Empresas podem mostrar-se relutantes em baixar preços, alerta Banco de Portugal
Se em 2022 as empresas usaram a inflação para recuperar parte das perdas da pandemia, o Banco de Portugal alerta que agora, com o abrandamento da inflação, há a tentação de aumentar as margens.
Depois de os preços da generalidade dos produtos e serviços terem aumentado em 2022, o Banco de Portugal alerta que o abrandamento da inflação e até a correção de alguns bens intermediários poderá não se traduzir numa correção dos preços no bolso dos consumidores.
No boletim económico de junho, publicado esta sexta-feira, a instituição liderada por Mário Centeno chama a atenção para um fenómeno conhecido como “rigidez dos preços nominais” por parte de algumas empresas.
Essa situação ocorre quando as empresas se mostram relutantes em baixar os preços, apesar dos custos de produção estarem a cair (como já sucede com os custos energéticos), com o intuito de aproveitarem para aumentar as suas margens.
Segundo o Banco de Portugal, a probabilidade de não ocorrer uma inflexão dos preços é tanto maior quanto menor for o grau de concorrência do mercado em que cada empresa opera: “Em mercados mais concorrenciais — com vendas dispersas por muitas empresas e facilidade de entrada de novas empresas — será mais difícil o aumento da margem de lucro, mesmo em episódios de acomodação por parte da procura.”
Apesar de o Banco de Portugal notar que em 2022 “as empresas transferiram o choque sobre os custos de produção aos consumidores e recuperaram parte das perdas de margem de 2020”, considera que “este resultado não implica que tenha ocorrido uma alteração da estratégia de fixação de preços pela generalidade das empresas.”
De acordo com a análise dos especialistas do banco central, “a evidência microeconómica sugere que os markups [valor acima dos custos de aquisição] das empresas tiveram uma evolução diferenciada entre setores, com um aumento nos serviços e uma diminuição na indústria e construção.”
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