BRANDS' TRABALHO “Nunca senti que me fosse negada qualquer oportunidade”
Ana Rita Duarte, Diretora de Risco e Compliance na Norfin, é a última convidada do Promova Talks. Apesar de estar num setor tipicamente masculino, a responsável da Norfin nunca se sentiu discriminada.
O tema da igualdade de género é o mote da série “Promova Talks”. Trata-se do espaço de debate do Projeto Promova, uma iniciativa da CIP – Confederação Empresarial de Portugal, que visa sensibilizar para o tema e alargar o acesso das mulheres a cargos de liderança nas empresas portuguesas.
Ana Rita Duarte, Diretora de Risco e Compliance na Norfin, foi a última convidada da segunda temporada do “Promova Talks”. A “sorte” que foi tendo no seu caminho profissional, o acaso que foi chegar a um setor tipicamente masculino no mercado de trabalho e as mudanças que tem visto a acontecer para que mais mulheres cheguem a cargos de direção foram alguns dos temas abordados na conversa deste 12º episódio. Veja, abaixo, a entrevista completa.
Rita, tem mais de 20 anos de experiência no setor da gestão e consultoria e dedicou os últimos 10 anos ao setor financeiro. O que a motivou a querer fazer parte de um mundo onde o sexo masculino costuma prevalecer?Eu poderia dizer que tinha tudo planeado e que defini bem a minha carreira, com muitos bem objetivos, mas não foi nada assim. As oportunidades foram aparecendo e eu fui construindo o meu percurso como toda a gente, com altos e baixos, com dúvidas, com medos, com ansiedades, mas superando e fazendo escolhas que construíram aquilo que é hoje a minha carreira. Já tenho experiência em muitos setores e acho que isso também é uma mais valia. E, apesar de depois ter ido parar a um mundo tipicamente masculino, pessoalmente nunca senti que me fosse negada qualquer oportunidade ou que tivesse sido preterida em alguma situação. Se calhar também tive alguma sorte de ter encontrado pessoas que reconheceram em mim algum potencial e que acharam que eu poderia evoluir e ir assumindo cada vez mais desafios.
No website da Norfin são apresentadas as pessoas que fazem parte da equipa e fica evidente que há um número maior de homens (48) do que de mulheres (22) e que são os homens que ocupam os cargos altos da empresa. Por que acha que isto acontece?É verdade. Efetivamente, as áreas onde a Norfin atua, como fundos de investimento, áreas de construção e desenvolvimento, são áreas tradicionalmente associadas a um perfil masculino, mas nós já estamos a trabalhar para mudar isso. Estamos conscientes, a empresa está consciente, o grupo a que pertencemos está consciente da importância da diversidade e, no último ano, por exemplo, já foram contratadas mais mulheres para cargos de direção em detrimento de homens. E, mesmo ao nível das promoções, no ano passado também mais mulheres foram promovidas a cargos de chefia em comparação com os homens. Nós tentamos ter algum equilíbrio porque sabemos que a diversidade é importante, que a complementaridade de perfis e a heterogeneidade de pensamento também permite criar aqui maior valor para os projetos que nós temos sobre gestão, portanto estamos conscientes e estamos a trabalhar neste sentido.
Acha que a sua participação na 2ª edição do Projeto Promova pode ser uma resposta a esse cenário?É uma resposta, com toda a certeza. E isso demonstra que a empresa também está consciente da necessidade de fazer algo nesse sentido. Nesta nova edição, eu sei que estão a participar mais duas pessoas, portanto vamos ter mais duas embaixadoras deste projeto com uma nova missão pela frente. O Promova é mais uma das ações que vai promover aqui a possibilidade de mais mulheres evoluírem no sentido de ocuparem cargos de maior liderança e responsabilidade.
Para além do Projeto Promova, que ações a empresa tem levado a cabo para promover a igualdade de género?Para além do Promova, temos um programa interno de identificação de pessoas de elevado potencial. Posso partilhar aqui que, neste programa de identificação de pessoas de elevado potencial, as mulheres destacam-se e estão em maior número. E, para além disso, temos uma política de diversidade e de inclusão do grupo, que tem como grande objetivo o aumento das mulheres em funções de liderança.
E para a Rita, um ano depois do término da passagem pelo Promova, pode dizer que a participação neste projeto levou a que houvesse um antes e um depois diferentes na sua vida?Posso dizer que, para mim, o projeto foi muito impactante. Eu fui um bocadinho à descoberta, sem saber bem ao que ia e impactou-me a vários níveis – pessoais, profissionais. Foi muito emocional. Choramos e rimos, tivemos sessões em que partilhamos experiências profissionais e pessoais. Acho que foi muito rico. Mas, se calhar, também tive a sorte de ter um grupo extraordinário e o prazer de ter conhecido mulheres maravilhosas neste caminho, que me ensinaram muito e que vão ficar para a vida. Sei que posso contar com elas porque estão sempre ali. Também acho que me ajudou a validar alguns opções em termos de carreira e verificar que é importante nós mantermos consistência no nosso trabalho, sermos fiéis aos nossos valores e defender aquilo em que acreditamos. E, no fundo, que não estamos sozinhas nesta caminhada. Partilhamos dificuldades, anseios, medos, e isso é muito importante para evoluirmos.
E houve algumas ferramentas que este projeto lhe tenha dado que fizeram a diferença na sua vida profissional?Sim. Tive algumas ferramentas importantes, como ter uma mentora, que foi bom para mim, para partilhar formas e abordagens, saber como abordar determinados temas, de como gerir conflitos internos, foi muito importante ter essa ajuda e essa colaboração personalizada.
Que mensagem gostaria de deixar às futuras participantes da 4ª edição do Projeto Promova?Aproveitem ao máximo o momento e a experiência porque passa rápido. Pensem que não estão ali por acaso e que foram selecionadas por algum motivo, que têm um propósito de fazer a mudança, de agitar as águas, de serem um exemplo para outras mulheres e contribuir para este projeto, para que cada vez mais mulheres possam aceder a lugares de topo. Também pensar aqui que este projeto não acaba, é só o início de tudo.
Ouça aqui o episódio:
O Projeto Promova conta com o apoio da ANA Aeroportos, da EDP, da Randstad e da SONAE.
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