Corticeira Amorim modera otimismo nas vendas e admite voltar às compras em 2023

Com alguns mercados da gigante da cortiça a atravessarem “uma fase menos favorável”, António Rios de Amorim prevê ao ECO um “crescimento moderado da faturação” em 2023, não excluindo novas aquisições.

Depois de terem superado pela primeira vez a fasquia dos mil milhões de euros em 2022, em resultado de um crescimento homólogo de quase 22%, as vendas consolidadas da Corticeira Amorim recuaram 1,4% nos primeiros três meses deste ano. Ainda assim, o presidente e CEO da Corticeira Amorim encara o resto do ano com “otimismo” e “forte determinação”, mesmo estando ciente de que “alguns segmentos onde [opera] poderão continuar a atravessar uma fase menos favorável”.

“Ainda que o dinamismo do mercado não seja o mesmo que o ano passado, acreditamos que a melhoria do mix e a evolução dos preços de venda suportarão um crescimento moderado da faturação no resto do ano de 2023”, perspetiva António Rios de Amorim, em declarações ao ECO. Em parte devido às poupanças conseguidas nos custos operacionais, com a descida dos preços da energia e dos transportes, os lucros da empresa subiram 18,2% no primeiro trimestre.

Condicionado igualmente pelo comparativo com o mesmo período do ano passado, que foi aquele em que registou um crescimento mais robusto, este recuo ao nível da faturação foi pressionado sobretudo pela área dos revestimentos (-32,8%), que viu as vendas caírem “na generalidade dos mercados” em que opera, mas em particular na Alemanha, que é o mercado mais importante para esta unidade de negócio.

António Rios de Amorim, que lidera a maior empresa mundial de produtos de cortiça, detalha que esta evolução negativa “reflete uma tendência global sentida no setor, de desaceleração da atividade, em particular no segmento de retalho/residencial”. Notando, por outro lado, que “também é verdade que existem stocks na cadeia provenientes de fluxos logísticos que decorrem da perturbação do ano passado”.

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António Rios de Amorim, presidente e CEO Corticeira AmorimHugo Amaral/ECO

Já o recuo homólogo de 6,3% nos aglomerados compósitos é explicado pela empresa sediada em Mozelos, no concelho de Santa Maria da Feira, com a redução de volumes nos segmentos de menor valor acrescentado. Neste particular, os maiores decréscimos foram registados nas áreas catalogadas como Distributors of Flooring & Related Products, nos Resilient & Engineered Flooring Manufacturers e ainda de Cork Specialists.

Por outro lado, descreve ainda o CEO da gigante da cortiça, a subida na comercialização de rolhas (5,9%) “refletiu essencialmente a melhoria do mix de produtos, tendo beneficiado ainda da evolução dos preços de venda e da valorização do dólar”. Em 2022, além da atualização de preços feita no primeiro trimestre para incorporar o aumento de custos no ano anterior, avançou nos meses seguintes com novas subidas das tarifas para os clientes, por causa dos “aumentos galopantes” na energia, matérias-primas e logística.

Rentabilidade italiana e novas “oportunidades”

Pouco mais de um ano depois de ter anunciado a compra de 50% da italiana Saci por 49 milhões de euros, António Rios de Amorim faz um “balanço muito positivo” da aquisição desta empresa que tem sede em Turim e que tem como principal atividade a produção e a comercialização de muselets, as estruturas de arame que encaixam, por exemplo, nas rolhas das garrafas de espumantes.

“A performance do Grupo SACI foi excecional e acima das nossas expectativas iniciais, não só no que diz respeito ao crescimento das vendas, mas também em termos de rentabilidade. Estamos muito satisfeitos com esta aquisição”, sublinha o CEO e presidente da Corticeira Amorim, que emprega cerca de 4.600 pessoas, das quais perto de 3.300 em Portugal.

Nos últimos 12 meses, a Corticeira Amorim, cuja origem remonta a 1870, acabou por fechar várias aquisições, num investimento total aproximado que superou os 90 milhões de euros. Outra das operações destacadas pelo empresário foi a compra de uma parte da antiga Herdade de Rio Frio, tendo em junho passado a ser a única proprietária da sociedade Cold River’s Homestead, que incluía 3.300 hectares dessa propriedade na região de Lisboa.

Segundo foi comunicado à CMVM, e com o objetivo de aumentar as áreas próprias de produção de cortiça, implementar novas técnicas de produção e gestão florestal, e “incrementar a rentabilidade do montado instalado”, finalizou por 14,6 milhões de euros a compra de 50% da participação detida pela Parvalorem – a sociedade que herdou os ativos tóxicos do Banco Português de Negócios (BPN) –, isto depois de um ano antes já ter comprado a outra metade que estava nas mãos do BCP.

Em declarações ao ECO, António Rios de Amorim assegura que a empresa continuará “atenta a oportunidades” e diz que “não [exclui] a possibilidade de realizar aquisições este ano”. “No entanto, dificilmente concretizaremos algo com a importância e dimensão das realizadas em 2022”, salvaguarda o empresário nortenho, que no ano passado sucedeu a Isabel Furtado na liderança da COTEC Portugal.

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