Candidatos à UE incluídos nas previsões da Comissão pela primeira vez. PIB da Ucrânia deve crescer 0,6% este ano

Ucrânia, Moldávia e Bósnia e Herzegovina incluídos pela primeira vez nas previsões económicas de Bruxelas. Crescimento económico vai ser moderado em 2023.

A Comissão Europeia decidiu incluir pela primeira vez nas previsões económicas os novos candidatos à União Europeia (UE): Ucrânia, Moldávia e Bósnia e Herzegovina. Ainda que a guerra apresente desafios à avaliação económica, Bruxelas prevê que o PIB da Ucrânia cresça 0,6% este ano e 4% em 2024.

“Esta previsão cobre também os candidatos pela primeira vez”, destacou o comissário europeu para a Economia, Paolo Gentiloni, na conferência de imprensa da apresentação das previsões de primavera. Os países obtiveram o status de candidato à adesão à UE pelo Conselho em junho de 2022 e dezembro de 2022.

No que diz respeito à Ucrânia, as previsões são marcadas pelo “choque causado pela economia na guerra mas também pela resiliência”, indicou Gentiloni. Assim, a economia ucraniana “deve crescer 0,6% este ano e 4% em 2024”, segundo as estimativas que devem sempre ser vistas com algum cuidado já que a situação é de muita incerteza, ressalva o comissário.

Tendo em conta esta incerteza e também as dificuldades relacionadas com gaps estatísticos, já que os países candidatos não estiveram sujeitos às mesmas regras de reporte, a abordagem nesta avaliação e projeções é mais qualitativa, indica o documento.

Na avaliação da Ucrânia, notam que é um país de rendimentos “médio-baixos com mais de 40 milhões de pessoas”. O PIB per capita em termos de paridades de poder de compra é 29,3% da média da UE, segundo dados de 2021. A falta de consenso político, interferência de alguns interesses e corrupção têm impedido a implementação de reformas estruturais no país. Terão de ser feitos progressos em áreas como estas para “alinhar o país no caminho europeu”.

A guerra vai “transformar a economia” do país e dificulta as previsões, mas a Comissão nota já a “resiliência” da economia ucraniana, sendo que os esforços para aderir à UE também devem melhorar as perspetivas. Existe pouca diversificação, com uma concentração na agricultura e mineração, sendo de notar que apesar de a força de trabalho ter qualificações, há muito emprego informal.

Neste cenário, a Comissão prevê que depois de uma queda de 29,1% em 2022, o PIB da Ucrânia vai crescer 0,6% em 2023 e 4% em 2024. As exportações devem recuperar, mas a balança comercial vai manter-se com um saldo negativo nos próximos tempos. O desemprego deverá rondar os 15% e a inflação atingir os 20%.

Volodymyr Zelensky e Ursula von der LeyenEuropean Union, 2023

Já a Moldávia também é um país de rendimentos médio-baixos com uma população de aproximadamente 2,5 milhões. O PIB per capita situou-se em cerca de 30% da média da UE em termos de paridade de poder de compra em 2021. A economia moldava também depende muito da agricultura e o mercado de trabalho tem uma taxa de participação muito baixa.

A guerra na Ucrânia teve um impacto significativo na economia da Moldávia, que foi agravada também pela seca. A Comissão prevê uma recuperação moderada em 2023, com o PIB a crescer 2,8% em 2023, ganhando mais ritmo em 2024, quando deve avançar 4,1%. A inflação ainda vai rondar os 15%, enquanto o rácio da dívida sobe para 37,3% do PIB.

Finalmente, Bósnia e Herzegovina insere-se no mesmo nível de rendimentos que os outros candidatos, ainda que o PIB per capita seja mais elevado, de 35,5% da média da UE. A inflação tem-se mantido controlada e o défice e dívida pública também estão em níveis baixos, neste país com 3,5 milhões de cidadãos.

A economia, que é pouco aberta ao exterior e novamente focada na agricultura, vai ter um crescimento moderado: 1,5% em 2023 e 2,3% em 2024, segundo as previsões de Bruxelas. A dívida deverá recuar, beneficiando de um défice mais baixo, com o desemprego a reduzir-se também para 14,5% este ano.

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