Custo de financiamento de curto prazo dispara em leilão de bilhetes do Tesouro
Taxa exigida no leilão de bilhetes do Tesouro com maturidade a três meses passa de -0,302% para 2,568%. Na emissão a 11 meses subiu de 2,104% para 2,975%.
O custo de financiamento do Estado aumentou substancialmente nos dois leilões de Bilhetes do Tesouro realizados esta quarta-feira pela Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública (IGCP). Nos títulos com maturidades a três meses a taxa de juro média implícita fixou-se nos 2,568% e nos títulos a 11 meses subiu para 2,975%.
Os resultados na linha com maturidade em maio de 2023, onde foram colocados 450 milhões, compara com a taxa média de -0,302% conseguida a 15 de junho do ano passado, para um financiamento de 500 milhões de euros. A procura superou em 2,91 vezes a oferta.
Na linha com maturidade em janeiro de 2024, onde foram colocados 300 milhões, os resultados desta quarta-feira comparam com a yield de 2,104% conseguida a 19 de outubro, para um financiamento de 750 milhões de euros. A procura superou em 2,91 vezes a oferta. Os leilões desta quarta-feira tinham um montante indicativo de 750 a 1000 milhões.
“Se comparamos com o leilão de janeiro, que foi para prazos superiores dos atuais, 6 meses e 12 meses, verificamos que tivemos subidas significativas em ambas as maturidades”, assinala Filipe Silva, Diretor de Investimentos do Banco Carregosa, numa nota enviada às redações.
O custo das emissões no mercado primário tem vindo a subir, fruto da subida das taxas de juro de referência pelo Banco Central Europeu com o objetivo de travar a inflação, que em janeiro se situou nos 8,5% segundo a estimativa rápida do Eurostat. O aperto das condições monetárias vai prosseguir em março, sendo esperada um novo aumento de 50 pontos base, e pode não ficar por aí.
O IGCP emitiu 1.000 milhões de euros em obrigações do Tesouro com uma maturidade de nove anos e meio, na semana passada. O custo também subiu, passando de 2,68% na emissão de junho de 2022 para 3,172%.
Se tivermos taxas elevadas por um período de tempo muito longo, é possível que o custo do serviço da dívida comece a pesar mais nos resultados económicos do país.
“A subida dos prémios de risco dos países tem sido global, Portugal tem agora taxas mais elevadas para se financiar, no entanto e por força do bom desempenho da sua economia, o seu spread versus a Alemanha tem-se mantido estável e está no valor mais baixo desde abril de 2022, altura em que ainda tinha taxas negativas no curto prazo”, observa Filipe Silva. Quando comparado com os países da periferia, Portugal é o que apresenta o melhor desempenho relativo, sublinha o diretor de Investimentos do Banco Carregosa, notando, no entanto, que “se tivermos taxas elevadas por um período de tempo muito longo, é possível que o custo do serviço da dívida comece a pesar mais nos resultados económicos do país.”
(Notícia atualizada às 12h10 com comentário do diretor de Investimentos do Banco Carregosa)
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