Pesquisas sobre inflação disparam. Portugueses entre os que mais se preocupam com mexidas nos juros
Consumidores atentos à inflação podem dificultar trabalho dos bancos centrais. Portugueses começaram a fazer mais pesquisas na internet sobre a evolução nos preços a partir do ano passado.
O aumento do custo de vida que se tem vivido nos últimos tempos, nomeadamente após a saída da pandemia, fez disparar as pesquisas por inflação no Google. Os europeus estão a prestar mais atenção à evolução dos preços, o que pode trazer riscos para a atuação do Banco Central Europeu, pelo efeito das expectativas no comportamento dos consumidores. Portugal está entre os países onde o interesse sobre a inflação sobe no seguimento dos anúncios das medidas de política monetária, nomeadamente as mexidas nos juros.
As conclusões são de um estudo da Direção-Geral dos Assuntos Económicos e Financeiros da Comissão Europeia, que indica que a atenção à inflação, medida através das pesquisas na Internet, “aumentou claramente após meados de 2021 para níveis para os quais nenhum precedente (recente) existe”. O pico das pesquisas foi atingido na Áustria, em junho de 2022.
Alguns eventos chamam mais a atenção dos consumidores do que outros, sendo de notar que os portugueses estão entre aqueles que mais reagem às mexidas nos juros. O efeito dos eventos de política monetária “varia fortemente entre os países da Zona Euro”, sendo que Portugal é um dos países onde mais se nota a importância das decisões sobre a subida ou corte das taxas de juro para despertar o interesse sobre a inflação.
Além disso, em alguns países, como Áustria, Alemanha ou Portugal, “a situação económica (passada ou esperada) das famílias tem um impacto negativo significativo no interesse na inflação, ou seja, um agravamento da situação económica aumenta a atenção para a inflação”, indica o estudo.
Estas descobertas têm várias “implicações políticas”, nomeadamente por influenciar o comportamento dos consumidores. “Alta atenção à inflação por parte das famílias implica que estas são mais propensas a adaptar as opiniões sobre a inflação futura, inclusive de maneiras que podem complicar a política monetária, por exemplo se a memória do período de alta inflação introduzir vieses nas expectativas”, nota o departamento europeu.
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