social e ambiental”.

O modelo assente nas estradas mostrou-se incapaz de o fazer nas deslocações dos passageiros numa expressão significativa, suscetível de aproximar territórios, ao mesmo tempo que privilegiou uma logística desprovida economias de escala, ditando a incapacidade de muitas localizações se evidenciarem opções de investimento empresarial. Para a mudança necessária o tempo é curto. E corre contra nós

Manuel Tão

Universidade do Algarve

O Governo também defende o regresso da aposta nos carris. No entanto, o plano de investimentos Ferrovia 2020 ainda só foi executado em 15% ao fim de quase sete anos e terá benefícios marginais para os passageiros. O Programa Nacional de Investimentos 2030 pretende acelerar os comboios, mas praticamente só têm sido apresentadas as novas linhas Porto-Lisboa e Porto-Vigo, quando o documento também aponta à eletrificação da restante ferroviária nacional até ao final desta década.

Manuel Tão conclui, por isso, que “o modelo assente nas estradas mostrou-se incapaz de o fazer nas deslocações dos passageiros numa expressão significativa, suscetível de aproximar territórios, ao mesmo tempo que privilegiou uma logística desprovida economias de escala, ditando a incapacidade de muitas localizações se evidenciarem opções de investimento empresarial. Para a mudança necessária o tempo é curto. E corre contra nós.”

 

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ChatGPT é um desafio para os jornalistas

  • Lusa
  • 12 Fevereiro 2023

O presidente da APDC adverte que o sistema de inteligência artificial (IA) ChatGPT "tem o risco de as pessoas poderem pensar que se trata de algo que dá sempre respostas certas".

O presidente da APDC adverte que o sistema de inteligência artificial (IA) ChatGPT “tem o risco de as pessoas poderem pensar que se trata de algo que dá sempre respostas certas” e é um desafio para os jornalistas. Rogério Carapuça refere que a interação com o sistema é muito semelhante a um diálogo com um humano, mas as pessoas precisam de “ter o cuidado, naturalmente, de saber que estão a falar ou que estão a interagir com uma máquina e não propriamente com uma pessoa e que as respostas que estão a obter não têm que ser forçosamente exatas“.

Esta “é uma questão essencial, até para quem está na área da comunicação social, que é cada vez é mais difícil distinguir aquilo que é verdade daquilo que não é, sobretudo quando interagimos com sistemas que não dizem qual é a referência (…) da fonte da origem daquela informação“, alerta o presidente da APDC – Digital Business Community, em entrevista à Lusa.

Já quando se interage com um motor de busca tradicional, como o Google, por exemplo, este apresenta um “conjunto de respostas e as respostas dizem de onde é que aquilo vem e qual é a fonte”. Ora, “este sistema não diz qual é a fonte” e como “interage connosco de uma forma muito mais natural, nós temos o risco de lhe atribuir a credibilidade, de achar que aquilo por definição é verdade, quando isso não é o caso“, reforça Rogério Carapuça. Aliás, o próprio ChatGPT já passou em exames da Universidade de Wharton, nos Estados Unidos.

Tem o risco de as pessoas poderem pensar que se trata de algo que dá sempre respostas certas, isso não é o caso. Ele não só falha, como pode ser manipulado. E, portanto, a questão de saber se algo é verdade ou não é verdade, se nós temos fontes que corroboram aquela resposta ou não vai ser uma questão cada vez mais premente nas nossas sociedades e uma das qualidades que nós temos que desenvolver como humanos e os alunos como alunos“, entre outros, “é precisamente esta validação se aquilo que nos estão a dizer é ou não algo que possamos tomar como verdadeiro”, reforça Rogério Carapuça.

Soluções como o ChatGPT também colocam desafios à comunicação social, já que “com um sistema deste tipo será facílimo gerar notícias automaticamente que podem ou não ser verdade porque ele é muito credível do ponto de vista da interação“. Por exemplo, as deep fakes, desinformação que resulta da manipulação de imagens e áudio, em que é possível colocar imagens de uma determinada pessoa, com uma voz semelhante à sua, a dizer coisas que não disse, através de uma voz que foi gerada.

Cada vez vai ser mais difícil a gente perceber se uma determinada imagem corresponde àquela pessoa ou não, se a pessoa disse aquilo ou não e/ou, neste caso, se este sistema está a dizer algo que é verdade ou não, portanto, a nossa capacidade como humanos, de conseguir entender, distinguir o que é verdade do que não é, será cada vez mais desafiada“, antecipa o presidente da APDC, que antevê que seja “um grande desafio também aos aos jornalistas”.

Com sistemas como o ChatGPT, os jornalistas “terão aqui um bom assistente para produzir” notícias simples como o fecho dos mercados, por exemplo, mas “também há o risco de se escrever uma coisa que nem sequer é verdade”, remata.

Qualidade de interação “muito superior” à de outros sistemas

A interação do ChatGPT é “muito superior” à de outros sistemas, mas falta encontrar o modelo de negócio, nota, por outro lado, o presidente da APDC, que perguntou ao algoritmo se deveria dar uma entrevista à Lusa e a máquina anuiu. O sistema de inteligência artificial (IA) da ChatGPT tornou-se viral e neste momento está aberto o debate sobre o impacto de soluções como o ChatGPT nas várias vertentes da sociedade.

“A qualidade desta interação” com o ‘chatbot’, “autómatos com linguagem, percebe que a capacidade de expressão, a capacidade de entendimento daquilo que são as frases que nós fazemos e aquilo que ele efetivamente consegue procurar e responder é muito superior neste sistema do que naquilo que se encontra noutros sistemas desta classe”, afirma Rogério Carapuça. Aliás, “há muitos anos que existe a ideia de que nós podemos criar inteligência artificialmente para as máquinas e que elas podem exibir alguns dos comportamentos inteligentes que nós associamos às pessoas”.

Um desses comportamentos é a interação em linguagem natural, a forma como os humanos falam. “O ChatGPT permite precisamente a interação em linguagem natural, num conjunto muito diversificado de áreas (…)”, em que se pode “basicamente interagir como quiser e perguntar o que quiser a este tipo de sistema e o que ele faz é compreender a nossa pergunta, entender o que é que nós perguntamos, depois pesquisar na base de dados que possui (…) respostas plausíveis e apresentar depois também em linguagem natural” as mesmas, explica o presidente da APDC – Digital Business Community.

E, “por acaso e para transformar esta entrevista em algo mais vivo, com exemplos, eu resolvi perguntar ao ChatGPT se devia dar entrevista à agência Lusa”, relata, ao que ele respondeu: “A Lusa é a principal agência de notícias pública portuguesa, é conhecida por fornecer informação rigorosa e de grande qualidade”.

“Se você tem alguma coisa relevante ou algum conhecimento importante que se alinha com a política de cobertura noticiosa da agência, então pode ser interessante dar essa entrevista, no entanto, deve contactá-los primeiro para perceber qual é o objetivo da entrevista, qual é o foco dessa entrevista e assegurar que o seu interesse se alinha com o interesse da agência”, refere Rogério Carapuça, citando a resposta da máquina.

Mas o exercício foi mais longe e o presidente da APDC disse ao ChatGPT que o assunto era ele próprio e a resposta não se fez esperar: “Se a Lusa está interessada em compreender qual é que é a experiência de falar comigo, então pode aproveitar essa oportunidade para partilhar os seus conhecimentos sobre os benefícios e as limitações dos modelos de linguagem como eu. Pode discutir o que é que encontrou de mais interessante ao falar comigo, as suas opiniões sobre aquilo que percebeu e algumas preocupações que pode ter”. Ou seja, uma resposta que poderia ter sido dada por qualquer humano.

Rogério Carapuça desafiou ainda o algoritmo a escrever um poema sobre o sol, o que ele concretizou e que poderia ter sido escrito por um aluno do ensino secundário. Quanto aos desafios, “não há nenhuma tecnologia que não tenha problemas ou que não possa trazer problemas na sua utilização”, diz Rogério Carapuça, apontando que “tudo tem a ver com a forma” como ela é utilizada. Por exemplo, a tecnologia nuclear: tanto permite a medicina nuclear como a construção de bombas atómicas.

O ChatGPT “pode servir como um front-end de linguagem natural com outros sistemas, por exemplo, porque ele é capaz de compreender as perguntas e gerar as respostas também em linguagem natural”, refere o responsável.

Este sistema pode ser “utilizado para situações para aumentar a produtividade de quem tem que produzir informação escrita, pode ser utilizado para atendimento”, mas “também pode ter maus usos como todas as tecnologias têm maus usos, nomeadamente em situações em que nós queiramos ou que se queira fazer o sistema passar (…) por um humano (…), fazer o sistema confundir-se como um humano e produzir alguma coisa que possa ser manipulada, evitando assim o escrutínio de uma pessoa humana”, diz.

As tecnologias têm evoluído e cada vez mais vão fazendo coisas “mais sofisticadas”, sendo que a “capacidade de processamento e a capacidade de armazenamento que uma máquina consegue ter hoje em dia evoluiu de forma exponencial”, refere, aliás, desde que nos anos 1950 começaram a construir-se os circuitos integrados.

Atualmente, “temos (…) numa máquina deste tipo uma capacidade de armazenamento e de processamento infinitamente superior àquilo que tínhamos, por exemplo, no módulo que foi à Lua no programa Apollo ou num supercomputador dos anos 1980″, ilustra o presidente da APDC.

A capacidade de processamento “explodiu exponencialmente”, tal como a de armazenamento de informação “o que significa que hoje as máquinas podem e são capazes de processar a informação de forma muitíssimo mais rápida do que era aqui apenas há 10 anos”, salienta. O desenvolvimento mais recente da IA trouxe “a possibilidade de as próprias máquinas aprenderem, ou seja, em vez de nós programarmos a máquina a fazer um determinado tipo de processo, nós hoje ensinamos máquinas a aprender” o que quer que seja, explica.

De forma simples: as máquinas, armadas dessa capacidade de processamento, “e tendo acesso a uma quantidade de dados cada vez maior, são capazes de elas próprias aprenderem até nem que seja por tentativa e erro, porque podem experimentar milhões de vezes até obterem determinado tipo de soluções para os problemas”.

Depois, uma coisa é ter uma máquina a jogar xadrez e outra é a fazer uma coisa mais complexa como conduzir um automóvel. “Só para lhe dar um exemplo, se na indústria automóvel a velocidade de um carro, por exemplo tivesse o mesmo crescimento exponencial que teve a capacidade de processamento dos computadores, um carro que nos anos 50 andasse 60 quilómetros/hora, hoje chegaria a Marte em menos de 10 minutos”, diz Rogério Carapuça.

Em suma, “é esse o tipo de crescimento que a gente teve na capacidade de processamento e de armazenamento na área das tecnologias de informação e que não houve na indústria automóvel”. A natureza destes sistemas como o ChatGTP vive do acesso a muitos dados.

“As grandes empresas tecnológicas vão, obviamente, criar aplicações, criar sistemas desta classe, dando-lhes acesso à quantidade de dados que hoje nós disponibilizamos e depois com esses sistemas e com ‘interfaces’ de programação para esses sistemas, as várias empresas, as várias entidades irão desenvolver as suas aplicações práticas, umas que poderão ser (…) para serviços, de resposta ao público, outras poderão ser para traduções, outras que poderão ser para produção de textos”, diz.

Resumindo, “a gama de aplicações é, de facto, muito grande”. Agora, falta é encontrar o modelo de negócio para sistemas como o ChatGPT. “Não basta ter um sistema deste tipo, há que ter associado um determinado modelo de negócio para que ele possa vir para o terreno”, sublinha. Portanto, “hoje podemos usar o ChatGPT gratuitamente, mas seguramente vai haver aplicações que não serão gratuitas e que serão mais sofisticadas e isto terá que ter associado um modelo de negócio que ainda não tem”, salienta.

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Uma manifestação de professores em dez imagens

Os professores saíram para a rua para pressionar o Governo a aceitar a recuperação do tempo de serviço e o fim das quotas, entre outras exigências, a lembrar o que se passou em 2008.

A manifestação de professores deste sábado foi a maior de sempre em Portugal? O líder da Fenprof, Mário Nogueira, garante que sim, e aponta para um número de participantes da ordem das 150 mil pessoas, “[entre] professores, as famílias e gente solidária”. A agenda é conhecida, e as próximas reuniões com o ministro da Educação já estão marcadas.

As duas últimas grandes manifestações em Lisboa aconteceram em janeiro e foram organizadas pelo STOP, mas agora é Mário Nogueira a recuperar o protagonismo sindical, com a manifestação deste sábado. E com os serviços mínimos definidos nas escolas, os professores estão nas ruas, a pressionar o Governo para matérias como a recuperação do tempo de serviço, o fim das quotas nas progressões de escalões e os salários.

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📹 5 princípios para recorrer ao crédito pessoal sem rebentar com as suas finanças

A taxa de juro do crédito pessoal está nos 13%. É um valor muito alto para gastar em férias e outros consumos supérfluos. Mas se precisar de recorrer ao crédito, tome nota dos cuidados que deve ter.

A contratação de um crédito não deve ser tomada de ânimo leve. Sobretudo se se tratar de um crédito pessoal, onde o apelo à sua utilização é hoje feito massivamente através de e-mails e SMS apelando à sua utilização para cumprir um projeto há muito adiado ou ter as férias que sempre sonhou.

A taxas de juro máximas do crédito são definidas trimestralmente pelo Banco de Portugal. Para o primeiro trimestre, a TAEG do crédito pessoal é de 13%. Não é um bom negócio para nenhuma carteira. Mas precisando de recorrer ao crédito é importante que o faça com bom senso e disciplina para não provocar um rombo nas suas finanças pessoais. O ECO dá-lhe uma ajuda neste vídeo.

http://videos.sapo.pt/GOebvKpYBWTfriZ2HicU

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Esquerda sai à rua para pressionar Governo a ceder aos professores

  • ECO e Lusa
  • 11 Fevereiro 2023

Responsáveis do Bloco, do PCP e do Livre marcharam ao lado dos professores, pedindo ao Executivo socialista para “assumir a sua responsabilidade” e “não ficar indiferente" ao problema.

Os líderes do Bloco de Esquerda e do Partido Comunista (PCP) fizeram questão de marcar presença na manifestação nacional de professores convocada pela Federação Nacional de Professores (Fenprof), pedindo ao Governo para “assumir a sua responsabilidade” e “não ficar indiferente” às reivindicações.

Manifestação nacional de professores - 11FEV23
Manifestação nacional de professores em Lisboa.Hugo Amaral/ECO

“O Governo partiu a corda e agora precisa de assumir a sua responsabilidade, e a responsabilidade é dar condições a quem deu tudo, a quem deu tudo pelo nosso país, pela nossa democracia, e faz a escola publica funcionar todos os dias”, afirmou a líder do BE.

Catarina Martins afirmou que os professores “estão em luta pela escola pública”, que foi “desprotegida e humilhada durante tanto tempo”, considerando que “esta revolta é uma revolta sincera”. “Os professores, literalmente, pagam para trabalhar, porque andam com a casa às costas e não têm sequer despesas de deslocação pagas”, criticou.

A coordenadora do BE considerou que esta é também a “revolta do país que vê que há milhões para tudo e para mais alguma coisa”, mas “onde faltam sempre os milhões é nos salários de quem trabalha”, e apontou que “há um problema no país com uma inflação que galopa e os salários não acompanham”.

Muitas crianças não têm professor não é por causa da greve, é porque já não há professores no país porque as carreiras foram de tal forma desarticuladas e as condições da escola são tão difíceis que há muitos professores a reformar-se e os mais jovens não querem ser professores.

Catarina Martins

Coordenadora do Bloco de Esquerda

“Muitas crianças não têm professor não é por causa da greve, é porque já não há professores no país porque as carreiras foram de tal forma desarticuladas e as condições da escola são tão difíceis que há muitos professores a reformar-se e os mais jovens não querem ser professores, e com razão”, acrescentou.

Catarina Martins afirmou que “o que falha em absoluto é o Governo”, sustentando que não se pode “fazer de conta que é o ministro da Educação a negociar quando o ministro das Finanças vai e diz não vai haver aumento de despesa estrutural”. “O que o ministro das Finanças está a dizer é que quer que os professores paguem eles a inflação e a escola pública”, criticou.

Questionada se deve ser o primeiro-ministro a liderar as negociações, a bloquista afirmou que é “muito estranho” que António Costa “ainda não tenha dito uma palavra sobre a escola e os professores”, um “serviço público fundamental da democracia que precisa de resposta”.

Manifestação nacional de professores - 11FEV23
Manifestação nacional de professores em Lisboa.Hugo Amaral/ECO

Sobre os protestos destes profissionais, que já contam greves e várias manifestações nas últimas semanas, Catarina Martins assinalou que “os professores esperaram e desesperaram” e se “ficarem quietos, não é nada resolvido”.

“Faremos o nosso trabalho de forma institucional, mas fazemos também o nosso trabalho quando solidariamente estamos na rua, porque quando há uma maioria absoluta que acha que pode tudo e não ouve os professores, é também a força da rua que obriga à justiça”, defendeu, considerando que “essa força na rua faz mover maiorias absolutas e vai obrigar o Governo a ceder”.

Governo “não pode ficar indiferente” aos protestos

Também o secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, considerou esta tarde que “é justa a luta dos professores, são justas as suas reivindicações, como se pode ver por esta magnífica mobilização que está em curso”. E defendeu que o “Governo não pode é ficar indiferente ao que se está a passar também hoje [sábado] aqui na Avenida da Liberdade”, em Lisboa.

Manifestação nacional de professores - 11FEV23
Manifestação nacional de professores em Lisboa.Hugo Amaral/ECO

Uma delegação do PCP, que incluiu também a líder parlamentar, Paula Santos, esteve presente na manifestação em “solidariedade com a justa luta dos professores” e com “o respeito que merecem, mas também uma solidariedade com a escola pública, que também é isso que está em causa”.

Os professores estão a lutar por eles, mas também estão a lutar pelo futuro do nosso país, que é a educação pública.

Paulo Raimundo

Secretário-geral do PCP

Paulo Raimundo assinalou que os professores “são muitos e estão muito determinados” e salientou que esta realidade “não pode passar ao lado” do Governo, “porque só a convicção, só a justeza destas reivindicações é que permitem que esta gente toda se concentre durante várias semanas consecutivas, da forma como têm feito”.

“Estão a lutar por eles, mas também estão a lutar pelo futuro do nosso país, que é a educação pública”, assinalou. Considerando que “o Governo não tem alternativa”, Raimundo defendeu que o Governo deve “encontrar caminhos” para atender às reivindicações dos professores, e “não partir de uma premissa que os problemas são o que são e não há nada a fazer”.

As reivindicações dos professores e dos profissionais da educação são justas e tardam em ser resolvidas. É mais do que tempo de atender às reivindicações.

Isabel Mendes Lopes

Membro da Assembleia do partido Livre

Também o Livre marcou presença na manifestação. Em declarações à agência Lusa, Isabel Mendes Lopes, membro da Assembleia do partido, defendeu que as “reivindicações dos professores e dos profissionais da educação são justas e tardam em ser resolvidas”. “É mais do que tempo de atender às reivindicações”, salientou.

A dirigente do Livre, partido representado na Assembleia da República pelo deputado Rui Tavares, apontou que estes profissionais “têm sido castigados nos últimos muitos anos” e salientou o “esforço incrível que a escola pública fez para acompanhar os alunos durante a pandemia”.

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